Luiz Felipe Mendes

O que fazer com o futebol
brasileiro? Se o calendário estivesse seguindo normalmente, estaríamos nas
retas finais dos principais estaduais do país. Entretanto, com a interrupção das
competições devido à pandemia da Covid-19, os torneios foram parados antes
mesmo de alcançarem a fase de mata-mata. Nesta quarta-feira (15), a Federação
Paulista de Futebol (FPF) vai conversar sobre o futuro de seu estadual. Antes
disso, no entanto, haverá uma discussão geral sobre direitos do Brasileirão
para o exterior.

Na terça-feira (14), a
Comissão Nacional de Clubes vai se
reunir por meio de videoconferência para conversar sobre a venda de direitos
internacionais do Campeonato Brasileiro. O diálogo vai acontecer entre mais de
trinta clubes e seus representantes, na ideia de faturar um dinheiro após o fim
da quarentena, já que não está havendo nenhum tipo de arrecadação com jogos,
patrocinadores e investidores.

A resolução da negociação não
deve ocorrer logo de cara, até porque é necessária uma espécie de “degustação”
do produto antes. Porém, seria uma saída para ganhar dinheiro a médio e longo
prazos, seguindo o exemplo do Campeonato Inglês. A reunião desta terça contará
com a participação do secretário-geral da Confederação Brasileira de Futebol
(CBF), Walter Freidman, e deve trazer também pautas como possíveis novas datas
para o início do Brasileirão, o qual aconteceria em maio se não fosse pelo novo
coronavírus. Novamente, é preciso destacar que ainda não deve haver nenhum tipo
de definição.

Na reunião de quarta-feira, a
FPF liderará uma discussão que muitos estão pensando. Por meio do presidente da
federação, Reinaldo Carneiro Barros, serão levadas em conta várias hipóteses
diferentes para a retomada do Campeonato Paulista, que tinha sido interrompido
em sua 11ª rodada, a duas do encerramento da primeira fase. As possibilidades
são inúmeras e uma delas já foi levantada, não sem controvérsias. A FPF estuda
trazer de volta o Paulistão na segunda metade de maio, finalizar toda a
competição em um espaço de três semanas e em duas cidades do interior, com
portões fechados para a torcida e atletas confinados em suas concentrações,
para evitar qualquer risco de contágio.

A ideia não agradou muito os
clubes da capital, como Palmeiras e São Paulo. Os seus respectivos presidentes,
Maurício Galiotte e Leco, manifestaram suas desaprovações ao pensamento da
entidade. Por outro lado, as agremiações do interior querem o retorno do Campeonato
Paulista o mais rápido possível, ainda mais aquelas que vinham fazendo uma boa
campanha como o Santo André, atual líder geral do torneio estadual.

As duas reuniões podem não ser decisivas no sentido de anunciar medidas
definitivas para o futuro, mas podem encaminhar muitas coisas relacionadas ao
prosseguimento do futebol brasileiro. As reuniões desta semana não serão as
únicas, e vale lembrar também que nos próximos dias os clubes voltarão a
conversar sobre questões salariais e estruturais dos campeonatos daqui para
frente.