Com fechamento da Ceasa às quartas e sábados, pode faltar alimento
Mudança da rotina para aquisição de produto no local será um dos maiores impactos para os feirantes. Sábado será o dia de maior prejuízo. Foto – Divulgação
Marcella Vitória
Diante do fechamento da Central de Abastecimento de Goiás (Ceasa-GO) às quartas e aos sábados para desinfetação e combate a disseminação da Covid-19, a qualidade e abastecimento dos produtos pode ser prejudicada. É o que diz o Sindicato do Comércio Varejista de Feirantes e Vendedores Ambulantes de Goiás (Sindifeirante) e a Associação Goiana de Supermercados (Agos), que não descartam a possibilidade de faltar alguns hortifrutigranjeiros.
De acordo com o gerente financeiro do Sindifeirante, Luiz Henrique Mendanha, a mudança da rotina para aquisição de produto no local será um dos maiores impactos para os feirantes. Ele informa que o prejuízo pode acontecer pois o feirante que compra no mesmo dia de revenda terá que se adequar para realizar um estoque de produto. Da mesma forma os clientes que iriam no local nos dias que serão fechados para realizar as compras.
“Temos feirantes que compram R$ 3 mil em compras semanalmente e agora terá que dobrar a quantidade de produtos. Mais isso nos leva a não ter uma certeza sobre o dia do amanhã. É um tiro no escuro para o feirante investir nisso, sem saber se terá o retorno. Estamos falando de produtos altamente perecíveis e que pode perder de um dia para o outro”, explica.
Ele ainda informa que o sindicato reúne 15,5 mil feirantes e muitos já recuaram na ideia de trabalhar com estoque. “A doença existe e não tem para onde correr. Buscamos convencer o feirante que é um tempo de crise e que vai passar. Mas sabemos que não é fácil se deparar com essa situação, principalmente com o possível fechamento total da Ceasa”.
Supermecados
Segundo o presidente da Agos, Gilberto Soares, sábado será o dia de maior prejuízo para seus associados, pois muitos adquirem os produtos neste dia para ter estoque na segunda, visto que domingo o Ceasa não abre. Além disso, ele pontua que o pico de vendas acontece aos finais de semana. “Estamos com medo de que essas medidas acabem influenciando na qualidade do produto, na falta de alguns na prateleira e atinja até mesmo o produtor”.
Ele ressalta que apesar dos supermecados estarem cumprindo sua parte em relação a higienização e medidas preventivas, será difícil controlar a população com a possível falta de produtos e com possível fechamento de alguns estabelecimentos no final de semana.
“Tudo o que você estanca, uma hora transborda. Imagina um supermercado fechado por um dia por semana, como o que foi feito em Aparecida, acaba levando as pessoas para outros setores e formam aglomeração em lojas. A mesma coisa acontece com a possibilidade de falta de produtos hortifrutigranjeiros. Um cliente pode deixar uma loja e perambular pela cidade até encontrar o produto em outro”.
Gilberto explica que o fechamento ainda impacta a cadeia produtiva. “Tem produtos que não podem ser colhidos em demasia e isso impacta na qualidade do produto. A nossa expectativa é que nessa semana essa situação seja resolvida e que na próxima [semana] tudo volte ao normal”, pontua. Mas,o Plano de Emergência elaborado pela Ceasa não tem prazo de validade.