Artistas realizam exposição virtual sobre uso de máscaras de proteção
Projeto envolve artistas engajados em conscientizar a população sobre o uso da máscara por meio de desenhos
Daniell Alves
Artistas se uniram por meio da arte para mandar uma mensagem às pessoas sobre o uso das máscaras como uma forma de prevenir o novo Coronavírus. Intitulada Convida, a exposição virtual divulga nas redes sociais imagens de máscaras transformadas em obras de artes faciais. Há mais de 40 artistas que mostraram os trabalhos por meio da Galeria Virtual de Goiás, criada para este momento de crise vivida por todos nós.
Grande parte dos participantes é goiana, mas também há convidados de outros estados e países. A Convida faz uma alusão à Covid-19 e tem objetivo de enfatizar a importância da arte, além de conscientizar a população. O curador do projeto, Gutto Lemes, afirma que o acessório pode proteger milhões de vida. “Espero que as pessoas visitem nossa página e vejam nossa exposição com muito amor, alegria e vida. Nós usamos o isolamento para fazer arte, levar cor e mostrar criatividade. Logo tudo isso vai passar”, diz.
Dalmo Antônio está entre os artistas da exposição. Ele é retratista e nunca tinha imaginado a possibilidade de pintar máscaras. “Nunca pensei em pintar uma máscara. Minha arte é bem distinta, sou retratista. Mas está sendo interessante participar do projeto”, afirma. Cada publicação tem a foto do artista com a máscara e uma legenda que pode ser de esperança, paz, amor ou arte.
Já a artista plástica Eliania Silva, de Quirinópolis, deu o nome para sua máscara de Amor e Sabedoria. Na legenda, ela diz: “Arte é tudo para mim, é um tranquilizante mental. Sempre curtindo a natureza, tento fazer o máximo em minhas obras de artes. Além das telas, agora devemos nos prevenir, usando máscaras e o álcool gel”, escreveu. As pinturas podem ser feitas com tinta de tecido, acrílica, a óleo, sublimação ou qualquer outro tipo.
Elas são pintadas à mão sobre as máscaras, seja com canetinha, acrílico ou aquarela. Outros são imagens feitas por fotógrafos impressas no tecido das máscaras. O curador viu no projeto uma forma de expor o trabalho, já que o isolamento social não permite que as pessoas frequentem locais com exposições. “A arte nas máscaras são manifestações artísticas, são uma obra de arte e não são para uso. O trabalho tem o objetivo de conscientizar sobre o uso da máscara e também como uma forma artística e histórica de ser lembrada após este momento de pandemia”, explica.
Depois da pandemia, a expectativa é que a Convida seja exposta de forma presencial e divulgada em várias cidades e países. De algodão, cetim ou material reciclável, as máscaras representam um momento difícil. Há pinturas que retratam a atual situação do mundo, outras com estampas de animas ou da natureza. Cada artista expõe aquilo que está sentindo e deseja mostrar às pessoas. Alguns deles até reproduziram máscaras utilizadas pelos médicos durante a peste negra no século 17.
Artistas
Os artistas plásticos Cris Queiroz e Carlos Catini também participam do projeto com ideias para reflexão. Cris fez uma máscara em homenagem ao povo Quilombola, povo que habita em boa parte do Cerrado, na região da Chapada dos Veadeiros. No entanto, é praticamente impossível encontrar comunidades destas pessoas em todo território brasileiro. Diante da pandemia, a arte que ele criou serve como um aviso da desigualdade e marginalização sofrida por este povo, e o total abandono por parte do governo, assim como os indígenas. São povos que fazem parte constituinte da origem brasileira.
Por sua vez, Carlos traz uma máscara feita a mão. Com materiais do cotidiano, o artista reproduz diversos modelos de máscaras já utilizados durante a história do povo brasileiro. São materiais como latinhas de alumínio e ralos de pia. A ideia de fazer o aproveitamento desses materiais surgiu porque grande parte do comércio estava fechado, realidade que deve mudar nos próximos dias. Carlos quis homenagear todos os profissionais de saúde que sempre estiveram durante a história da humanidade à frente das lutas como esta.
Mais amor
Em um momento de dor e segurança para alguns, a saúde física e mental é de extrema importância, diz a artista plástica Eliane Pasquetti. “Para nós, artistas, é maravilhosa essa colaboração em criar um material que serve para proteção e também como inspiração para criarmos obras que remetam a mais alto astral, mais empatia, mais tranquilidade e mais amor”, diz.
Também é o que afirma Luciana Machado, outra artista que integra a exposição. “Neste período de quarentena exerci mais a sensibilidade e a capacidade imaginativa, construí novos sentidos para a vida. Sendo assim, a simplicidade da vida em família, o cuidado com o outro, o cuidado com a natureza e os animais é o que realmente importa”, destaca. Ela afirma que, agora, valoriza mais a dimensão social e a relação dela com as outras pessoas, com destaque para o amor ao próximo, cuidados com os animais e a natureza.
Empreendedores lucram com a venda de máscaras
Com a obrigatoriedade do uso de máscaras no Estado, diversas pessoas e empresas começaram a fabricar o equipamento para obter um retorno financeiro. Como é o caso da artesã Valdirene Castro, de 56 anos, que viu na crise a oportunidade de vender. “Vendo a unidade por R$ 5 e dependendo do cliente eu faço uma promoção”, explica. Segundo ela, no último mês, chegou a vender 50 máscaras.
Além de pequenos negócios, empresas de grande porte também passaram a incluir as máscaras em seus estoques. As estampas variadas de animais ou artistas chamam a atenção das pessoas, pois se trata de uma novidade. Os acessórios de algodão (ou tricoline, um tecido que tem o algodão como componente) e contam com camada dupla. Os modelos e estampas são variados, e alguns até mesmo combinam com roupas vendidas por essas mesmas marcas. O padrão de produção é aquele recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O que antes era produção apenas dedicada à doação para hospitais e instituições carentes passou a ser realidade em outras áreas. As empresas passaram a produzir os itens em volume maior para também atingir seus consumidores habituais. Algumas até têm doado grande quantidade de equipamentos para o combate à Covid-19. Enquanto isso, cada um deve fazer sua parte e usar a máscara nas circunstâncias de risco de contágio.
Pode virar lei
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou projeto que exige o uso de máscara em todo o país enquanto durar a situação de emergência em saúde relacionada ao novo Coronavírus. As máscaras artesanais ou industriais serão obrigatórias para circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público, vias públicas e transportes públicos.
O substitutivo previa multa de até R$ 300 pelo descumprimento da regra, valor que poderia ser dobrado em caso de reincidência. Foi aprovada, no entanto, uma emenda de autoria do partido Democratas que transferiu para estados e municípios a definição do valor da multa. Os recursos arrecadados com as multas deverão ser utilizados no enfrentamento à pandemia
Especificações
Embora as máscaras do Convida sejam apenas para exposição e não uso diário, já está comprovada a eficácia das máscaras na prevenção do Coronavírus. O Ministério da Saúde divulgou um manual para produção de máscara caseira. A nota diz que, para ser eficiente como uma barreira física, a máscara precisa seguir recomendações como ter pelo menos duas camadas de pano; ser individual; ser feita com algodão, tricoline, TNT ou outros tecidos; deve ser bem higienizada e feita nas medidas corretas: cobrindo totalmente a boca e nariz e bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais. (Especial para O Hoje)