Indígenas questionam laudo de morte por afogamento de cacique no Amapá
Por nota, organização afirma indignação com a conclusão do exame necroscópico da Polícia Técnica do Estado. Foto: divulgação.
Da redação
A organização Articulação dos
Povos Indígenas do Brasil (Apib), que defende direitos dos índios no país, questionou
o resultado da perícia no corpo do cacique Emyra Waiãpi feito pela Polícia
Técnica do Amapá (Politec-AP). Segundo a conclusão dos especialistas, a causa
da morte foi por afogamento. O corpo do líder indígena foi encontrado no dia 23
de julho, na Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá.
Por meio de nota publicada nesse
fim de semana, a entidade comentou que “é com completa indignação que recebemos
a notícia do laudo sobre a morte do cacique Emyrá Wajãpi, no qual o órgão nega
os indícios de assassinato e afirma que o exame sugere fortemente a ocorrência
de afogamento”. A Apib pediu ainda no documento a continuação das investigações
policiais e que sejam de forma responsável para evitar uma possível “guerra e
mais derramamento de sangue seja evitado”.
Após a morte do cacique, indígenas
denunciaram às autoridades a presença de garimpeiros na terra e o líder tinha
sido assassinado por invasores. Na época, as lideranças de todas as aldeias da
terra indígena (Conselho das Aldeias Waiãpi-Apina) também asseguraram que Emyra
Waiãpi foi assassinado. À PF argumenta que foram apresentados testemunhas do
suposto crime.
Por outro lado, a Apib vê
contradição nas informações da PF, como os relatos de índios que disseram ter
visto cerca de 50 homens armados na região. Os comentários desses testemunhos em
vídeos foram divulgados nas redes sociais pela prefeita de Pedra Branca do
Amapari, Beth Pelaes (MDB), e pelo coordenador do município, Kurani Waiãpi.
O exame necroscópico foi
divulgado, na última sexta-feira (16), pela Polícia Federal (PF). O qual não constou
nenhum ferimento que possa ter causado a morte do líder indígena. A PF ainda
aguarda o laudo complementar toxicológico, a previsão é que fique pronto nos
próximos 30 dias e, assim, possa auxiliar na investigação.
Funai
A Fundação Nacional do Índio
(Funai) já havia informado, via assessoria de comunicação, que deve continuar
acompanhando as investigação da PF, órgão compete para apurar os fatos narrados
pelos índios, com o apoio dos servidores locais da fundação indigenista. Em relação
a integra do laudo, as assessorias da PF e da Polícia Técnica afirmaram que não
será ainda divulgada. (Agência Brasil).