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terça-feira, 26 de novembro de 2024
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Crise

Pandemia acelera desvalorização do Centro e causa saída de aproximadamente 350 empresas

O presidente da ACIC, Uilson Manzan, afirma que a crise econômica causada pela pandemia reverberou no aumento da população de rua e ambulantes no Centro de Goiânia| Foto: Wesley Costa

Postado em 8 de setembro de 2020 por Sheyla Sousa
Pandemia acelera desvalorização do Centro e causa saída de aproximadamente 350 empresas
O presidente da ACIC

Igor Caldas

Efeito drástico da pandemia nos negócios faz com que centenas de empresas fechem as portas no Centro de Goiânia. Os dados foram calculados pela Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia e Adjacências (ACIC) entre os meses de março e agosto deste ano. O fechamento afetou milhares empregos na região. A Associação estima que aproximadamente 350 empresas localizadas no Centro da Capital encerraram suas atividades no período.

O presidente da ACIC, Uilson Manzan, afirma que a crise econômica causada pela pandemia reverberou no aumento da população de rua e ambulantes no Centro de Goiânia e ajudou a desvalorizar ainda mais a região. Além disso, o período em que a abertura do comércio ficou intermitente sepultou vários negócios. “A clientela já se sente insegura de sair às ruas por causa da contaminação e o ambiente do Centro também não passa sensação de segurança”, declara.

Uilson ainda diz que antes da pandemia as empresas conseguiam enfrentar as dificuldades e executavam ações emergenciais para não fecharem as portas de vez, como corte de gastos e funcionários. “O lojista insistia em continuar com os negócios, mesmo com dificuldades, mas agora com o baque maior, muita gente ficou sem alternativa e teve que fechar as portas”. 

Desemprego

Uilson lamenta que a perda social com a saída das empresas ajuda a elevar os índices de desemprego no Estado. De acordo com o presidente da ACIC, o fechamento das lojas acabou com 2.300 postos de trabalho.

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a taxa de desocupação em pessoas com 14 anos ou mais no estado no mês de julho foi 13,4%. O índice se mostrou mais alto do que os três primeiros meses do ano, quando ainda não havia crise pandêmica no Brasil. De acordo com o IBGE, a taxa de desocupação em pessoas com 14 anos ou mais no Estado foi de 11,3% no primeiro trimestre de 2020.

Paulo Gabriel de Farias trabalha como vendedor de picolé há 12 anos pelas ruas do Centro de Goiânia. Ele afirma que nunca viu a situação da região central tão degradada. “O que mais tem é porta de negócio fechada e placa de aluga-se”, declara. Paulo também ressalta que a infraestrutura do Centro está precária e não é mais referência como polo comercial. “Está muito mau cuidado, não atrai mais ninguém. O movimento do comércio foi para outro lugar”, declara.

Infraestrutura

O presidente da ACIC acredita que faltam políticas públicas para que essas empresas consigam se segurar e gerar empregos em meio à crise. “O Centro da cidade tem que ser atrativo para um investimento que dure de 20 a 25 anos. Com a atual infraestrutura da região, o empreendimento não dura mais que cinco anos”.

Uilson ainda diz que a Prefeitura de Goiânia deveria dar mais atenção à região central da cidade com investimento em infraestrutura e incentivos fiscais para permanência de empresários. “Se as vias não tivessem tão precarizadas, com ausência de iluminação e falta de acessibilidade, o local não teria perdido tanto”. Ele ressalta que a região já estava em crise, mas foi acentuada pela pandemia.

Revitalização

Segundo o presidente da ACIC, Goiânia não teve uma revitalização do Centro da cidade que valorizasse a região a exemplo do que aconteceu em cidades do mundo no fim do século passado.  Ele diz que todas as grandes metrópoles passaram por um processo natural de desvalorização e novas centralidades na década de 1980 e 1990, mas a partir dessa época, começaram a reinvestir na valorização de seus centros históricos.

“Barcelona, Madrid, Lisboa, São Paulo e Buenos Aires investiram em projetos de infraestrutura, facilidade no trânsito e benefícios tributários para atrair empresários para os centros históricos. Goiânia nunca passou por esse processo”, lamenta.  Ele ainda afirma que é necessária a aplicação de políticas públicas eficientes para atrair abertura de novas empresas e mudar a cara do Centro.

Internet pode ajudar na saúde financeira dos negócios 

O presidente da Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia e Adjacências (ACIC), Uilson Manzan, diz que os segmentos de lojas que mais sofreram com o efeito da pandemia no Centro foram de vestuário e calçados. Ele afirma que não percebeu operação de vendas on-line em nenhuma dessas empresas que fecharam as portas no Centro da cidade nos últimos meses.

Para o gerente de negócios da Câmara dos Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Wanderson Lima, o uso das ferramentas on-line para vendas está sendo decisivo para saúde financeira das empresas. “O uso do e-commerce pode fazer com que o negócio mantenha o fluxo de vendas se o consumidor tiver deixado de ir até o local”, declara. Além disso, ele afirma que as empresas que já usavam essas ferramentas antes da pandemia, conseguiram se segurar melhor na crise.

Uma pesquisa divulgada pela CDL Goiânia (realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com a Offer Wise) mostra que a pandemia trouxe transformações nos canais de compra utilizados pelos consumidores. Mesmo que a maior parte dos entrevistados afirme ter feito a maioria das compras durante os meses de abril, maio e junho de forma off line (82%), principalmente nos supermercados (67%), uma parte relevante (47%) comprou por meio de canais on-line, principalmente em sites e lojas virtuais (32%).

O gerente de negócios da CDL Goiânia ressalta que o comércio do Centro de Goiânia é muito focado em varejo, onde a presença do cliente faz toda diferença nos negócios. No entanto, declara que a expansão dos negócios para o meio on-line, por meio de plataformas e redes sociais é cada vez mais necessária. “A nova vida trazida pelo contexto da Covid-19 força o empresário a inovar nos meios de venda, principalmente nas redes sociais”, afirma. A pesquisa também mostra o fortalecimento das redes sociais como canais de compra, seja o Whatsapp (11%), Facebook (5%) ou Instagram (5%).

Wanderson dá outras dicas para que as empresas evitem chegar ao ponto de fecharem as portas de vez. “Outros pontos interessante é negociar com os fornecedores, antecipar as contas antes que se tornem dívidas, fazer promoções para estoque parado, negociar aluguéis”, pondera. Ele ressalta que a crise econômica está sendo global e todos devem estar abertos ao diálogo. (Especial para O Hoje)

  

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