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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Descaso

Moradores reclamam de mato alto, em Aparecida de Goiânia

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia ainda explica que a obrigatoriedade de limpeza dos lotes é do proprietário

Postado em 27 de dezembro de 2019 por Sheyla Sousa
Moradores reclamam de mato alto
A Prefeitura de Aparecida de Goiânia ainda explica que a obrigatoriedade de limpeza dos lotes é do proprietário

Igor Caldas

Quem percorre as ruas do bairro Residencial Caraíbas de Aparecida de Goiânia pode achar que está caminhando por trilhas dentro da mata. Os bairros vizinhos como Residencial Por do Sol, Residencial Norte-Sul, Residencial Araguaia, Residencial Serra das Brisas estão nas mesmas condições. Os locais acabam virando ponto de descarte ilegal de lixo que acumula água e pode se transformar em foco do mosquito da dengue. Segundo moradores da região, a vegetação alta continua na época da estiagem e se torna alvo de incêndios que geram fumaça e agravam problemas respiratórios.

Um dos lotes onde a vegetação abunda está localizado na esquina da Rua Jacarandá com Avenida das Palmeiras no Residencial das Caraíbas. Alcimar Nascimento mora no bairro desde 1998. Ele afirma que vê a roçagem da prefeitura no lote vizinho da sua casa apenas duas vezes por ano. “O dono não limpa. A prefeitura vem roçar aqui só de vez enquando e cobra a taxa no imposto”.

O mato alto facilita para bandidos esconderem seus crimes. Alcimar afirma que uma das vezes em que o poder público limpou o lote, uma moto furtada foi encontrada. Apesar da ação pontual, falta atenção e zelo com a área pública. “No máximo duas vezes. Acho que não vem em janeiro, não”, explica sobre o descaso que os moradores sentem no bairro.

Alcimar tem esperanças de que as coisas mudem no próximo ano. O motivo do otimismo são as eleições. “Todo ano de eleição as coisas mudam da água pro vinho. O mato fica roçadinho, os políticos aparecem para virem abraçar a gente, conversar e enganar todo mundo de novo. A história é sempre a mesma”.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Aparecida de Goiânia informa que desde novembro realiza a roçagem das áreas públicas e que iniciará o cronograma de roçagem dos imóveis não edificados em janeiro de 2020 e que em breve os bairros serão atendidos. De acordo com a Secretaria, mais de 40 tratores farão parte da força-tarefa que percorrerá os 249 setores de Aparecida.

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia ainda explica que a obrigatoriedade de limpeza dos lotes é do proprietário, mas que faz o serviço para minimizar os problemas para a população vizinha a esses locais e que cobra o serviço no ITU anual. Alcimar concorda que falta consciência também dos donos dos lotes que não fazem a limpeza de suas propriedades e não se dão o trabalho nem de cercá-las, facilitando o descarte ilegal de lixo e a proliferação de doenças.

Alcimar ainda denuncia que em épocas de chuva, sua casa fica infestada de mosquitos. “Quando chove, eles fazem a festa. Só dá para dormir se colocar o cortinado debaixo do colchão”. Alcimar diz que os próprios moradores do bairro jogam diversos tipos de resíduos nos lotes. “O povo joga tudo quanto é tipo de porcariada nesses lotes. Até bicho morto jogam”.

Além dos sinais de abandono das propriedades, Alcimar afirma que a falta de segurança no bairro aumentou. “Aqui tem muito mala, os jovens estão mexendo com muita droga”. Ele diz que a quantidade de jovens envolvidos com o tráfico nos bairros da região assusta. “A polícia passa por aqui sempre, mas a realidade não muda. Não é polícia que resolve”.  

Problemas persistem mesmo durante a estiagem  

Na época da estiagem, a equipe do Jornal O Hoje denunciou a falta de consciência da população que ateia fogo na vegetação seca dos lotes baldios, prejudicando moradores dos bairros com fuligem e fumaça. Em julho deste ano, o Major Eberson Holanda, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, disse que mais de um quarto das ações da corporação foram em combates aos incêndios urbanos.

O major Eberson Holanda ainda alertou que apesar da prática de colocar fogo para limpar vegetação de terrenos baldios não ser crime, o incendiário pode ser penalizado caso haja algum prejuízo na casa vizinha ou na infraestrutura da rua. Ele ainda afirmou que há movimentos nas câmaras legislativas do Estado para mudarem a lei e transformar queimadas urbanas em crime.

Ele reiterou que a prática é feita principalmente quando há a diminuição das ocorrências de chuvas, entre abril e outubro. Apesar de ser uma prática equivocada, a queimada urbana ainda não está tipificada como crime. O bombeiro ainda afirma que o fogo pode colocar em risco estruturas de casas, fios elétricos e se espalhar para áreas de proteção ambiental.

Com a chegada da temporada mais fria do ano, algumas doenças tornam-se campeãs de reclamações. A estação é marcada não só pelas baixas temperaturas, mas pela baixa umidade do ar. Os dois fatores costumam atacar o sistema respiratório, que fica mais frágil nessa época do ano. Na época do frio, as pessoas se concentram mais em locais fechados, o que facilita a propagação de vírus e bactérias que causam inúmeras doenças como gripe, resfriado, amidalite, asma, otite, bronquite, pneumonia, sinusite e alergias.

A falta de infraestrutura também compromete a saúde do cidadão. O bairro Pontal Sul, em Aparecida de Goiânia, sofre com a ausência de asfalto há mais de 20 anos. Na época da chuva, as poças de lama se transformam em foco de mosquitos. Na estiagem, a poeira piora os problemas respiratórios, principalmente de crianças. De acordo com a prefeitura do município, falta pavimentação asfáltica em 30% dos bairros da cidade. (Igor Caldas é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

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