‘A Décima Quarta Estação’ estreia nesta terça-feira (1º)
Inspirado no conto de Miguel Jorge, espetáculo apresenta um assassinato que ocorreu em Catalão
Guilherme Melo
Extraindo uma realidade local, a Ópera ‘A Décima Quarta
Estação’ entra em cartaz nesta terça-feira (1º), às 20h, no Teatro Goiânia. Sob
a regência do maestro Eliseu Ferreira, o espetáculo é
inspirado no conto, de mesmo nome, do escritor Miguel Jorge.
A apresentação conta com a condução da Orquestra Sinfônica de Goiânia, o
Coro Sinfônico é regido por Katarine Araújo, e a direção cênica é de Jonatas
Tavares, reunindo mais de 120 pessoas.
Para Miguel Jorge,
uma ópera é a ocasião para se debater teatro, música, dança, literatura, em uma
análise positiva em termos culturais. “É mais que uma obra aberta em execução”,
afirma. “Quando escrevi o libreto transpondo para o palco essa tragédia em
quatorze estações, pensei também numa visão mais ampla do que acontecia em
tempos passados, numa tradição ampla que concebe a universalidade dos conceitos
humanos”, revela o escritor.
Segundo a produtora, Laila Santoro, o projeto existe há 13
anos e conseguiu recentemente o insentivo para sair do papel. “Tudo começou
quando a professora Custódia Annunzitta,
da PUC-Goiás, teve acesso ao texto e, consecutivamente, convidou o autor para
escrever uma ópera. Desde então, o projeto vem procurando fundo para conseguir
chegar aos palcos”, comenta Laila.
Laila conta que após “baterem em diversas portas”, a ópera
saiu do papel com apoio da Lei Goyazes, entre outras parcerias. “A cultura está
vivendo um momento complicado e esta montagem só foi possível porque tivemos
parceiros que ajudaram. Estamos animados com o projeto, que representa uma
visão do Estado de Goiás”, revela a produtora.
A idealizadora revela que a ópera é uma tragédia baseada em
fatos reais, que ocorreu no interior de Goiás há muito tempo atrás. “Miguel
Jorge conta que criou essa história da década de 1930, quando viajou para
Catalão (GO) com um grupo de jovens amigos escritores. Ele viu essa
história, que ficou gravada na sua cabeça e, passado um tempo, escreveu
o conto para hoje, ser adaptada em uma ópera ”, disse.
A histórica conta a com Antero, um farmacêutico que vivia
num mundo violentamente contrário às suas aspirações humanitárias e políticas;
definido como homem focado nas expressões verdadeiras do bem fazer, distribuía
remédios aos que necessitassem. Então, ainda nesta ótica, surge a figura do
Coronel Rufino, o mandachuva, que, por ciúmes e pelo temor de perder o poder
político ao simples farmacêutico, mandou prendê-lo e açoitá-lo pelas ruas até a
última estação, a décima quarta.
A versão original da obra, ‘Décima Quarta Estação’, foi publicada no livro ‘Avarmas’, editora
Ática, em São Paulo, no ano de 1980. O livro foi premiado no III Concurso
Nacional de Contos, realizado pela Caixa Econômica Federal e pela Secretaria de
Cultura do Estado de Goiás. Recentemente, a história que se passa no interior
de Goiás foi adaptada, pelo próprio autor, para ópera.
Biografia
Miguel Jorge nasceu
em Campo Grande(MS), mas se mudou para Goiânia ainda cedo. Formado em Farmácia e Bioquímica pela UFMG,
Direito e Letras Vernáculas pela UFG e Literatura Brasileira e Goiana pela UCG.
Miguel possui numerosa e eclética obras, que vai do romance à dramaturgia, da
poesia ao roteiro de cinema. Seu romance ‘Veias e Vinhas’ (Ática, 1981) foi
adaptado em 2006 para o cinema.
Títulos conhecidos: ‘Avarmas’ (Ática, 1978), ‘Asas de
moleque’ (FTD, 1989), ‘Profugus’ (Kelps, 1990) e ‘Pão cozido debaixo de bras’
(Mercado Aberto, 1997 – Prêmio Machado de Assis da BN). Já dirigiu duas vezes o
Conselho Estadual de Cultura, em Goiânia, onde reside. Também foi por duas vezes presidente da UBE,
seção de Goiás. Dirigiu também por duas vezes o Conselho Estadual de Cultura e
integra os quadros de críticos de arte da ABCA e AICA e ocupa a Cadeira de
número 8, na Academia Goiana de Letras.
(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje, sob orientação do editor Lucas de Godoi)
SERVIÇO
‘Décima Quarta Estação’
Quando: terça-feira (1º) e quinta-feira (2), às 20h
Onde: Teatro Goiânia (Avenida Tocantins esq. c/ Rua 23, Nº 252, Centro de Goiânia)
Ingressos: R$ 20 (inteira)