UFG pode paralisar suas atividades por falta de recursos
A Universidade chegou ao fim deste semestre com severas dificuldades e sem previsão de recursos
Daniell Alves
A Universidade Federal de Goiás (UFG) divulgou ontem que irá adotar novas medidas de racionamento e redução de serviços em função do bloqueio de recursos de 30% do governo federal. De acordo com a instituição, caso o quadro não se reverta, a única alternativa será a paralisação total das atividades de ensino, pesquisa e extensão, acarretando graves prejuízos à comunidade acadêmica.
Já que o orçamento disponível não será suficiente para custear as despesas da instituição, a unidade informa que novas medidas de racionamento e redução de serviços estão sendo analisadas e implementadas. Com relação às alternativas para reduzir os gastos, a Universidade afirma que ainda não tem nada definido. “A única coisa que a gente sabe é que, com a verba disponível, não dá para chegar ao final do segundo semestre”, afirma a instituição por meio de nota.
Em nota, a UFG ressalta que tem trabalhado para aperfeiçoar os instrumentos de gestão orçamentária e financeira para garantir o funcionamento das atividades. “Com o bloqueio de 30% do orçamento pelo governo federal no mês de abril, a UFG chegou ao fim do primeiro semestre de 2019 com severas dificuldades para a manutenção das atividades meio, como contratações e aquisições, porém preservando as atividades fins: ensino, pesquisa e extensão”, diz a nota.
A reitoria da UFG diz que estariam reservados cerca de R$ 39 milhões para os próximos meses, valor considerado metade do orçamento anual previsto em lei para a instituição. Desses recursos, aproximadamente R$ 27 milhões destinados ao custeio estão bloqueados. O número representa um déficit de 69% para o pagamento de serviços essenciais, como energia, água, segurança e limpeza, além do pagamento de parte das bolsas de ensino, pesquisa e extensão a alunos de graduação e de pós-graduação.
Para a Universidade, investir na educação garante formação de qualidade das futuras gerações e contribui com o desenvolvimento social, econômico e cultural do Estado de Goiás e do país. “Significa reforçar a sua função social, consubstanciada na construção de uma sociedade justa, cidadã e democrática. Investir na universidade pública implica uma postura ética de inclusão social, que coaduna com valores pautados pela diversidade cultural, pelo pluralismo de ideias e pelo respeito aos direitos humanos”, frisa a escola superior.
Agora, o objetivo da Reitoria da UFG é intensificar as ações em parceria com o governo federal de forma articulada com as demais universidades federais, a Andifes e entidades da sociedade civil e parlamentares.
Bloqueio orçamentário do IFES
Em abril deste mês, o Governo Federal bloqueou no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) 30% do orçamento de todas as IFES – Instituições Federais de Ensino Superior do país. Logo após a divulgação do bloqueio orçamentário, as universidades federais iniciaram uma intensa mobilização para reverter esse quadro.
O reitor da UFG, Edward Madureira, ressaltou, na época, que a verba de custeio prevista para 2019 era de R$ 90 milhões e a de investimento, R$ 8,2 milhões. “Num orçamento já insuficiente para realização dos compromissos assumidos para funcionamento da universidade, bloquear 30% decreta a absoluta inviabilização do funcionamento da universidade”, alertou o reitor da UFG, Edward Madureira, quando os cortes aconteceram. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)