Transporte coletivo continuam operando na Grande Goiânia com restrições
Portaria será feita para que os passageiros não fiquem desatendidos, com escalonamento para a entrada dos funcionários no trabalho, para que nos horários de pico haja menor número de usuários nos ônibus, paradas e terminais – Foto: Wesley Costa.
Manoela Messias
Os ônibus do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia devem continuar circulando, pelo menos por enquanto. A garantia foi feita pelo presidente da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Benjamin Kennedy. Segundo ele, será elaborada uma portaria entre a Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos do Governo do Estado de Goiás (AGR) e a CMTC que irá regulamentar o decreto do governo estadual que impõe limites para veículos que transportam passageiros no Estado.
A CMTC informou que ficou acertado que o passe-livre para o idoso continuará ativo para atender a parcela que necessita de atendimento e tratamento de doenças crônicas. A Polícia Militar vai atuar na checagem desse trânsito de idosos, fazendo a orientação necessária sobre o bom uso do transporte para se evitar o contágio.
No documento será proposto um escalonamento para a entrada dos funcionários em seus locais de trabalho, para que nos horários de pico haja menor número de usuários nos ônibus, paradas e terminais. A medida busca adequar o atendimento à liminar da Justiça e ao decreto estadual que prevê que os ônibus transportem passageiros somente sentados.
A medida foi tomada durante reunião realizada na segunda-feira (23) no Paço Municipal, envolvendo representantes dos governos municipal, estadual e em outra feita no domingo (22), com representantes das empresas de ônibus e o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado de Goiás (Sindittrasporte) que pediam a suspensão do serviço.
Equipamentos para proteção
Outro assunto à tona durante o encontro foi o fornecimento de equipamentos necessários para proteção dos motoristas, o que gera preocupação entre os profissionais. A CTMC solicitou junto às esferas municipais e estadual, que viabilizem para empresas de ônibus máscaras, luvas, aventais, álcool em gel 70%. A solicitação ainda não teve retorno.
Para Kennedy, o documento dará condições para o transporte coletivo operar normalmente sem oferecer riscos. O presidente não deu data para a divulgação desse documento. A interrupção do serviço de transporte coletivo partiu do sindicato dos motoristas, já que a categoria teme a proliferação de casos do novo Coronavírus. A única exceção seria relacionada ao transporte de profissionais da saúde, mas a frota e o número de motoristas que serão designados para a função ainda não estão definidos.
A paralisação estava agendada para começar hoje. As empresas alegaram não ter ônibus suficiente para atender a determinação feita pelo governador Ronaldo Caiado, onde todos os passageiros devem estar sentados durante as viagens, para evitar o contágio pelo Coronavírus. Cada veículo possui espaço para transportar 32 passageiros sentados. Além disso, outra alegação feita é de que há condições de colocar toda a frota na rua, já que cerca de 300 motoristas foram dispensados.
Kennedy ressaltou que o ideal seria que esse atendimento fosse exclusivamente aos funcionários das empresas que possuem permissão para funcionar em período de vigência do decreto do governo estadual, que restringe a abertura de estabelecimentos comerciais para conter as aglomerações de pessoas, durante a pandemia do Coronavírus. Apenas quem trabalha nas áreas de Saúde, de gênero alimentício e outras que deveriam estar liberadas pelo decreto é que estariam autorizadas a usar o transporte coletivo.
O decreto Estadual
A determinação do governador Ronaldo Caiado, faz parte do novo decreto Estadual, e limita a lotação por ônibus. O documento informa que os veículos só poderiam transportar a quantidade de pessoas suficiente para ocupar os assentos, como forma de impedir a aglomeração dentro dos ônibus, que tem sido objeto de ação judicial da Defensoria Pública do Estado (DPE). A medida tem a intenção de evitar a proliferação do novo coronavírus (Covid-19) nas cidades.
No decreto, o governador proíbe que esse sérvio seja suspenso, já que é tratado como essencial. Ideia que contraria o pedido da CMTC, que vê a necessidade de interromper o transporte coletivo por acreditar que este é um disseminador da Covid-19. Ao invés de um ônibus, será necessário mais dois para transportar a mesma quantidade de passageiros. De acordo com o presidente da CMTC, nos dias úteis a operação máxima atualmente na Região Metropolitana é com cerca de mil veículos, restando apenas cerca de 200 como reserva. O serviço de transporte coletivo já tem operado com a capacidade reduzida, fazendo com que fosse aberta uma ação civil pública da DPE para que a operação retornasse ao máximo.
CityBus suspende serviço, Uber amarga prejuízo
A HP Transportes, responsável pela operação do serviço de transporte coletivo por aplicativo Citybus 2.0 lamentou ter que suspender os serviços temporariamente. Por meio de nota a empresa disse que reforça saber que “é o mais correto para o momento”. A informação foi repassada aos usuários pelas redes sociais.
“A gente não controla tudo e, com o avanço dos casos do Covid-19, o novo coronavírus, somos obrigados a ir para a garagem, quietinhos, enquanto vocês também ficam em casa. Mas o coletivo sempre vence. Se eu faço a minha parte, e você a sua, muito em breve estaremos juntos novamente”, divulgou nas redes.
O serviço, que completou um ano no mês passado, conta com mais de 80 mil usuários e 68 miniônibus, e atendia mais de 20 bairros da Capital. Ainda em nota, a empresa relatou que, mesmo sendo um momento inesperado, é preciso seguir as orientações que foram repassadas, de isolamento social, para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Sem passageiros
O novo coronavírus impactou diretamente na atuação dos motoristas por aplicativo. Anteriormente, a média era de 30 corridas diárias, o que foi reduzida a oito ou menos, segundo Leidson Alves, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo de Goiás (Amago). O que faz a categoria começar a entrar em desespero. Atualmente cerca de 60 mil motoristas estão cadastrados em aplicativos de transporte na Região Metropolitana. Segundo a Amago, as empresas de aplicativo não tomaram nenhuma medida para incentivar os condutores.
Apenas a plataforma Uber irá indenizar, por 14 dias, período de quarentena, o motorista que estiver infectado com o vírus. “Estamos tentando dialogar com o governador. Hoje terei uma reunião com o Secretário Municipal de Planejamento Urbano e Habitação, Henrique Alves. Estamos tentando conseguir cestas básicas com o prefeito e com o governador. A categoria está sofrendo muito”, conta Leidson.
Tales Rocha é um dos motoristas afetados. Ele mora com a esposa e, praticamente todo o sustento da casa, vem das corridas feitas diariamente como motorista de aplicativo. Há 3 anos, são de 12 a 15 horas dedicadas ao trabalho, em toda cidade, mas nos últimos dias a rotina mudou. “Praticamente não temos passageiros. Eu fazia cerca de 35 corridas por dia, hoje faço quarto e ainda foi graças a Deus. Dentro do meu carro sigo as recomendações de ter sempre álcool em gel para mim e para o passageiro, mas nem assim as pessoas estão confortáveis em andar com motoristas”, desabafa.
Uma colega dele, Adriana Veiga, está no ramo há 3 meses. Mal começou e já está preocupada com a queda no movimento. “O carro é alugado, as contas têm data para vencer. Ainda não sei ao certo o que fazer. Tudo isso pegou a gente de surpresa. Não estamos trabalhando menos, diante do baixo movimento. Pelo contrário, passamos o dia todo na rua, tentando passageiros, mas quase não aparece”, conta a motorista. (Especial para O Hoje)