Lideranças feministas fazem pedidos ao Atlético após chegada de Jean
Jean convidou as mulheres para uma conversa em particular após a coletiva – Foto: Paulo Marcos/ACG
Felipe André
O goleiro Jean foi apresentado na tarde de ontem e contou
com ilustres presenças. Mulheres que encabeçam 32 entidades que se intitulam de
‘Coletivo Goiano de Mulheres” e que estiveram presentes no protesto na primeira rodada do Campeonato Goiano, poucos dias após a contratação do atleta, foram
convidadas pelo clube a acompanhar as primeiras falas do reforço do Atlético
após ser acusado de agressão pela ex-mulher.
“Ele quis conversar conosco. Ele tem 24 anos e mostrou
sinceridade, nós sabemos quando uma pessoa está fazendo a cena. Ele mostrou
sinceridade, e queríamos agradecer, pois de alguma forma ele dá um bom exemplo,
mesmo cometendo o crime que não se justifica, mas se retratando, dizendo que
não fará mais e entrando na campanha contra a violência é um excelente
exemplo”, ressaltou Cida Alves, de 52 anos e psicóloga, que lidera o movimento.
Cida Alves avaliou a entrevista de Jean como positiva e
destacou que o atleta não tentou se justificar de seus atos, mas que pediu
desculpas. O Atlético Goianiense se comprometeu a entrar na campanha contra a
importunância sexual na época do carnaval.
“Para nós foi muito simbólico, tanto a recepção da diretoria
fez ao todo o grupo, ouviu a nossa pauta com muita atenção, todos os nossos
pedidos eles se comprometeram. Por parte do Jean sentimos sinceridade no
reconhecimento do erro, ele demonstrou humildade e é isso que a gente quer.
Entendemos que a masculinidade ela não deve ser associada a violência, mas a
integridade, capacidade de reconhecer os erros. Ele deu um bom exemplo de
reconhecer o erro, não justificar, e se comprometer a nenhum tipo de violência
contra as mulheres e se der tudo certo entrar na nossa campanha ‘Violência Zero
contra as Mulheres’”, completou Cida.
As mulheres que lideram o movimento se reuniram com membros
da diretoria do Atlético, sem a presença de Jean, para discutir o que poderia
ser feito. O Coletivo Goiano de Mulheres realizou então três pedidos, que foram
aceitas pelo clube rubro-negro.
“Um assessor fez o contato dizendo que queria
conversar conosco e organizamos um encontro coletivo aqui mesmo na sede do
Atlético, onde nós mulheres conversamos muito sobre um ídolo e os efeitos
quando ele comete violência. Explicamos, mostramos as evidências, o impacto
disso no psicológico de quem presencia. No fim nós fizemos três pedidos, o
primeiro foi esse de retratação pública, que o Atlético assuma a campanha
contra a violência de gênero e a terceira de incentivo ao futebol feminino”, finalizou
Cida.