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quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Cidades

Centro, Campinas e 44 desertos

O primeiro dia de fechamento do comércio na Capital foi marcado por ruas vazias e policiamento

Postado em 20 de março de 2020 por Sheyla Sousa
Centro
O primeiro dia de fechamento do comércio na Capital foi marcado por ruas vazias e policiamento

Pedro Moura

O primeiro dia de fechamento do comércio por conta do coronavírus, em Goiânia, deixou milhares de lojistas desamparados e outros preocupados. As ruas desertas e o trânsito rápido evidenciam a pandemia do Covid-19 e as medidas preventivas adotadas pelo Estado. O decreto prevê que as lojas permaneçam fechadas durante 15 dias. A reportagem do O Hoje foi até alguns locais de maior movimento da Capital para saber a opinião dos lojistas. Algumas lojas do Centro tentaram abrir, mas foram orientadas por agentes da polícia para o fechamento imediato.

Inúmeros lojistas ficaram em casa, acatando o decreto do governador Ronaldo Caiado. Apesar de estarem preocupados com o lucro, afirmam que a saúde é a prioridade neste momento. “Foi passado para nós que tínhamos que fechar as lojas. Sobre os alugueis das galerias e despesas que temos lá, nada ainda não foi falado. Penso que teremos prejuízo”, informou um lojista que preferiu não se identificar.

Segundo ele, alguns comerciantes ainda não se conscientizaram, mesmo com os casos de coronavírus já confirmados em Goiás e mortes pelo Brasil. “Gostaria que todas as pessoas se conscientizassem. Ficar em casa para manter o vírus sem proliferação. Ontem, foi um dos dias que mais vendemos porque as pessoas estavam correndo para estocar as lojas, e hoje teve algumas pessoas que voltaram a abrir”, revelou outro comerciante.

No entanto, as opiniões se dividem. Outro lojista ouvido pela reportagem não concorda com o decreto, mas, por segurança, está vendendo produtos on-line, sem abrir as lojas para o público. “Nós, do comércio, fomos muito atingidos, já que as vendas pararam. Ninguém quer investir e quem tem dinheiro está guardando. As transportadoras não fazem mais transportes, tudo parou completamente”, explicou o dono de uma loja de roupas, Rafael Silva.

As mudanças afetam ainda mais os funcionários, que temem perder seus empregos. “A gente conversa entre si, não sabemos o que vem depois, por que querendo ou não, estamos em crise. O pessoal está com medo. Muita gente gastou o que não tinha para fazer reservas de alimento em casa”, comentou Rafael. Sobre o policiamento e a segurança, alguns comerciantes ouvidos pela reportagem dizem que o policiamento estava intenso. Segundo eles, as pessoas estão nas ruas ajudando bastante e as ruas seguem desertas.

Prejuízo

Em nota, a Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) diz que o efeito para os mais de 13 mil lojistas e outros empreendedores da 44 será realmente grande, “já que com 15 dias de suspensão do atendimento ao público a estimativa é de que se deixe de circular na região aproximadamente R$ 300 milhões.

A Associação, contudo, reconhece urgência do momento e a necessidade de sacrifícios para a preservação de vidas humanas. “Por isso, os lojistas, galerias e shoppings da Região iram cumprir o que determina o decreto do governo do Estado publicado esta semana, neste primeiro dia, e com certeza nos próximos dias esse quadro se repetirá”, diz a nota.

Policiamento

A reportagem do O Hoje questionou o Tenente Coronel da Policia Militar responsável pela operação na 44, Marcos de Barro, sobre o policiamento na região. Ele explicou que o policiamento segue intenso e que não houve problemas em relação aos lojistas e ambulantes. “Fomos bem recebidos, ninguém abriu as lojas, nem montou barracas. Estamos tratando da situação preventiva para evitar que o decreto seja descumprido, com isso estamos contando com o apoio da prefeitura e dos órgãos, que compõem o poder executivo, responsáveis pelas fiscalizações”, comentou.

O Tenente ainda diz que o decreto poderá ser prorrogado e que as ações criminosas na região têm chances meninas de acontecer. “Não é propício, com menos pessoas nas ruas e mais eficaz para a PM exercer o seu trabalho, os delinquentes vão estar mais expostos nestes dias. E com as distribuidoras de bebidas inativas alguns crimes, como o homicídio, tendem a cair”, disse Marcos.

Impacto 

De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), as vendas caíram 16,3% devido às medidas preventivas adotadas pela população, nos últimos dias. Em Goiânia, está situação também se reflete, ruas estão mais vazias, o trânsito mais rápido e as lojas com pouco movimento, desde o início da semana.

Segundo a superintendente executiva da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Goiânia, Dina Marta, alguns lojistas já solicitaram até mesmo o cancelamento de compras que haviam sido pré-agendadas. Ela explica que foram feitas, nos últimos dias, reuniões com os grandes empresários de Goiânia para busca de soluções.

Ainda de acordo com Dina, a Câmara tem buscado incentivos e benefícios aos empresários para tentar reverter estes prejuízos. “Vamos tentar facilitar o dia a dia desses funcionários, com renegociação de débitos, liberação de linha de créditos e parcelamento de débitos”, explica a superintendente da Câmara.

 

Trabalhadores temem prejuízos salariais  

Com o anúncio de fechamento, a Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), por exemplo, solicitou medidas ao Estado para minimizar os danos causados aos comerciantes. Recomenda-se suspensão, pelo prazo de 120 dias, dos contratos de aluguel dos lojistas de shoppings centers, galerias e comércio de rua; suspensão da cobrança de tarifas de serviços públicos (água e luz) das empresas privadas pelo prazo de 120 dias; linhas de créditos com custo zero de juros para empresas que apresentem o real impacto de não liquidez por 15 ou mais dias. Além disso, a Associação pede auxílio na negociação de benefícios aos trabalhadores das empresas. O objetivo é viabilizar a suspensão dos contratos de trabalho com menor impacto financeiro para o empregador.

A postergação do prazo para recolhimento do IPTU/2020, pelo prazo de 120 dias, sem prejuízo da opção pelo pagamento parcelado também é citada pela Acieg, que também pede a redução da alíquota modal do ICMS para 7% e compensação de valores referentes às Taxas já recolhidas aos municípios e ao Estado. 

Acompanhar e reduzir

Para o consultor empresarial Marcelo Camorim, as empresas menores precisam, dentro de suas respectivas proporções, montar seus comitês de monitoramento para acompanhar a situação e planejar as inevitáveis reduções de custos. “Essa é uma hora em que o controle dos números da empresa é fundamental para evitar o mínimo de perdas ou até mesmo para a empresa sobreviver. Porque você sabe que haverá uma queda na receita devido ao baixo consumo e depois da crise haverá o período de recuperação e os investimentos deverão estar retraídos por muito tempo ainda”, explica o especialista em governança corporativa.

Camorim lembra que uma das primeiras medidas tomadas pelas empresas, sejam elas grandes ou pequenas, é a suspensão das admissões e avaliação de desligamentos. “As companhias precisam ficar de olho nos seus custos, isso em tempo real, e reduzir onde é possível, fazendo novas negociações com fornecedores, revendo a necessidade de compra ou expansão de maquinário e, infelizmente, avaliar a necessidade de demissões”, destaca o especialista. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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