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domingo, 24 de novembro de 2024
Cidades

Comer fora pode driblar alta do gás

Sindicato da categoria afirma que procura pelo botijão caiu 20% desde o primeiro aumento

Postado em 25 de outubro de 2019 por Sheyla Sousa
Comer fora pode driblar alta do gás
Sindicato da categoria afirma que procura pelo botijão caiu 20% desde o primeiro aumento

Igor Caldas

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) anunciou o aumento no preço do gás de cozinha residencial (GLP) em 5% nas distribuidoras, desde a última terça-feira (22). Segundo o presidente do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás da Região Centro Oeste (Sinergás), Zenildo Dias do Vale, a procura pelo gás residencial caiu de 15% a 20% desde o primeiro aumento no preço do produto, em março deste ano. Muitas pessoas estão optando por pagar por uma refeição pronta.

O economista Marcus Teodoro explica que o preço do gás depende do mercado internacional do petróleo e da cotação do dólar. “O preço do dólar caiu, mas se você comparar com o valor da moeda há três meses, verá que houve um pequeno aumento. Outra coisa que afeta o preço do gás são os impostos. Goiás tem uma das cobranças de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços [ICMS] mais caras do país”.

De acordo com Zenildo, 20% das distribuidoras de gás em Goiânia são clandestinas. “Já é a terceira vez que o preço do gás sobe este ano. Isso estimula os distribuidores à fecharem o CNPJ e continuarem a trabalhar no clandestino para cortar o custo de impostos, que são caríssimos. Eu não culpo a categoria. Eles vendem um botijão de gás de manhã para poder dar de comer à família à tarde”.

Zenildo afirma que cada vez menos pessoas procuram o gás de cozinha. “O que antes era um produto essencial na casa do brasileiro, está ficando em segundo plano. Algumas pessoas estão preferindo pagar para comer fora de casa. Preferem pegar uma quentinha porque o preço de tudo aumentou. Inclusive de supermercado”. Ele ainda afirma que o aumento do gás é um sintoma da fragilidade econômica na casa do brasileiro.

A cabeleireira Giovana Freitas acredita que vale mais à pena comer fora. Ela afirma que, dependendo do lugar onde se opta para almoçar, o preço pode ficar mais barato do que comprar os ingredientes e cozinhar em casa. “Perto do meu trabalho eu tinha parceria com um restaurante e pagava R$ 6 na refeição todos os dias. Mesmo se optar pelo almoço em restaurantes mais caros em alguns dias da semana, você corta despesas de casa como supermercado, gás, água consumida para lavar louça. Acaba que fica quase a mesma coisa”.

O contador Thiago Santana almoça em restaurantes todos os dias. Ele afirma que hoje em dia está valendo à pena pagar por uma refeição fora de casa. “Acho que o custo benefício de comer fora é maior. Pelo preço do gás, e dos produtos no supermercado, você não consegue comer com variedade de pratos todo dia. Se for pra economizar, vai acabar comendo muito da mesma coisa”. Ele ainda afirma que faz compras grandes em supermercados atacadistas e tem que comprar gás de cozinha porque sua esposa cozinha todos os dias para seus filhos em casa.

 Botijão pode chegar a R$ 90 para entrega

Segundo o Sindigás, os aumentos são médios, pois o valor terá variação, para maior ou menor, dependendo da área de distribuição nacional. O preço para o consumidor final poderá ser distinto, pois as distribuidoras acrescem ao percentual de aumento dos custos com mão de obra, logística, impostos e margem de lucro. Zenildo afirma que o preço do gás deve ficar em R$ 78 para entrega em Goiânia. No entanto, alguns consumidores já chegaram a pagar mais de R$ 90 antes do anúncio deste aumento.

O contador Thiago Santana afirma que ele também gosta de cozinhar, mas faz isso aos finais de semana como lazer. A última troca de botijão que ele fez custou R$ 80. “Eu gosto de fazer comida como lazer. Tem que ser alguma coisa que eu goste e não pode ter pressa no meio. Acho bom para descontração”. Ele ainda afirma que também pede bastante comida por aplicativos. “Quando eu começo a pensar em cozinhar para jantar, sou coagido por mensagens dos aplicativos de entrega de comida oferecendo mil promoções e cupons de desconto, aí eu cedo. Fica mais em conta”.

O economista Marcus Teodoro afirma que as pessoas têm usado substitutos para driblar o preço do gás de cozinha. Uma das opções seria comer fora ou pedir comida por aplicativos. “Hoje existem inúmeros aplicativos de entrega de comida e a concorrência entre eles está fazendo com que ofereçam muitos descontos para quem quer pedir comida. A pessoa recebe a refeição em casa e economiza tempo na preparação do alimento e limpeza da cozinha. Economizar tempo é economizar dinheiro”.

Os companheiros de mesa diários de Thiago Santana são o advogado, Moabe Alves e o engenheiro, Thiago Caetano. Eles também acham que vale mais à pena comer em restaurantes do que almoçar em casa. Moabe afirma gosta de jantar em casa, mas sempre cozinha pratos que podem ser preparados com rapidez, como macarrão. “Eu almoço fora, pela praticidade, variedade e logística. Fica muito corrido voltar para casa e cozinhar. Também acho se for para comer bem e com versatilidade todos os dias, ia ficar mais ou menos o mesmo preço que cozinhar em casa”.

  Variedade de pratos atrai consumidores  

Thiago Caetano aposta na versatilidade de pratos que pode comer diariamente almoçando em restaurantes diferentes. “O que eu mais gosto de comer fora é a variedade. Você acaba gastando um pouco a mais, mas além de economizar tempo, não enjoa da comida”. Ele e os amigos vão em restaurantes diferentes ao longo da semana. Thiago mora com sua mãe, que também opta por almoçar fora.

O engenheiro afirma que já fez o teste de contratar uma cozinheira que preparasse refeições em casa para esquentar a comida congelada ao longo da semana. “Ficou um pouco mais barato, mas você acaba perdendo na questão da variedade. Os pratos não variavam muito e eu acabei enjoando do tempero”.

Gás industrial

Ludmilla Castro mora em um condomínio onde o gás é canalizado.  Dessa forma, todos os moradores usam o gás proveniente de botijões industriais armazenados no condomínio e pagam pelo metro cúbico usado no mês. O gás industrial sofreu um aumento menor, de 3% no preço repassado ao consumidor. Mesmo assim, Ludmilla ainda prefere comer fora. “Lá em casa a gente pagou cerca de R$ 30 na conta do mês passado. Achei caro porque a gente é adepto de comer mais comidas cruas do que cozidas. Vale mais à pena comer fora”, avalia.

Outro fator que motiva Carmenita Segatade à almoçar com sua filha em restaurantes é a questão do desperdício. Ela ainda afirma que economiza tempo e trabalho comendo fora.

 

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