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quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Educação

Cresce procura por ensino a distância

Aulas facilitadas com auxílio de aparatos tecnológicos permitem que estudantes façam ensino superior

Postado em 21 de outubro de 2019 por Sheyla Sousa
Cresce procura por ensino a distância
Aulas facilitadas com auxílio de aparatos tecnológicos permitem que estudantes façam ensino superior

Daniell Alves 

A oferta de vagas para cursos de graduação na modalidade Educação a Distância (EaD) superou o número de vagas disponíveis do ensino presencial. Levantamento feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) aponta que, no ano passado, foram ofertadas 7,1 milhões de vagas nos cursos de educação a distância e 6,3 milhões em cursos presenciais. O número de cursos EaDs cresceu 50% em um ano, passando de 2.108 em 2017 para 3.177 em 2018.

Isso faz com que os estudantes possam ter uma formação de ensino superior com horários flexíveis e em qualquer lugar. Atualmente, as faculdades a distância contam com um grande suporte tecnológico para garantir a realização dos cursos. A modalidade também possibilita que moradores da zona rural concluam uma graduação.

“Quando decidi fazer EaD já sabia que meu trabalho presencial seria no vespertino, então organizei minhas manhãs com a rotina de mãe, dona de casa, esposa e gestora do condomínio onde moro”, afirma a estudante do 4º período de Pedagogia, Naira Andrija, de 41 anos. Aluna da Universidade Estácio de Sá, ela diz que estuda, em média, duas horas pela manhã e no decorrer do dia lê os textos e assuntos relacionados ao curso.

Esta é a segunda graduação de Naira, que sentiu necessidade de progredir na carreira. O ensino a distância foi a melhor alternativa que ela encontrou. “Eficaz e eficiente, pois faz o aluno buscar conhecimentos e ir além da sala de aula. Ele deixa de ser mais passivo e se torna mais ativo”, comenta ela.

Segundo ela, uma das vantagens é poder aprender a ser autodidata, já que há várias opções de estudos (vídeos, leituras) de acordo com o perfil do aluno. E possível “assistir as aulas quantas vezes precisar, não perder tempo no trânsito com transporte, menor custo (alimentação, lanches) por não ter que se deslocar”, diz Naira.

A estudante Sarah Costa, de 20 anos, ingressou em uma faculdade presencial neste ano no curso de psicologia. Após certo período, ela conseguiu desconto para cursar gestão de recursos humanos, só que na modalidade EaD. Entusiasmada com a ideia, decidiu fazer duas graduações ao mesmo tempo. “Não só eu, mas outras pessoas escolhem graduação a distância porque trabalham o dia inteiro e não têm um tempo para ir à faculdade”, explica ela.

O ensino a distância permite que os alunos estudem a qualquer momento do dia e em qualquer lugar, já que as atividades são realizadas por meio de uma plataforma on-line. Sarah consegue conciliar o trabalho com os dois cursos. “Na presencial você está lá juntamente com o professor e à distância você está com o seu computador em um momento que você se sente confortável. Eu faço a presencial no horário estabelecido, que é às 19 horas, e à distancia faço a hora que eu quiser, no almoço, no trabalho”, diz.

“Tudo depende do estudante. Não adianta fazer uma presencial se não for para se aplicar. Mas, se faz a distancia e se dedica, com certeza a pessoa consegue se qualificar e se tornar um bom profissional”, comenta ela. 

Características essenciais

Segundo o Instituto Tecnológico do Estado de Goiás (ITEGO) são características essenciais para a formação de alunos na modalidade EaD a proatividade e o trabalho de forma planejada, fatores reconhecidos e valorizados pelo mercado. “Além disso, o aluno é acompanhado por um corpo docente altamente qualificado no âmbito acadêmico e com conhecimento da prática de mercado nas respectivas áreas de atuação”, explica.

Moradores da zona rural

As razões que levaram Bianca Gonçalves, de 21 anos, a ingressar em uma instituição de ensino superior a distância são bem diferentes dos motivos de Sarah. Ela mora na zona rural, em Abadia de Goiás, e não conseguiria chegar no horário estabelecido pela instituição. Atualmente, a estudante cursa licenciatura em pedagogia, se dirigindo à sede da universidade apenas uma vez na semana – o que facilitou, e muito, a sua vida. 

“Não é fácil, eu trabalho seis horas por dia, das 08h às 14h30. Como eu pego ônibus, chego em casa por volta das 17 horas. Nos dias que preciso ir à faculdade, saio direto do serviço, passo na casa de uma amiga, me arrumo e vou. Já nos outros dias, saio do serviço, chego em casa e faço minhas tarefas on-line”, conta.

“O estudo a distância proporciona uma forma de aprender, sem que o aluno tenha a obrigação de se deslocar até algum local, podendo ter acesso à aprendizagem, no conforto e segurança da sua própria casa”, afirma o ITEGO.

Carga horária

Por determinação do Ministério da Educação (MEC), os cursos a distância precisam ter pelo menos 20% da carga horária em atividades presenciais. Isso significa que, obrigatoriamente, o aluno precisa ir à faculdade ou ao polo de apoio algumas vezes ao longo do semestre.

Bianca explica que todas as atividades têm data de validade para serem entregues. Por isso, ela sempre verifica se tem alguma aula em vídeo ou algo avaliativo. “Uma das vantagens é que eu tenho tempo e posso estudar tranquilamente, sem ninguém me atrapalhando”, diz.

Já os trabalhos são sempre em grupo, da mesma forma que são feitos nas graduações presenciais. “Tem slide, eu e os participantes do grupo nos reunimos e estudamos para produzir o que será apresentado”, comenta. Por outro lado, a estudante afirma que prefere estudar presencialmente. Essa foi a única alternativa que ela encontrou para ter uma formação em um curso de ensino superior.

Desse modo, como destaca o Itego, o estudante tem a possibilidade de obter uma profissão e/ou qualificação profissional de alta qualidade com a facilidade do tempo flexível. “Ele mesmo estipula os horários adequados para acessar o Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizado – AVEA”, cita. 

MPF recomenda suspensão de novos cursos da saúde 

O Ministério Público Federal (MPF) recomendou ao MEC, na última semana, para que a pasta suspenda, imediatamente, a autorização para funcionamento de novos cursos de graduação na área da saúde na modalidade EaD.

O pedido é para que a suspensão seja mantida até que seja concluída a tramitação do Projeto de Lei 5414/2016, que trata do tema, ou até que haja a devida regulamentação do art. 80 da Lei 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) sobre desenvolvimento do ensino a distância.

O credenciamento de Instituições de Educação Superior exclusivamente para oferta de cursos de graduação na modalidade A distância foi autorizado pelo Decreto nº 9.057, de maio de 2017. 

Diretrizes

O ato não prevê tratamento diferenciado para cursos voltados ao campo da saúde. No entanto, de acordo com o MPF, o ensino para essa área temática conta com diretrizes específicas e já anteriormente aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS). “Há Resolução CNS 350, de junho de 2005, por exemplo, determina que a abertura de cursos no campo da saúde somente pode serem feitos pelo MEC caso não haja objeção pelo Ministério da Saúde e do próprio Conselho Nacional”, explica. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)  

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