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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
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História

Prefeitos tiveram dificuldades para ter autonomia administrativa

Goiânia demorou para consolidar autonomia administrativa

Postado em 24 de outubro de 2019 por Samuel Straioto
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Samuel Straioto

Goiânia completa nesta quinta-feira (24), 86 anos. A capital goiana tem autonomia administrativa e financeira. Para ser ter ideia, hoje a média de orçamento é de cerca de R$ 5 bilhões nos últimos anos. Mas nem sempre foi assim, apesar de ter sido concebida para abrigar a nova sede administrativa e política de Goiás, Goiânia demorou para alcançar autonomia.

A Pedra Fundamental foi lançada em 24 de outubro de 1933. Pedro Ludovico Teixeira era o interventor de Goiás, nomeado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas. A ideia era transferir a capital por motivos políticos, econômicos, administrativos e geográficos da Cidade de Goiás. 

De 1932 a 1935, a capital não contou com a administração. O primeiro prefeito, Venerando de Freitas Borges, foi nomeado por Pedro Ludovico Teixeira, somente em 5 novembro de 1935. Ele ficou no cargo até 20 de novembro de 1945, dez anos depois. Goiânia sequer contava com uma sede própria.  O Palácio das Campinas, demolido para revitalização da Praça Cívica foi doado já nos anos 60.

Goiânia tem uma caraterística peculiar. De acordo com o historiador Givaldo Corvino, diferente de outras cidades, Goiânia já foi criada na condição de cidade, antes mesmo de passar pelo posto de distrito, o que é comum. Palmas no Tocantins e Brasília no Distrito Federal teve de passar por esse estágio.

Nas primeiras décadas, Goiânia tinha status de cidade, mas na prática não tinha autonomia financeira. Nos anos 50, com a perspectiva do desenvolvimento do Centro Oeste e posteriormente na década seguinte com a construção de Brasília, Goiânia veio a experimentar um grande crescimento populacional, o que provocou uma necessidade de uma melhor organização. 

“Sobre os prefeitos de Goiânia, cabe apontar que a grande parte deles se notabiliza como indivíduos que articulam a administração do município com planos estaduais, onde a cidade acaba sendo vista como um departamento do governo estadual, não um ente interdependente. Assim, Venerando, por exemplo, organiza a cidade mais sob a ótica do plano estadual do que no âmbito municipal”, explicou o historiador.

A “independência” goianiense vem com Hélio de Seixo Brito. Prefeito eleito em 1961, ele fazia oposição ao governo estadual. Como prefeito, considera-se uma nova etapa de Goiânia, independente de tutela do Estado, conforme o jornal Folha de Goiás. Ele além do Código Tributário, procurou dotar a cidade de condições administrativas e técnicas sem elaboração do depender do Governo estadual a que se opunha. No entanto, enfrentou grandes resistências.

Em entrevista ao jornal O Hoje, o prefeito Iris Rezende (MDB), que sucedeu Hélio Seixo de Brito e voltou a prefeitura na década passada e novamente ocupa o cargo, explicou que uma das medidas que teve de tomar foi a elevação de impostos. Ele relatou que as pessoas não gostaram, mas que houve a necessidade para garantir a arrecadação e asfaltar boa parte da cidade.

Vigilância 

Além das dificuldades, administrativas e financeiras, Goiânia enfrentou nos primeiros anos uma vigilância externa. Na era Vargas e no período da ditadura militar, Goiânia ficou numa constante vigilância do governo federal.

“A grosso modo, nos períodos entre 1935-47 e 1969-85, a política tem uma forte centralização, fazendo assim que as questões municipais estivessem submetidas as demandas do governo federal. Mesmo no período do regime militar, isso ainda é verdade já que governador também é uma indicação federal” destacou o professor.

De acordo com o professor, a cidade é muito próxima da capital federal, já teve histórico de resistência.  Ele relatou que era um canal importante para o abastecimento de Brasília. Tudo isso, além da sanha de vigilância que se desenvolveu pelo grupo que estava no poder, fazia com que a cidade de Goiânia fosse muito vigiada.

Após o regime militar, o primeiro prefeito eleito é Daniel Antônio que aparece como um político que ganha destaque num cenário conflituoso, dos anos finais do regime militar. Nesse sentido, a imagem dele acaba congregando a tensão, a esperança de transformação e mesmo o conflito do período. Daniel acabou sendo afastado do cargo, voltou ao posto por pouco tempo até a eleição de Nion Albernaz.

Passado o período de dificuldades administrativas e da vigilância, Goiânia foi se consolidando como centro do poder e da economia goiana, ainda que ao completar 86 anos ainda há questionamentos sobre o papel da cidade.

 

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