Pontes caídas em Goiânia prejudicam a vida dos motoristas e moradores
Motoristas dos bairros Goiá e Recreio Panorama encontram rotas alternativas para driblar as interdições| Foto: Wesley Costa
Daniell Alves
Interditadas desde o início do ano, duas pontes em Goiânia seguem prejudicando a vida dos motoristas e moradores. Em janeiro, as pontes na Avenida C, sobre o Córrego Caveirinha (Recreio Panorama) e Avenida Padre Monte (Bairro Goiá) foram danificadas pelas fortes chuvas e precisaram ser bloqueadas. No entanto, por determinações legais, as estruturas só devem ser concluídas até junho, de acordo com estimativa da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) da Capital.
O trajeto de Juliana Sousa Lima, 27 anos, moradora do bairro Goiânia Viva, precisou ser alterado por conta das interdições. Ela passava todos os dias pelo Bairro Goiá, onde a ponte foi interditada, para ir e voltar do serviço. Segundo ela, a ponte do local está interditada desde que caiu. “Alguns motociclistas estavam passando ainda porque tinham partes que não haviam cedido, mas agora não vejo ninguém passando por lá”, diz.
Se a interdição afetasse apenas o Bairro Goiá o problema não seria tão grande, mas acaba interferindo nos bairros vizinhos, já que os motoristas precisam encontrar rotas alternativas, resultando no congestionamento do trânsito. Após a queda da ponte, Juliana precisa sair mais cedo de casa para não se atrasar e isso deve continuar pelos próximos meses. “A maioria das pessoas agora passa pela Avenida Leste-Oeste. O trânsito ficou muito mais intenso do que já era”, lamenta ela.
A reportagem do Jornal O Hoje acompanhou a destruição que ocorreu nos principais pontos de Goiânia, mas que ainda não teve uma solução imediata para a população. Das três pontes danificadas, somente a ponte do Goiânia Viva, que fica no Córrego Taquaral, teve os serviços de recuperação concluídos em janeiro. Em nota, a Seinfra explica que a rede antiga que fica na lateral do bueiro foi recuperada e a parede de concreto foi recomposta, com pedras marroada e macadâmia.
Embora já esteja liberada para tráfego, a ponte do setor Goiânia Viva também sofre com os danos causados pelas chuvas e precisa de uma manutenção constante. Uma moradora do bairro que prefere não se identificar diz que toda vez que há tempestade os moradores ficam atentos porque é muito arriscado passar por ali.
Comércio
Com os impactos causados pela chuva, agora o que resta é esperar a reconstrução dessas estruturas pela Seinfra para desafogar o trânsito de Goiânia. Essas interdições já começaram a afetar até o comércio do Bairro Goiá, como explica Edinaldo Marques Neves, que também passava pela ponte que está bloqueada. “Para eu sair do meu bairro, preciso passar pela ponte e agora passo pela Leste-Oeste. O fluxo do comércio no bairro caiu drasticamente”, diz.
O prejuízo também é muito grande para os comerciantes que possuem estabelecimentos ali perto, revela ele. As pessoas que passavam pelo bairro para tomar um café da manhã em uma padaria, por exemplo, não conseguem ter acesso ao comércio sem criar uma nova rota maior. “Ficou muito prejudicado também os bairros vizinhos que precisam da ponte para atravessar”, explicou ele.
Estes prejuízos só devem ser sanados em junho. De acordo com a Seinfra, a licitação emergencial para construção de uma nova ponte nos dois bairros citados está em andamento. A pasta esclarece que, mesmo sendo um processo emergencial, é preciso seguir determinações legais. As intervenções consideradas mais críticas já foram feitas.
Impactos da chuva
Nos últimos meses, a grande quantidade de chuvas contribuiu para a queda dessas pontes. A chuva forte pode causar quedas de energia, enchentes e destruição de infraestrutura da cidade. Houve alagamentos em diversos locais da Capital e acidentes. Um motorista acabou sendo arrastado pela enxurrada porque não queria abandonar a moto. As bocas de lobo também ficaram entupidas pelo acúmulo de lixo, resultando em alagamentos.
Até o final do período chuvoso, a Defesa Civil recomenda que os moradores consertem falhas nos telhados e verifiquem o isolamento das fiações elétricas. Em casos de árvores próximas da residência que ofereçam riscos, os moradores precisam pedir ajuda ao ambiental para pode ou corte das plantas. Também oferecem risco à população infiltrações, rachaduras nas paredes e chãos, e o não plantio de bananeiras ou plantas de raízes curtas em morros. Além disso, quem mora em área de baixada, ao primeiro sinal do aumento do nível de água, deve se abrigar em locais altos e secos.
Em casos de enchente, ao primeiro sinal de chuva forte, a recomendação é para que a população deixe móveis e eletrodomésticos fora do alcance da água; desligue equipamentos elétricos e eletrônicos, feche o registro do gás e da água; guarde os produtos de limpeza e alimentos fora do alcance das águas e não os utilize caso tenham sido atingido; mantenha um membro da família atento e vigilante ao nível de subida das águas, mesmo à noite; e tenha sempre lanternas e pilhas em condições de uso.
Recreio Panorama sofre com danos das chuvas
Depois da queda da ponte da Avenida C, no Recreio Panorama, o prefeito Iris Rezende visitou o local no dia 22 de janeiro. A estrutura já havia sofrido com danos após as chuvas no final do ano passado. “Quando ocorre uma chuva já ficamos atentos e aqui nessa passagem iremos agir da forma mais rápida para que venha permitir o trânsito no local”, informou o prefeito. No entanto, a agilidade anunciada não foi cumprida até o momento.
Alguns reparos emergenciais feitos pelas equipes da Seinfra. A Avenida C já estava interditada com manilhas de concreto, mas a população retirou o bloqueio e passava pelo local, colocando em risco a vida das pessoas. O agente da Defesa Civil Municipal Francisco do Carmo explicou à época ao Jornal O Hoje que a ponte estava interditada e a prefeitura estava realizando obras no local.
A suspeita é de que os moradores do bairro tenham feito uma ação para desbloquear a via, que estava em obra há algum tempo. “Era uma obra demorada e complexa porque estavam mexendo na infraestrutura abaixo da pista”, disse Francisco. Ele afirmou que a situação ficou muito pior porque a reconstrução da ponte será ainda mais demorada.
Há quatro anos, o eletricista Edivaldo Ferreira Leite mora na Avenida C, vizinho da ponte que desabou no Setor Recreio Panorama. Ele também confirmou que a Avenida C não estava liberada antes do acidente. Moradores do bairro se uniram para retirar os bloqueios da ponte e liberar o tráfego da via. “O povo se juntou, fez uma alavanca para retirar as manilhas que bloqueavam a pista. Estava passando de tudo, caminhão, moto e carro”, revelou ele.
O eletricista não se impressionou com a queda da ponte. “Isso aqui estava em obras, não era para estar passando veículo por cima”, afirmou. Ele acredita que o movimento dos carros e caminhões que passavam pela ponte tenha fragilizado as estruturas da ponte somado às chuvas. (Especial para O Hoje, com contribuições de Igor Caldas)