Obras de Cmeis em Goiânia continuam paradas
A SME esclarece que considera que as obras estão em andamento por estarem em período licitatório
Igor Caldas
Há cinco anos a construção do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) no setor Solar Ville não vai para frente. O mato alto tomou conta das ruínas do que poderia ser uma creche para atender o bairro carente de atenção da administração pública. De acordo com a população da região, além da falta de benfeitorias na área de educação, a região não possui postos de saúde, praças públicas e muitas vias estão sem pavimentação asfáltica. O Cmei Jardim Real também está sem andamento algum das obras.
Os dois Centros estão em indicação orçamentária para assinatura de contrato com a empresa executora da obra, afirma a prefeitura. O prazo de conclusão de todas as unidades fica para outubro deste ano, mesmo mês da corrida eleitoral para Prefeitura de Goiânia. O secretário de Educação, Marcelo Costa, disse no ano passado, que até meados deste ano todas as 11 paralisadas dos Cmeis seriam entregues à população.
Já a Secretaria de A Seinfra informa que aguarda um tempo maior de estio para executar um trabalho de melhoria nas ruas. Como é serviço de remoção de terra, é inviável fazer com chuva constante.
Proprietária de uma distribuidora localizada na mesma rua onde está a obra inacabada no Solar Ville, Rosângela Maria dos Santos mora no bairro há 11 anos e revela que pouca coisa melhorou desde que chegou ao local. Ela perdeu a fé de que o bairro passe por benfeitorias. “Em todo esse tempo que eu moro aqui, a única coisa que fizeram foi trocar o asfalto de uma avenida que estava toda esburacada”.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação e Esporte (SME) a Prefeitura de Goiânia retomou 11 obras paradas dos Cmeis na Capital. Atualmente, a Capital tem 146 Cmeis em funcionamento e todas as instituições de ensino vão passar por reformas, mediante ao recebimento de repasses do programa Escola Viva ao longo desse ano. A SME esclarece que considera que todas as obras que estão em período de licitação, até a data de entrega, estão em andamento.
Depois de tantos anos observando a unidade de Cmei inacabada se degradar com o tempo, Rosângela não crê na conclusão das obras. “Santo que vive de promessa. A única coisa que eu vi em andamento aqui foi o mato crescendo, o lixo acumulando e os ratos procriando aí dentro”. Ela teme que o local, que aparenta estar abandonado, se transforme em foco de transmissão de doenças. “Esse lugar serve só para aumentar os mosquitos e fazer os ratos crescerem. Perfeito para esparramar doenças pelo bairro”.
A proprietária faz uma análise política a respeito de obras paradas que voltam a acontecer próximas ao período eleitoral. “Esses locais abandonados, inacabados viram obras eleitoreiras porque só voltam a acontecer quando estão próximas da eleição. Eles esperam ficar próximo do período eleitoral para concluírem o que o outro deixou de fazer. Para aparentar que realizaram alguma coisa”.
Ela ainda defende que é mais vantajoso deixar a obra parada por muitos anos, pois dessa forma, a benfeitoria parece maior. “A conclusão desses Cmeis, não passam da obrigação deles. Quando a gestão passada começou isso aqui, chegaram a inaugurar a calçada como se fosse um grande feito”.
Ainda segundo a SME, foram retomadas as obras do Cmei Parque Atheneu II, Cmei Bairro Floresta, Cmei Vila Santa Helena, Cmei Residencial Center Ville, Cmei Residencial Mendanha, Cmei Solar Ville, Cmei Buena Vista III, Cmei Jardins do Cerrado IV, Cmei Jardim Real, Cmei Grande Retiro, Cmei Jardim do Cerrado VII.
Líder Comunitário aponta abandono da região
O líder comunitário Raphael Magalhães também duvida que o Cmei do Solar Ville seja entregue até o fim deste ano. “O antigo prefeito iniciou a construção e desde quando o prefeito Iris Rezende tomou posse, nada foi feito”. Magalhães realiza ações comunitárias nos bairros, Park Solar, Carla Cristina Chácara São Joaquim há cerca de três anos. De acordo com o líder comunitário, a região dos quatro bairros possui mais de sete mil moradores.
O porta-voz da região declara que a obra inacabada tem potencial para se transformar em esconderijo de bandidos. “A última vez que a administração pública veio podar o mato aqui foi em outubro do ano passado. A obra fica à mercê dos marginais. Mais de R$ 2 milhões jogados fora para dar lugar a um mocó”. Ele defende que o setor está sendo muito visado por criminosas que podem entrar no interior da obra inacabada para se esconderem.
Problemas de insegurança acontecem regularmente na região, segundo o porta-voz. “Temos notificações de pelo menos três arrombamentos de casas por semana”, os moradores notificam os crimes em grupos de Whatsapp da comunidade. “Precisamos de um posto policial na região com urgência”.
“Nenhuma benfeitoria aconteceu no bairro há pelo menos quatro anos”, garante Raphael. “A única coisa que eles fazem aqui é a roçagem. E só de vez em quando. Até para tampar os buracos nas ruas a gente está tendo dificuldades”. Ele diz que foi realizado mais de 60 pedidos para tapagem de buracos nas vias da região para a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) por meio do atendimento via Whatsapp da pasta na última semana. “Estamos esperando até agora”, lamenta.
Raphael Magalhães declara que a região está abandonada pelo Poder Público. “Não temos posto de Saúde, não temos uma praça sequer em todos esses bairros. Quando a gente quer fazer caminhada para se exercitar, temos que usar a Alameda Higino Pires Martins que não tem nenhum tipo de sinalização”. Ele defende que os moradores correm risco de sofrer acidentes com os carros que percorrem a via em alta velocidade.
Segundo Raphael, a coleta de lixo só passa uma vez por semana nos bairros, Park Solar, Carla Cristina Chácara São Joaquim. “As lixeiras implantadas em frente às residências ficam abarrotadas até o caminhão de lixo passar. Acho insuficiente para atender mais de sete mil pessoas”.
A Secretaria Municipal de Trânsito (SMT) afirma que a solicitação de sinalização da Alamenda Higino Pires Martins está no cronograma de revitalizações e instalação de sinalização da SMT. O período chuvoso impossibilita algumas ações, mas em breve, o local receberá a sinalização necessária.
A Seinfra informa que aguarda um tempo maior de estio para executar um trabalho de melhoria nas ruas. Como é serviço de remoção de terra, é inviável fazer com chuva constante. A Secretaria diz ainda que a Chácara Recreio São Joaquim será pavimentada. O projeto de pavimentação já foi concluído e será orçado para a elaboração do edital de concorrência pública para contratação de empresa que executará a obra. A Comurg informa que a coleta nos bairros referidos é feita frequentemente nas segundas, quartas e sexta e alega que pode ter havido um atraso pontual por problemas mecânicos no caminhão que realiza estas rotas. A companhia informa que iria tomar as providências necessárias para regularizar a coleta na última sexta-feira (7). (Especial para O Hoje)