Nielton Soares

A
menina capixaba de 10 anos que engravidou de um estuprador – suspeito é o tio
dela que já foi preso em Minas Gerais – enfrentou uma situação difícil para
entrar no hospital do Recife (PE), nesta terça-feira (18).

Para
realizar o aborto, ela precisou entrar na unidade de saúde se escondendo dentro
do porta-malas de um carro, enquanto o médico e diretor do hospital, Olimpio
Moraes, distraí religiosos e a multidão. “Criamos uma distração para tirar a
atenção e o carro passar escondido. Ninguém viu”, conta o médico, que
ouviu gritos de “assassino”, “aborteiro”,
“demônio”, “por que o senhor não mata seus filhos?”,
relatou.

Para
liberar uma das entradas, o médico atraiu para o portão principal o público que
se dividiam, bloqueando todas as entradas, para assim impedir o acesso da
menina e também a realização do procedimento.

Perseguição

Segundo
o diretor do hospital, o veículo onde estava a menina foi perseguido desde o
aeroporto, quando anotaram a placa. O obstetra pernambucano realizado abortos desde
1996 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e dirige o Centro Integrado de Saúde
Amaury de Medeiros (Cisam) – primeiro unidade a realizar abortos legais no
Norte-Nordeste.

Ao
todo, são cerca de 50 desses procedimentos por ano, entre 30 e 40 relacionados
a estupros.