Ronaldo Caiado adia por tempo indeterminado venda de ações da Saneago
Caiado depende de um compromisso firme com as privatizações para que Goiás possa ser admitido no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal| Foto: Reprodução/ Lucas Diener
Eduardo Marques*
O governador Ronaldo Caiado (DEM) adiou por tempo indeterminado a oferta de ações da Saneago. O motivo seria uma espécie de boicote vindo de Brasília, mais especificamente da Secretaria Especial de Privatizações do Ministério da Economia. Também pesou contra a operação a malsucedida venda da distribuidora de energia Celg ao grupo italiano Enel, em 2016. Ao jornal Valor Econônico, o democrata afirmou nesta terça-feira (11) que os grupos EDP e Equatorial já manifestaram interesse em assumir a distribuição de energia no Estado.
Caiado depende de um compromisso firme com as privatizações para que Goiás possa ser admitido no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal. Ocorre que os problemas com a Celg resultaram em uma grande rejeição às privatizações por parte da população, segundo informou o governador ao jornal. Caiado, ainda assim, alerta que a não admissão de Goiás no regime especial vai resultar em um colapso financeiro e administrativo de proporção inimaginável.
Além da rejeição imediata da população – e da classe política local – à qualquer proposta de privatização, Caiado disse que a oferta de ações da Saneago, que estava prevista para fevereiro, iria dificultar a renovação do contrato da empresa com as cidades de Goiânia e Anápolis, que representam 50% da receita. O contrato da empresa com a capital foi renovado há três semanas.
O Estado tem até o dia 6 de abril para encontrar uma solução, quando perde validade uma liminar obtida junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) que garante a Goiás o não pagamento de dívidas com o Tesouro Nacional. “Se eu não tenho a liminar e nem o RRF, não há plano B. O plano B é fechar para liquidação”, explicou Caiado.
O governador apontou ainda uma influência negativa da Secretaria Especial de Privatizações do Ministério da Economia, que estaria passando ao mercado sinais negativos em relação à Saneago. Segundo Caiado, o secretário Salim Mattar reclamou da forma como o governador vinha criticando a privatização da Celg, alegando que isso poderia manchar a agenda de privatizações. Caiado enfatizou que a oferta de ações da Saneago ficará suspensa até que não haja mais, “por parte da Secretaria Especial de Privatizações, a política de tentar desconsiderar e desqualificar o IPO”. O governador informou que a secretaria tem passado ao mercado a informação de que o negócio só atrairia aportes especulativos.
*Com informações do jornal Valor Econômico