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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024
Tradição

Presépios representando o nascimento de Cristo ganham as praças e ruas de Goiânia

O costume de representar o dia do nascimento de Jesus sai das casas dos goianos para decorar as ruas da Capital – Foto: Wesley Costa.

Postado em 14 de dezembro de 2019 por Sheyla Sousa
Presépios representando o nascimento de Cristo ganham as praças e ruas de Goiânia
O costume de representar o dia do nascimento de Jesus sai das casas dos goianos para decorar as ruas da Capital - Foto: Wesley Costa.

Igor Caldas

No Brasil, além das tradicionais árvores de Natal, é comum que a decoração das casas nesta época do ano venham acompanhadas do presépio. Em Goiânia, os presépios foram montados em todas as decorações natalinas produzidas pelo poder público, as igrejas mais tradicionais da Capital também têm a representação montada nos altares. Essa tradição existe em todo mundo desde o século 13 e cidadãos goianienses dividem opiniões sobre a continuidade desse costume.

Arestídes Fulano, de 71 anos, é católico e acredita na importância da montagem do presépio para reforçar a tradição natalina. O aposentado cresceu em zona rural e ressalta que viu um presépio montado pela primeira vez depois que se mudou para cidade. “A gente morava em fazenda e não tinha muito essa tradição de decoração com luzes, árvores e presépio de Natal. A gente enfeitava a casa com folhas de palmeiras e a tradição dessa época do ano era mais focada em rezas e novenas”, lembra o aposentado.

Ele se mudou para Goiânia com a família ainda jovem, e desde então, passou a ver sua casa na cidade mais decorada. “Depois que a gente veio para cá, meus pais começaram a valorizar mais a decoração natalina, além de continuarem com as orações nessa época do ano. Mas a tradição acabou desaparecendo depois que eles morreram. Eu não decoro mais minha casa no Natal”.

Mesmo sem usar decoração em casa, Arestídes ressalta a importância da montagem de presépio dentro das igrejas. “A gente percebe que é tradição das Igrejas Católicas em montarem os presépios nos altares. O Santuário da Sagrada Família, a Igreja Matriz e as igrejas em Trindade sempre têm presépios muito bonitos”. O aposentado revela que se sente bem quando observa as figuras que representam o nascimento de cristo. “Quando a gente vê, lembra de Deus e o quanto ele é maravilhoso”, afirma.

No entanto, Arestídes diz que não é apenas em sua casa que a tradição da montagem de presépios morreu. “Hoje em dia, as pessoas não dão mais muito valor a isso. Essa questão vai do gosto de cada um e já não está presente no gosto popular. Ainda me lembro do presépio mais lindo que eu já vi. Foi na Praça Cívica. Atualmente, a decoração de Natal na cidade anda muito fraquinha”, critica.

A dona de casa Marízia Barbosa também acha que a tradição de montagem de presépios e decoração natalina está acabando. Ela mesma afirma que já montou presépios em casa, mas hoje em dia não monta mais. Na tarde da última sexta-feira (13), resolveu levar seus dois netos para visitar a decoração da Praça Cívica. Eles estavam animados e tiravam muitas fotos na infraestrutura montada exclusivamente para as festas de fim de ano.

“Acho importante levar as crianças para ver de perto essa prática. Os jovens de agora não estão dando continuidade a esse tipo de coisa. Vim trazer eles aqui para tentar fazer diferente e ver se animam de continuar essa tradição no futuro. Hoje as crianças têm muito pouco acesso a esse tipo de coisa”, explica. Marízia recorda que a primeira vez que viu um presépio foi na época da creche, quando ainda era criança.

Ela usa sua história de infância como exemplo para ilustrar como o costume de decoração de Natal mudou nos dias atuais. “Na minha época era muito diferente. Todo mundo se envolvia para fazer um Natal mais bonito a cada ano. Hoje, parece que não é a mesma coisa. Quando a gente era criança fazíamos teatro do presépio. Eu mesmo já atuei como José de Nazaré”. A dona de casa afirma que o contato com essas representações ajudou a construir seus valores religiosos.   

