Famílias despejadas de área do Paço são alvos de nova ação da Romu neste domingo
Seplanh diz que já realizou o cadastramento habitacional e negocia uma solução com as famílias, sendo que algumas estão organizando a ida pra casa de parentes e às demais permanece a oferta de abrigo na casa da acolhida da Semas| Foto: Reprodução
Eduardo Marques
Em plena pandemia do novo coronavírus (Covid-19), aproximadamente 15 famílias – formadas majoritariamente por mulheres e crianças – foram cercadas por agentes da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) no Residencial São Marcos, região oeste de Goiânia, na manhã deste domingo (19). Os familiares são os mesmos membros da ocupação que foram desalojados por meio de determinação administrativa da Prefeitura de Goiânia, no início de julho.
Posicionados na rua (em frente ao local original de ocupação), mas sem suas barracas (que foram demolidas), eles temem ser forçados a sair sem ter para onde ir. As famílias foram expulsas neste domingo de um novo local onde estavam sem qualquer aviso prévio do Paço e nem mesmo autorização do judiciário foi concedida para o despejo.
Uma moradora, que não quis se identificar, critica a postura do prefeito Iris Rezende com as famílias desalojadas. “E aí prefeito Iris Rezende, cadê você? Olha o que você está fazendo com nós aqui na época de pandemia. Para inaugurar praça no Carolina [Park] você vem, para inaugurar praça no Goiânia Viva você vem, mas para dar uma casa ao povo você não vem. Cadê você, Iris Rezende”, pergunta.
Uma outra moradora, que também não quis se identificar, reclama que a Prefeitura de Goiânia não prioriza um plano de moradias populares para famílias de baixa renda. “A gente quer um teto para não passar frio pros outros chegar aqui de manhã e ter que desmontar tudo hoje de manhã. A prioridade é nossa casa e não praça”, desabafa.
Segundo uma aluna de Ciências Sociais e Coordenadora Geral do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Goiás (UFG), Letícia Scalabrini, após terem sidas despejadas no início de julho por ordem da Prefeitura de Goiânia e estarem morando na rua, as famílias decidiram nesta madrugada mudar para um outro local, que também fica em uma área da Prefeitura, e foram expulsas sob ataques verbais de agentes da Romu. “Na madrugada de hoje, as 15 famílias resolveram ocupar um novo local, que fica ali próximo ao original. Aí hoje de manhã elas amanheceram com os agentes da Romu expulsando-as”, disse.
Coagidos, os moradores, em parceria com estudantes da UFG e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) que acompanharam toda ação, acionaram os advogados da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO). Chegando ao local, eles negociaram com a Romu para que os moradores retornassem para a rua, que fica em frente ao terreno original de ocupação.
Prefeitura de Goiânia
Em nota, a Prefeitura de Goiânia informou que a Guarda Civil Metropolitana recebeu denúncia na manhã deste domingo (19), pelo 153, sobre nova tentativa de invasão (com montagem de barracos) de área pública municipal destinada a um Centro de Educação Infantil (CMEI), no Residencial São Marcos, mas esclarece que as famílias ainda estão no local.
“Um acordo foi feito para que os pertences permaneçam por lá, e a GCM continuará fazendo o monitoramento. A Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação (Seplanh) já realizou o cadastramento habitacional e negocia uma solução com as famílias, sendo que algumas estão organizando a ida pra casa de parentes e às demais permanece a oferta de abrigo na casa da acolhida da Secretaria Municipal de Assistencia Social (Semas), que inclusive conta com a possibilidade de acolhimento de famílias completas em ambientes exclusivos, para que não haja separação de crianças e pais”, diz o comunicado.