Três pessoas morrem por dia enquanto pedalam no Brasil
No ano passado, 11.741 ciclistas foram internados após sofrerem algum tipo de acidente o que gerou um custo de mais de R$ 14 milhões ao SUS. Foto: Wilson Dias / Agência Brasil.
Jorge Borges
Nesta segunda-feira (19), é comemorado o Dia Nacional do Ciclista. A data entrou no calendário oficial do Brasil em homenagem ao biólogo brasiliense Pedro Davison, de 25 anos, que morreu atropelado em 2006, em Brasília, enquanto pedalava numa via expressa da capital federal.
O propósito da criação deste dia (sancionado pela criação de uma lei em 2018) é estimular o uso da bicicleta, a cidadania e a mobilidade sustentável e plural, além de aprimorar e criar novas oportunidades para promover a educação para a paz no trânsito.
Contudo, será que realmente há motivos para comemorar? Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) nos dizem que não. Os índices são assustadores.
Segundo a pesquisa, três ciclistas morrem por dia no Brasil. Só no ano passado, 11.741 foram internados após sofrerem algum tipo de acidente enquanto pedalavam, o que gerou um custo de mais de R$ 14 milhões ao Sistema Único de Saúde.
Um relatório divulgado pelo banco Itaú apresenta os resultados da Pesquisa Nacional sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro em 2018. O trabalho realizou mais de 7.600 entrevistas em todo o País, e de acordo o estudo, mais de 46% dos entrevistados utilizam a bicicleta como meio de transporte os sete dias da semana e 82% a utilizam como único modo de transporte nos trajetos semanais.
O documento aponta que quase 76% utilizam a bicicleta como meio de locomoção até o trabalho, seguido de lazer / encontro social com 61,9%, compras (55,7%) e por último escola/faculdade (25,4%).
Entre os entrevistados, 38,4% afirmam que a principal razão para utilizar a bicicleta como meio de transporte, é a rapidez e praticidade na locomoção. A pesquisa mostrou ainda, que eles consideram a falta de segurança no trânsito (40,8%) e a falta de infraestrutura adequada (37,9%), os principais problemas enfrentados pelos ciclistas brasileiros.
Questionados sobre o que os fariam pedalar ainda mais, 47,6% disseram que isso aconteceria se houvessem mais e melhor infraestruturas adequadas, seguido de mais segurança / educação (30,3%).
Situação em Goiânia
Existem três formas de demarcação do transporte cicloviário, as ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. Goiânia possui as três: São cerca de 25,02 quilômetros de ciclovias, que são um espaço separado fisicamente para o tráfego de bicicletas que conta com um isolamento impedindo o contato com os demais veículos. Esse tipo de segregação é encontrado em avenidas e vias expressas, pois protege o ciclista do rápido e intenso trânsito.
A ciclofaixa, como próprio nome diz, é uma faixa de separação pintada na própria via, geralmente implantadas em locais com trânsito calmo e, por ser mais simples, é mais barata. As ciclofaixas são as menos utilizadas na Capital, contando somente com 18 quilômetros de percurso, sendo o principal entre o Parque Vaca Brava e o Zoológico.
Enquanto isso, as ciclorrotas consistem em um caminho que pode ou não ser sinalizado. Não é uma faixa ou um trecho separado da via, mas conta com indicações e sinalizações que determinam o percurso. Em Goiânia é a forma mais utilizada, com mais de 40 quilômetros e trechos de até 3,9 quilômetros.
Segundo dados divulgados pela Prefeitura no fim do ano passado, a Capital conta com 25,02 quilômetros de ciclovia e cerca de 60 quilômetros de ciclofaixas e ciclorrotas. Porém, esse número deve aumentar de acordo com informação da assessoria da Prefeitura de Goiânia, que confirmou a intenção do prefeito Íris Rezende (MDB) em fazer interligações com as ciclovias existentes e ampliar algumas áreas.