Empresas apostam em novos meios para vender ovos de Páscoa
Com a Páscoa se aproximando, empresas usam a criatividade para não ficarem no prejuízo – Foto: Divulgação
Pedro Moura
A Páscoa está se aproximando e com ela os ovos que fazem a alegria dos brasileiros, mas devido a pandemia do Coronavírus e as medidas de prevenção do Estado para evitar a disseminação da doença, o comércio vem sendo bastante afetado. Para não ficar no prejuízo, lojas de ovos de Páscoa estão apostando em novos meios de venda através de serviços de entrega, por telefone ou pelas redes sociais.
A empresária Vanessa Duarte estava com a fabricação de ovos a todo vapor, com uma grande expectativa no crescimento das vendas para este ano. “Nós tínhamos uma expectativa de crescimento com relação ao ano passado que era de 15%. Toda nossa produção já estava sendo feita com base nesses números”.
Mas diante da crise a empresaria diz que não consegui imaginar como vai ser as vendas. “Infelizmente, diante desse novo cenário, é impossível prever como serão as vendas. Para aumentarmos a comercialização, estruturamos melhor nossas entregas em três frentes: delivery pelos aplicativos de todos nossos produtos, delivery diretamente pela loja em atendimento via WhatsApp e entrega programada, onde o cliente faz o pedido, vem retirar em nossa unidade e levamos para ele no carro com todos os cuidados necessários”, explica.
Vanessa prevê ainda que as vendas devem cair muito, devido à insegurança financeira, e a menor circulação de pessoas pelas ruas e shoppings. Também diz que o mercado está parado de forma geral, afetando a todos. “As pessoas estão receosas sobre seus empregos, salários enfim, o que faz que a entrega não seja a única dificuldade, mas sim o receio das pessoas em gastarem dinheiro nessa incerteza dos próximos meses”.
A expectativa da também empresaria Camilla Almeida era alta. Segundo Camilla, com a Páscoa se aproximando, as vendas já tinham começado a melhorar. “Ano passado arrebentamos nas vendas. Nossas vendas já tinham melhorado bastante no último mês, em comparação ao ano passado”, explica.
Mas no novo senário econômico, a empresária acredita que a venda de ovos pode ser bastante prejudicada e diz estar trabalhando com serviço de delivery e despachando os produtos direto da fábrica. “Cancelei o contrato de uma funcionária que iria ser contratada para a páscoa, dei férias as outras funcionárias. A loja segue fechada, acredito que infelizmente não vamos conseguir atingir a expectativa que estávamos, mas estamos com os preparativos para a páscoa”, concluiu Camilla.
Empregos
A Páscoa é uma data fundamental para o comércio. Além de adocicar a vida de muitas pessoas, o período também é visto como uma oportunidade para quem está procurando emprego. Algumas fábricas de chocolate, muitas de grande porte, abrem vagas temporárias para dar conta do aumento de sua produção e vendas que necessitam de mais mão de obra.
As contratações para Páscoa começam em janeiro para as produções e seguem até abril com a movimentação, principalmente, nos pontos de venda, atendimento e até mesmo produção. Além destes, também há contratação de profissionais para cuidar do estoque, da arrumação de prateleiras, auxiliar geral, entre outras.
A estudante Ana Kelly, explica que viu na Páscoa uma boa oportunidade para conseguir uma renda extra. “Sou estudante e vi no emprego temporário uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra com a páscoa”, disse. Ela acredita que o mercado da Páscoa pode ser bastante prejudicado. “O comércio está sendo muito afetado, nessa semana iniciaríamos a todo vapor nas fabricações e vendas, mais diante desse quadro de pandemia tivemos uma queda, mais temos esperança de ao menos alcançar a meta mínima”, disse.
Ana diz ainda ter uma expectativa de ser contratada mesmo durante a crise. “Acredito que executando um bom serviço há uma grande probabilidade de ser contratada. E penso que estou desenvolvendo um bom trabalho, porém sabemos que a realidade que o país se encontra se tornou incerta, pois os empresários não irão ter a mesma arrecadação que antes, se tivéssemos em uma situação positiva”, completou.
A confeiteira artesanal Vanessa Caldeira explica que teve que reduzir o quadro de funcionários. “Estamos trabalhando apenas com pessoas fora do grupo de risco, que tenham transporte próprio para minimizar o risco de contágio. Nossa prioridade hoje é manter a nós, nossas funcionárias e nossos clientes em segurança”, disse.
Vanessa também acredita em uma drástica queda na venda de ovos. Ela diz que começou a fabricar ovos como forma de ter uma renda extra, mas agora é sua principal fonte de lucro. “As expectativas diminuíram, mas com esperanças sempre de que tudo vai passar. Sempre trabalhei com serviços de delivery, agora mais do nunca irei trabalhar”, disse a confeiteira.
Setor supermercadista esperava aumento de 30%
O setor supermercadista aguardava que esta seria a melhor Páscoa dos últimos anos. Esperado um aumento de até 30% nas vendas de ovos de chocolate e peixes no Estado. Segundo o presidente da Associação Goiânia de Supermercados (AGOS) Gilberto Soares, a páscoa pode ser prejudicada, já que os supermercadistas estão voltados não para a páscoa, mas sim para a reposição dos estoques. “Os ovos de páscoa já estão todos nas lojas, não podemos arriscar uma avaliação de como será a movimentação destes produtos, que seja chocolates em barra, peixe”.
O presidente comenta que o bacalhau sofreu uma alta considerável por conta da alta no dólar, mas que o peixe sofreu uma baixa, estando com um bom o preço. “Os chocolates tiverem uma redução na gramatura para permanecer o mesmo preço, assim como os ovos de chocolate”, disse Gilberto.
Gilberto diz que as marcas tradicionais de ovos acabam por registrar uma alta em torno de 8 a 12%. “É embutido no produto questões de dólar, embalagens, outros produtos que são importados. Estamos meio sem informação do período de páscoa em meio a pandemia do Coronavírus”, exaltou.
Reforçando que a prioridade no momento é o reabastecimento. “Estamos preocupados neste momento em correr atrás de reabastecer nossos estoques. Está faltando açúcar, óleo. A demanda foi muito grande, o consumidor foi as lojas com muita frequência, o estoque de 15 dias vendemos em cinco”.
Gilberto disse ainda que a cesta básica sofreu um aumento considerável. “O arroz foi em questão da elevação do dólar, o produtor está negociando direto com outros países, em especial Peru e México. A exportação tem feito que o produto interno suba o preço, por questão de oferta e procura. É mais vantajoso vender a dólar. Assim como a farinha de trigo, nós tivemos uma queda na safra do feijão. Até mesmo por questões do período chuvoso. Tivemos uma colheita de mais de 35% de perca, o feijão que foi colhido não era da qualidade que estamos acostumados, acabando interferindo no preço também”, explicou.
O presidente também diz que houve registros de aumento em outros produtos como o leite. “80% do nosso leite está sendo exportado para três outros estados que estão na entressafra, no caso Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.