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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
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Desleixo

Vegetação dos canteiros da GO-403 cobre as placas da estrada e tornam o tráfego perigoso

Maior parte das barreiras de contenção da GO-403 no sentido Senador Canedo/Goiânia está danificada| Foto: Wesley Costa

Postado em 15 de maio de 2020 por Sheyla Sousa
Obra do Terminal Isidória só será concluída em 2021
Com pouco menos de dois meses para o fim do ano

Igor Caldas

Motoristas que usam a rodovia GO-403 entre Goiânia e Senador Canedo correm risco de acidentes por falta de visibilidade da sinalização do trecho. A vegetação dos canteiros da rodovia cobre as placas da estrada e tornam o tráfego perigoso. Além disso, a maior parte das barreiras de contenção da rodovia no sentido Senador Canedo/Goiânia está danificada. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Transportes que trechos com boa pavimentação e pouca sinalização podem ser mais perigosos do que estradas ruins.

No trecho da rodovia mais próximo a entrada da cidade de Senador Canedo as placas de indicação de municípios estão ilegíveis, cobertas pelo matagal. Sinalizações indicadoras de curvas acentuadas e limites de velocidade também estão invisíveis sob a vegetação sem poda. Luiz Carlos Barbosa dos Santos trabalha em Goiânia, mas mora em Senador Canedo. Ele pega a rodovia GO-403 regularmente e afirma que apesar da pista não estar em situação ruim, o mato alto e falta de iluminação deixam a trafegabilidade perigosa.

O trabalhador denuncia que no trajeto de Goiânia até o município de Senador Canedo, o único trecho iluminado é em frente ao Hospital Colônia Santa Marta. “A situação da GO-403 está perigosa porque não tem iluminação e a vegetação está sem poda a partir do trecho que entra para o Conjunto Residencial Valéria Perilo”, denuncia. Luiz Carlos afirma que a vegetação dificulta a legibilidade das placas. A equipe do Jornal O Hoje tentou falar com a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), mas não obteve resposta até o fim da reportagem.

Sinalização problemática

De acordo com um estudo realizado pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), rodovias com pavimentação em boas condições, mas com sinalização problemática podem ser uma mistura fatal nas estradas brasileiras. A pesquisa revela que a gravidade dos acidentes aumenta significativamente se as condições da sinalização da via são piores.

O trabalho realizado pelo órgão aponta que o índice de óbitos a cada 100 acidentes é maior quando o pavimento tem melhores condições: foram 11,2 registros em trechos com pavimento classificado ótimo, contra 7,7 mortes em trechos com classificação de péssimo estado. Ainda de acordo com o estudo, em vias com boa pavimentação os veículos atingem uma velocidade maior e por isso aumentam o risco de envolvimento em acidentes.

No entanto, este risco poderia ser reduzindo desde que as considerações de sinalização estivessem legíveis, adequadas e houvesse maior fiscalização nestes pontos críticos de acidentes. Quando as informações sobre a sinalização são incluídas no cruzamento de dados da pesquisa, o resultado é revelador. Nos trechos em que o pavimento foi considerado ótimo, mas a sinalização foi classificada como péssima, foram registradas 18,9 mortes a cada 100 acidentes. O número é 2,2 vezes maior do que o índice observado quando pavimento e sinalização teve classificação como ótimo, que é de 8,4 mortes a cada 100 acidentes. 

Ainda segundo o trabalho da CNT, nos trechos com controladores de velocidade foi registrado o índice de 9,2 mortes a cada 100 acidentes em pavimento ótimo, enquanto nos trechos sem presença de controladores, o índice foi de 12,6 (37% maior). As más condições da faixa central das pistas também exercem influência direta na gravidade dos acidentes. O índice observado em trechos com pavimento classificado como ótimo, onde a pintura da faixa central era visível, foi de 11,3 mortes por 100 acidentes, enquanto nos trechos com inexistência de pintura de faixa, o índice foi de 15,9 (40,7% maior).

Outra questão abordada pela pesquisa é que a gravidade dos acidentes onde o acostamento das estradas está destruído, quando não pode ser usado em emergências, é 45,5% maior quando comparada aos locais onde o recurso se encontra em perfeito estado. A CNT ainda informa que trechos com a superfície do pavimento destruída possuem índices muito baixos de acidentes e de mortes, o que pode ser explicado pela dificuldade de circulação e de desenvolvimento da velocidade.

 Maior parte das rodovias não está em boas condições

Última pesquisa sobre qualidade das rodovias feita pela Confederação Nacional de Transportes (CNT) aponta que maior parte das estradas como ruim (26,5%), regular (35%) e péssimas (9,1%), em Goiás. Goiás anunciou redução de verbas para investimentos em infraestrutura das rodovias devido à crise do Coronavírus em abril. Antes do corte, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) contava com R$ 300 milhões para investimentos, agora terá apenas R$ 180 milhões disponíveis.

O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder da categoria de caminhoneiros no Brasil, Wallace Landim (Chorão), defende que a principal preocupação das condições da estrada é na parte da segurança dos condutores. “A gente fica preocupado, principalmente em relação às rodovias estaduais que são muito mal conservadas e possuem um serviço mal feito de infraestrutura”. Ele ressalta que em épocas de safra, como agora, elas se danificam muito com o tráfego por causa da infraestrutura precária.

Chorão declara que apesar do movimento de fretes dos setores industriais e comerciais ter caído, Goiás ainda está conseguindo segurar a baixa de trabalho da categoria porque entrou no período de safra. “O que está rodando pelas rodovias é o grão. O frete de produto acabado diminuiu muito. Já temos vários motoristas confinados porque não conseguem carga para voltar pra casa”. No entanto, o líder da categoria afirma que o trabalho da safra vai minguar dentro de aproximadamente 20 dias.

O presidente da Abrava julga que a prioridade é um plano emergencial para categoria e pressiona o Governo Federal e o Ministério da Economia. No entanto, afirma que a questão da infraestrutura das estradas tem que vir logo em seguida. “O movimento de fretes caiu mais de 40%, mas não adianta voltar a trabalhar com as estradas nessas condições”, constata.

Transparência

Chorão diz que há falta de transparência nas contas da Goinfra. “A gente vê o montante de dinheiro, mas não sabe para onde ele vai. Onde esses R$ 180 milhões serão aplicados?”. Ele cita o exemplo do trecho interditado na GO-070 por causa de uma erosão que aconteceu há mais de três meses. “Têm dinheiro aplicado ali. Porque até hoje não foi consertado? Aquele trecho é muito importante para todo Estado”, condena.

Ele defende maior transparência e fiscalização dos gastos públicos por meio de uma Câmara Temática que analisaria qual montante de dinheiro foi direcionado para o Estado consertar as rodovias e fazer um acompanhamento se o serviço está realmente sendo feito ou não. “A Abrava vai começar a rodar as rodovias, fazer levantamentos e cobrar do governador Ronaldo Caiado e da superintendência da Goinfra”. (Especial para O Hoje)

  

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