E se seu pet pudesse viver para sempre? Empresa chinesa estuda método
Logo após confirmar a clonagem de um gato, a China investe em perpetuar a memória e personalidade dos pets. Foto: Pixabay
Aline Bouhid
Desde que foi anunciada a clonagem da ovelha Dolly em 1996, o mundo viu surgir a possibilidade de vencer a morte. E se seu pet pudesse viver para sempre? A empresa chinesa, Sinogene Biotechnology Company, pretende clonar memórias de cães e gatos para novos corpos clonados. Para o projeto, serão usadas técnicas de inteligência artificial, que simulam o funcionamento do cérebro e prometem armazenar as memórias antes de serem transferidas.
Corpos de animais clonados não é novidade, mas agora a ciência deseja ir além – implantar memórias de animais de estimação nesses corpos clonados. A ideia desse novo tipo de clonagem surgiu após descobrirem que animais clonados criam suas próprias memórias e uma nova personalidade. Embora não seja possível dizer se isso é tecnologicamente possível, o fato de a Sinogene estar investigando isso pode ser considerado um sinal de que há uma demanda por animais de estimação que sejam idênticos — tanto no corpo quanto na mente — aos seus antecessores.
Controvérsias
A clonagem de animais de estimação é muito controversa e gera debates intermináveis. Os cientistas alegam que os animais clonados não são tão saudáveis, com vida útil mais curta do que os nascidos naturalmente, enquanto alguns ativistas argumentam que a clonagem de animais de estimação é antiética dado o número de animais que precisam de casas.
Ainda assim, isso não impediu a cantora Barbra Streisand, o executivo britânico Simon Cowell e um número incontável de não-celebridades de gastarem milhares de dólares para que seus amados animais de estimação parecessem trazidos de volta à vida.
Enquanto isso, Garlic (gato chinês clonado recentemente) tem apenas um mês e a Sinogene diz que já tem “vários” donos de animais prontos para pagar aproximadamente US$ 35.400 (R$ 148 mil, na cotação atual) para ter seus próprios pets clonados.
No Brasil, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnológicos anunciou, em 2001, o nascimento da bezerra Vitória, o primeiro clone da América Latina. Em 2003, ocorreu outro marco para a ciência no Brasil: o nascimento do primeiro clone a partir de células somáticas de um animal morto. Isso abriu caminho para conservação e melhoramento de recursos genéticos animais e a recuperação de animais de alto valor produtivo e também de animais ameaçados ou já extintos.
A União Europeia alegou que “a clonagem animal coloca em risco o bem-estar dos animais por conta da baixa eficácia da técnica”. Desde 2015, proíbe o comércio de clones e qualquer derivado. No Brasil, a clonagem humana é proibida por meio da Lei n° 11.105/2005, mas a clonagem de animais é permitida. Existem empresas que fazem clonagem comercial de bovinos e equinos, além do armazenamento celular de animais e produção in vitro de embriões. O custo pode chegar a 100 mil reais.
* Fonte: Futurism/Revista Exame