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domingo, 29 de dezembro de 2024
Ineficiência

Mesmo com frota nova, transporte coletivo continua a circular com aglomerações

Adição de 100 ônibus é muito inferior ao déficit de veículos no transporte público da Capital| Foto: Weley Costa

Postado em 21 de julho de 2020 por Sheyla Sousa
Mesmo com frota nova
Adição de 100 ônibus é muito inferior ao déficit de veículos no transporte público da Capital| Foto: Weley Costa

Igor Caldas

Com maior flexibilização de atividades comerciais em meio à pandemia, o transporte coletivo urbano continua a circular com aglomerações dentro dos terminais, pontos de parada e no interior dos veículos. O desrespeito ao usuário segue o mesmo de antes da epidemia do novo Coronavírus. No entanto, agora quem tem que usar o transporte público para trabalhar corre sério risco de contaminação. Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) alega adição de 100 ônibus para circular na Região Metropolitana, mas número é muito inferior ao déficit de veículos no transporte público da Capital.

Iuri Santos tem que pegar ônibus todos os dias para trabalhar. Diariamente ele usa o Terminal Bandeiras, em Goiânia e o Terminal Garavelo, em Aparecida de Goiânia. O trabalhador sempre foi indignado com a qualidade do serviço que as empresas de transporte urbano oferecem ao cidadão, mas sua revolta cresceu com a piora do serviço em época de pandemia. “Desde que eu me entendo por gente, o transporte público na Grande Goiânia sempre foi horrível, mas a situação de desrespeito piorou por causa do fator Coronavírus”, relata.

A equipe do jornal O Hoje esteve no Terminal Bandeiras na última sexta-feira (17). Ao final da tarde, a maioria dos usuários se aglomeravam nas plataformas para se digladiarem em busca de uma chance para voltar para casa. Amontoados, as pessoas não tinham nenhuma condição de respeito aos protocolos preconizados pela Organização Mundial de Saúde, como a distância mínima de 1,5 metros entre os passageiros.

Iuri afirma que a situação dos terminais fica ainda pior no início da manhã. “Se estão achando isso aqui amontoado, precisa ver como fica de manhã. É o antro da contaminação”. O passageiro ainda lamenta que a centena de ônibus adicionada à frota não diminuiu as aglomerações. “Se aumentou mesmo o número de ônibus, não fez diferença nenhuma. A gente continua sendo tratado igual carga por essas empresas”, diz o trabalhador indignado.

A CMTC afirma, por meio de nota, que no início da pandemia houve uma crescente queda de demanda dos passageiros e chegou à redução de 85%. A Companhia alega que a frota de ônibus foi sendo monitorada para atender o fluxo em horário de pico. CMTC ainda diz que está operando com 70% da frota e com a abertura do comércio, a Companhia tem acompanhado a chegada desses usuários que estavam em casa por não serem considerados trabalhadores de serviços essenciais.

A CMTC ainda diz que aumento no quantitativo de ônibus representa entre 7% e 10% para uma frota que opera com 737 veículos. O reforço é para atender as novas medidas de flexibilização das atividades comerciais adotadas pela Prefeitura de Goiânia e pelo Governo do Estado. O anúncio do reforço na frota de ônibus foi feito pelo Secretário de Governo da prefeitura, Paulo Ortegal. “Isso já é um compromisso firmado e que nós estaremos fiscalizando o cumprimento do que foi prometido pela CMTC”, afirmou.

Protocolos

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento e Tecnologia (Sedetec), o transporte coletivo deve continuar a seguir as medidas sanitárias já exigidas para seu funcionamento. De acordo com a pasta, os protocolos de saúde exigidos no transporte coletivo já estão sendo adotados há meses.

A pasta afirma que os procedimentos envolvem a higienização dos ônibus periodicamente, assim como dos terminais e da quantidade máxima de pessoas dentro dos veículos. Nenhum desses procedimentos foi identificado na tarde da última sexta-feira (17) no Terminal Bandeiras, em Goiânia. A quantidade máxima de pessoas dentro do ônibus era o limite do quanto os passageiros conseguiam se espremer para entrar no veículo.

Terminais 

O Consórcio RedeMob já haveria sugerido, recentemente, que os terminais fossem interditados temporariamente para impedir a aglomeração de passageiros e contribuir com a contenção da disseminação da Covid-19. No entanto, essa medida ainda deve se discutida de forma mais ampla com as autoridades públicas e especialistas.

Segundo o Consórcio, os terminais de integração são equipamentos públicos destinados à conexão de linhas e baldeação de passageiros e esse é a principal causa da aglomeração de pessoas. Técnicos e especialistas em transporte público de passageiros convergem no entendimento de que é impossível de que não ocorra concentração humana em qualquer região metropolitana no planeta com uma rede de quase 300 linhas plenamente integrada por meio de terminais.  Esse é o caso da Região Metropolitana de Goiânia.

Plano de mobilidade corporativa deve ser discutido 

Uma medida que está sendo discutida é o plano de mobilidade corporativa para fazer com que o setor produtivo se comprometa a custear outras formas de seus funcionários usarem meios alternativos de transporte. Segundo a Sedetec, o plano ainda está sendo negociado. Na avaliação da pasta, essa semana vai dizer muito sobre a possibilidade de haver ou não incentivo para um plano de mobilidade corporativa.

A Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC) na grande Goiânia possui 286 linhas de ônibus, atendendo a 18 municípios da Região Metropolitana de Goiânia. Destas, 178 linhas, ou seja, 62% são linhas que fazem algum tipo de alimentação e integram nos terminais, promovendo o embarque e desembarque, diariamente, de cerca de 163 mil pessoas circulando, isso em tempos de pandemia do Coronavírus. Em tempos normais, esse número pode chegar a mais de 460 mil pessoas.

Nos horários de pico, principalmente nos terminais de integração, ainda permanecem com aglomeração de pessoas, mesmo com escalonamento de horários determinado pela Prefeitura de Goiânia. Isso porque a maioria das pessoas que continua a utilizar o transporte público neste horário são trabalhadores do mercado informal e trabalhadores domésticos, não sujeitos a regulamentação pública.

Mesmo assim, houve redução da demanda de passageiros em mais de 70% na RMTC desde que foram decretados a determinação de isolamento social, a redução da demanda nos horários de pico (6h30 às 7h30 e 17h às 18h30) não foram significativas. (Especial para O Hoje)

  

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