Prefeitura de Anápolis aguarda retomada das obras na Ferrovia Norte-Sul
O início da implantação da ferrovia foi há 32 anos e até hoje não terminaram as obras
Dayrel Godinho
Especial para O Hoje
Na esperança de que iniciem as obras tão logo, a prefeitura de Anápolis está no aguardo para que seja assinado o contrato para a retomada das obras na Ferrovia Norte-Sul (FNS), que está parada no município. O início da implantação da ferrovia foi há 32 anos e até hoje não terminaram as obras.
A nova esperança para que o novo sistema modal comece a distribuir a produção feita pelo Estado foi que no último dia 27 de março. Naquela data a concessionária Rumo S.A, representada pela corretora Santander, arrematou por R$ 2,7 bilhões o trecho de 1,5 quilômetros da Ferrovia Norte-Sul (FNS), que vai de Estrela d’Oeste (SP) a Porto Nacional (TO).
O contrato, porém, ainda não foi devidamente assinado. No entanto, em sua última visita à capital, no dia 31 maio, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) teria firmado um acordo como o prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PTB), para que vá ao município assinar o contrato de terceirização da ferrovia. Eles se encontraram durante um evento da igreja Assembleia de Deus e também almoçaram juntos, naquele dia.
Naquela data, inclusive, foi o próprio prefeito quem anunciou que o presidente estará no município para a assinatura do contrato. “Em breve [Bolsonaro] vem à Anápolis assinar o contrato de terceirização da FNS, que passa aqui pela nossa cidade”, disse o petebista em sua rede social. “É muito bom saber que temos um presidente da República comprometido com a cidade de Anápolis, a ponto de dizer que é apaixonado por ela assim como nós somos”, concluiu.
O governador Ronaldo Caiado (DEM) também ressaltou a importância da ferrovia. “É importante que a gente possa desenvolver esse país, esse Centro-Oeste”, afirmou o governador. Ele também anunciou que o presidente também deve anunciar uma nova ferrovia, que deverá ser assinada a partir do mês de julho, onde ela ligará a região do Mato Grosso, de Água Boa, até a região entre Mara Rosa e Campinorte. A “ferrovia Leste-Oeste” que, de acordo com o governador, fará um eixo transversal, a Ferrovia Norte-Sul. “Será exatamente a ressurreição do Vale do Araguaia, do Norte goiano, do oeste também e do leste do Mato Grosso”, destacou Caiado na época.
Início das Obras somente após a assinatura
Ainda sem assinar o contrato, não há uma data certa para que sejam iniciadas as obras. No entanto a prefeitura de Anápolis, os governos estadual e federal, além da concessionária vencedora do leilão, têm interesse no início das obras.
Em nota, o Ministério da Infraestrutura (MI), responsável pelo leilão da ferrovia, respondeu que somente após a consagração da terceirização as datas, tanto de término, quanto de início das obras serão definidas pela vencedora do leilão.
Ainda segundo o MI, após a assinatura, a Rumo S.A ficará responsável de todas as questões envolvendo as obras a partir da assinatura do contrato, que está previsto para acontecer em agosto.
Procurados, a Rumo S.A. afirmou que não pretendem se manifestar até a assinatura do contrato.
A Rumo, no entanto, destacou a importância do leilão da ferrovia. Em nota, a concessionária ressaltou que foi um passo para o “desenvolvimento da infraestrutura brasileira”. Ainda de acordo com a concessionária, a ferrovia terá um papel importante para a produção agropecuária de Goiás, Tocantins, Minas Gerais e leste do Mato Grosso, aumentando a competitividade do agronegócio nacional.
Conforme a posição da Rumo, o papel deste novo sistema modal permitirá que cargas gerais e industriais poderão ser transportadas por contêineres nessa ferrovia e destacou o potencial para garantir ciclos virtuosos de desenvolvimento econômico, geração de empregos e redução do Custo Brasil.
Empresários aguardam retomada das obras
Em entrevista para O Hoje, empresários goianos acreditam que, com o novo sistema de transporte de cargas, haja uma maior economia e uma diminuição no “Custo Brasil”. Para eles, os valores são embutidos em custos para a produção e para o transporte, que muitas vezes são passados para o consumidor.
Outra questão bastante importante que os goianos têm como visão de que com a retomada das obras, pode haver um incentivo para que os empresários voltem a investir no Estado, por estar em uma posição geográfica que será bastante importante para o transporte das cargas.
De acordo com o presidente do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Célio Eustáquio de Moura, esta construção é extremamente importante para a indústria para o Estado de Goiás. “Só de retomar as obras, já incentiva os empresários a virem para cá”, afirmou o presidente. Para ele, isto se dá porque com o novo sistema modal, haverá um barateamento nos custos do transporte.
Eustáquio também acredita que, com o final das obras, Goiás estará bem à frente dos outros estados, “ainda mais se houver uma ferrovia que ligue o Anápolis ao estado do Mato Grosso”, que também é prevista, como adiantado pelo próprio governador de Goiás.
Também ligada à indústria, a Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial) exaltou a operação de retomada das obras na ferrovia Norte-Sul que, de acordo com a associação, vai representar um grande avanço para a economia goiana, consolidando um modal logístico que vai trazer mais competitividade para nossa produção.
Para a Adial, cabe ao setor produtivo e governos aproveitarem esta oportunidade para que, em conjunto, seja fomentado um novo salto de desenvolvimento no Estado, estimulando novos investimentos para ampliar e diversificar nossa economia. Ainda segundo a Associação, as perspectivas são extremamente positivas com o leilão da concessão da Norte-Sul, e estão aguardando que seja definido em breve a localização dos terminais de carga, que precisam ser implantados rapidamente.