Guilherme Melo

Ambientada no clássico estilo do dia das bruxas, a festa Halloween
chega a sua 20ª edição neste fim de semana. O evento reúne anualmente uma média
de 5 mil pessoas de Goiânia e região metropolitana, além de visitantes de
outros estados, como Tocantins e São Paulo, e do Distrito Federal. Neste ano, a
festa está separada em dois eventos, o primeiro no sábado (19), com a festa
tradicional de pop e eletrônico, a partir das 22h, no clube da Transbrasiliana.
A outra será domingo (20), a partir das 12, um after, totalizando cerca de 20
atrações.

Segundo a empresária e organizadora da Halloween, Érica Lins,
o evento surgiu a partir do desejo da comunidade LGBTQI+ de existir um espaço
de convivência e diversão saudável. “No fim dos anos de 1990, não existia
espaço para os gays e toda a comunidade se divertirem. Em Goiânia tinha no
máximo uma boate e alguns bares que aceitam o público LGBTQI+ . Por meio disso
surgiu a ideia de fazer uma festa de fantasia, que assim todos poderiam
participar e se divertir, principalmente as pessoas da comunidade”, conta Érica
ao Essência.

A produtora, ainda ressalta a ideia de que na época, poucas
pessoas eram assumidas. “Existia muito preconceito, hoje ainda existem, mas em
1999 era mais escancarado. As pessoas não tinham confiança e nem apoio para se
assumirem e viverem suas vidas tranquilamente. Quando eu vi isso, percebi uma
oportunidade para que as pessoas se sintam seguras para serem elas mesmas”,
revela a organizadora.

Além disso, Érica pondera a oportunidade para pessoas de
outras cidades. “Se em Goiânia, que é a capital, existe preconceito e intolerância,
imagina nas cidades do interior! A Halloween acabou se tornando um ponto de
fuga para pessoas que ainda não tem a oportunidade de serem elas mesmas. Então
a festa celebra a diversidade, a tolerância, a música e os LGBTQI+”, comenta
Érica.

Mesmo sendo um evento para a comunidade, a produtora reforça
que o foco do evento é a diversidade. “A festa é aberta para todos, inclusive é
voltada para todos. Para que a Halloween consiga alcançar seu objetivo, deve
existir a convivência entre heteros e homos, negros e brancos, homens e
mulheres”, alerta.

20 anos

Para a edição deste ano, Érica conta que selecionou atrações,
repertório, iluminações, efeitos e um cardápio específico. “Todos os anos eu
procuro ofertar para o público aquilo que eles querem. Os participantes de 20
anos atrás, em sua grande maioria, mudaram. Então a festa precisa acompanhar as
gerações. No ano de 2017, conseguimos trazer a cover brasileira da Lady Gaga,
faz o maior sucesso (risos)”, explica.

Érica conta que as alterações realizadas afetam diretamente
as atrações, por isso todos os anos é apresentado um ‘cardápio’ variado. “Nas
primeiras edições, a música eletrônica era a grande novidade, e isso fazia
sucesso. De uns seis anos para cá, o público tem me pedido o pop, que está em alta”,
cita. É por isso que na edição de 20 anos, a pista interna  clube da Transbrasiliana será voltado para o
pop e funk. Já a pista externa, conta com o tradicional som eletrônico.

Uma fada

Entre as atrações deste ano, está a cantora Lorena Simpson, que
é uma das principais vozes para comunidade LGBTQI+ do Brasil. Ela se destacou
na house music brasileira, nos anos 2000, com ‘Can’t Stop Loving You’, ‘Brand
New Day’ e  ‘This Moment’. Natural de
Manaus, a cantora, dançarina, compositora e coreógrafa, iniciou sua carreira
como bailarina e coreógrafa da cantora Kelly Key em 2006. Dois anos depois, em
2008 ela se lançou  em carreira solo e
ganhou fama pelos singles.

Lorena conta, em entrevista ao Essência, que quando
começou a carreira não esperava tanto sucesso. “Quando eu comecei a comer
carreira de cantora, mais ou menos 2008 -2009, a gente não esperava na verdade um retorno que
teve. E assim surgiu uma carreira nacional e internacional”, comenta. A artista
completou dez anos de estrada, em 2018, e revela que foi um momento de
reflexão. “Tive muitos momentos de reflexão e de olhar pra trás e em se admirar
a história que a gente construiu. Sabe então comemorar dez anos de carreira e
ter sempre retorno a respeito das pessoas e isso é muito lindo e gratificante”,
conta.

A artista é considerada uma ‘fada gay’, uma pessoa que apóia
a causa, e conta que sempre teve o apoio da comunidade. “Depois de dez anos
cantando em inglês eu experimentei e lancei algumas coisas em português. Tive
uma receptividade muito boa dos meus fãs, e também de novos, novas pessoas ou
admiradores do trabalho que não conheciam até então”, revela.

Lorena conta que foi um prazer ser convidada para celebrar a
festa, junto com seus fãs goianos. “Eu amei o convite por vários motivos, adoro
Goiânia e tenho vários amigos de daí. Com
todos esses anos de carreira e com muitos shows marcantes acontecidos nessa
cidade, acredito que será mais um que será numa superfesta. Então estou
superansiosa pra encontrar tanta gente e curtir esse momento”, revela.

SERVIÇO

20º Halloween Goiania

Quando: sábado (19), a partir das 22h, e domingo (20), a
partir das 12h

Onde: Clube da Transbrasiliana (Avenida Perimetral Norte, Nº
9.109, Setor Empresarial – Goiânia)

Mais informações: www.sympla.com.br/halloween-goiania__606556

(Guilherme Melo é estagiário do jornal O Hoje, sob
orientação do editor Lucas de Godoi)