Meio ambiente: Brasil perde R$ 287,6 mi em investimento estrangeiro em uma semana
Após declarações de Bolsonaro, Alemanha e Noruega cortaram recursos. Especialistas alertam para impacto no consumo dos produtos do país. Foto: Pixabay
Aline Bouhid
Após declarações controversas do presidente da República, financiadores de projetos de preservação da Amazônia cortaram R$ 287,6 milhões em investimentos apenas nesta semana. Em muitos países, como na Europa, o reconhecimento de respeito ao meio ambiente e de produção sustentável representa muito. Quando os conceitos são colocados em segundo plano, os mercados se fecham.
O professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e da Universidade de São Paulo (USP), Rui Tavares Maluf frisa que os “estragos” pelas declarações do presidente podem ser irreversíveis. “Não contribui em nada para a política externa. Naquilo que diz respeito rigorosamente ao meio ambiente, mas também ao mercado, que leva em consideração as exportações de mercadorias sobre as quais há dúvidas de como elas foram produzidas e industrializadas”, destaca. O ambientalista acredita que, além do corte de recursos, as falas de Bolsonaro afetam as exportações. “O Brasil perde qualidade da imagem e fica associado à degradação ambiental. Isso é muito perigoso a médio prazo”, avalia.
“Medida compatível”
O governo brasileiro não vê problemas no recrudescimento da Alemanha e da Noruega. O Ministério do Meio Ambiente sustentou, em nota, que os cortes são naturais. “A suspensão das doações é medida compatível com esse período de renegociação das regras de governança do fundo”, resume o texto. Ontem (16), o Instituto de Pesquisa Imazon publicou um relatório que aponta crescimento de 66% do desmatamento da Amazônia Legal em julho de 2019, em comparação com o mesmo mês de 2018. Os dados também mostram um aumento de 15% entre agosto de 2018 e julho de 2019.
De acordo com o relatório, o desmate na Amazônia Legal no período de um ano foi de 5.054 quilômetros quadrados. A área equivale a quase totalidade do território do Distrito Federal, com 5.760 quilômetros quadrados, segundo números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pauta ambiental está ao centro de uma crise no governo de Bolsonaro. A divulgação de números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que mostram o aumento do desmatamento no país desagradou ao presidente. Bolsonaro acusou o ex-diretor do órgão Ricardo Galvão de agir a serviço de organização não governamental (ONG) internacional. O desentendimento público acabou em demissão.
* Com informações da AE e Agência Brasil