A estudante de Engenharia Thainá Prando Basto, não concorda que a tradição de montagem da representação do nascimento de cristo esteja morrendo. Ela afirma que a primeira vez que viu um presépio foi na sua escola. “As crianças precisam da figuração do presépio para entender o que significa o Natal. É uma questão didática, quando elas assimilam que a data comemora o nascimento de Jesus, conseguem aprender sobre o significado da comunhão que acontece na festa”.

 A história dessa tradição de Natal

Há muitos anos, numa cidade chamada Nazaré, uma jovem chamada Maria, muito religiosa e de bom coração, foi escolhida para ser a mãe do Filho de Deus. Conta a Bíblia que Jesus nasceria para livrar os homens dos pecados e espalharia lições de amor às pessoas. Maria se casou com José, um marceneiro bom e justo. Grávida, precisou viajar com o marido para a cidade de Belém – para participar de um recenseamento obrigatório (como se fosse um censo, uma pesquisa para saber quantas pessoas viviam na região). A viagem, feita a cavalo, foi bastante longa e cansativa.

Ao chegarem a Belém, a cidade estava muito cheia e não havia mais quartos em hospedarias para que pudessem descansar. O único lugar que encontraram foi uma estrebaria (lugar onde os animais ficam). Naquela noite, lá mesmo, Maria deu à luz o Menino Jesus. Ele nasceu num lugar muito simples, ao lado de animais como burros e bois. Foi visitado por pastores da região, e dias depois, por reis magos, vindos de longe, guiados por uma estrela no céu.

Essa história, superconhecida, aconteceu há mais de 2 mil anos e conta como foi o nascimento de Jesus Cristo, o homem que, para os cristãos, é o salvador do mundo.

Um dos costumes do Natal é representar essa história por meio dos presépios.Em desenho, escultura ou pintura, o presépio é uma representação do nascimento de Cristo e sempre traz a manjedoura onde Jesus nasceu, os animais que estavam presentes, os três reis magos e os pais do Menino, José e Maria.

Primeiro presépio

A tradição de se montar um presépio teve início com São Francisco de Assis, no ano de 1223. Foi nessa época que, lá em Greccio (cidade perto de Roma), na Itália, São Francisco queria mostrar aos camponeses como tinha sido a noite do nascimento de Jesus, mas não sabia como fazer. Foi aí que teve a idéia de pegar argila e montar vários bonequinhos de barro.

Fez Maria e José, depois um bebê, um burrinho, alguns pastores, um boi, três reis e uma estrela. Arrumou tudo em volta do bebê e conseguiu, então, explicar o que queria, de uma forma bem fácil. 

Depois desse dia, a tradição de montar presépio ganhou o mundo. Chegou ao Brasil no século 17. O religioso Gaspar de Santo Agostinho montou o primeiro em Olinda, Pernambuco.

Diferentes tipos

Hoje existem presépios de todos os tamanhos, jeitos e formas – de barro, de madeira, porcelana, casca de coco, pinhão, areia, palha de milho, osso, pano, ferro, tijolo e até de chocolate. Ano passado, na cidade do Porto, em Portugal, foi feito um presépio de 12 toneladas de chocolate. Demorou seis meses para ficar pronto e entrou para o Livro dos Recordes. 

Outro presépio diferente foi feito este ano, de areia, em Maringá, no Paraná. Ele tem imagens de Maria, José e do Menino Jesus esculpidas em dois metros de areia. A obra de arte pode ser visitada durante todo o mês de dezembro. 

Natal

O Natal é comemorado sempre na noite do dia 24 para o dia 25. As pessoas costumam se reunir em família para se confraternizar, comer coisas gostosas, trocar presentes e lembrar Jesus e seus ensinamentos. E por falar em troca de presentes, essa é uma das partes que as crianças mais gostam. Como o Menino Jesus recebeu presentes ao nascer, agora costumamos trocar presentes, nem que sejam lembrancinhas, nessa data tão especial.  (Especial para O Hoje)  

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