Pedro Moura

Mesmo durante a pandemia do Coronavírus, a reforma de monumentos e bens históricos de Goiânia segue com as obras iniciadas ou retomadas. A Casa de Cultura Doutor Altamiro de Moura Pacheco, por exemplo, começou as obras de reforma na semana passada e deve ser entregue em seis meses. As obras no imóvel localizado na Avenida Araguaia, no Centro da Capital, estão sendo realizadas pela empresa Engenho & Arte Produções, com recursos liberados pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás (FAC). Os investimentos na restauração totalizam R$ 500 mil.

Segundo a diretora da Engenho & Arte Produções, Giulyane Nogueira, para realizar a obra de restauro é necessário ter conhecimento dos elementos utilizados no bem original. “Se for preciso trocar alguma coisa, procuramos repor de igual forma. Essa análise não é possível com uma equipe da construção civil que não tenha capacitação específica para isso. É uma obra com pessoas mais afuniladas para esse setor”, explicou.

Para o presidente da Academia Goiana de Letras (AGL), sediada no sobrado, José Ubirajara Galli, a restauração do local trará de volta a antiga imagem da casa. “Um local de reuniões, espaço de palestras, de lançamentos de livros e também de visitação pública”, afirma. A residência foi erguida ainda nos anos 1930 e tombada bem histórico de Goiânia em 1999. Desde 1993, o local sedia a AGL. Também podem ser encontrados por lá todo o acervo original de fotos, medalhas, livros, móveis e obras de arte que preservam a história de Goiás.

Torre do relógio

Outro ícone histórico da Capital, a Torre do Relógio da Avenida Goiás também iniciou a restauração no último dia 31 de agosto. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), autarquia vinculada ao Ministério do Turismo, vai destinar quase R$ 685 mil para a obra, que tem previsão para ser entregue em março do ano que vem. A empresa vencedora da licitação é a Marsou Engenharia.

Além do reforço estrutural, a obra contempla a recuperação do revestimento em pó de pedra, das áreas com fissuras e despendimento de reboco ocasionadas pelo avançado estado de deterioração. Também vai garantir o restauro dos elementos geométricos arquitetônicos, restabelecendo seu estado de preservação e conservação, e por último, a reativação do relógio. Todo o trabalho será feito em fases como a estabilização da torre, avaliação estrutural, avaliação dos revestimentos. Além de testes de argamassa (revestimento em pó de pedra), projeto estrutural elétrico e luminotécnico e execução.

Segundo superintendente do Iphan em Goiás, Allyson Cabral, a necessidade da total restauração do bem foi constatada pelos técnicos do Instituto durante uma ação de conservação no monumento entregue no mês de maio. Desde então, os tapumes da Torre do Relógio não foram retirados para que os próximos serviços fossem executados. “O Iphan, vendo a necessidade de uma nova intervenção de caráter restaurativo no bem, se empenhou para que essa obra começasse o mais rápido possível. Logo a população de Goiânia terá de volta um dos monumentos históricos mais significativos, e que voltará a embelezar a nossa Capital, totalmente restaurado”, exaltou.

O bem foi inaugurado durante o Batismo Cultural de Goiânia, em 05 de julho de 1942, a Torre do Relógio é um dos mais antigos pontos de referência na cidade. O monumento está localizado na Avenida Goiás, próximo à Praça Cívica, que é considerada o marco inicial da construção de Goiânia. O equipamento faz parte dos componentes construídos com a finalidade de trazer modernidade à nova capital goiana. É um bem de propriedade e gestão da prefeitura do município e faz parte do Conjunto Arquitetônico Art Déco e Urbanístico de Goiânia, reconhecido pelo Iphan como Patrimônio Cultural Brasileiro. 

Processo de restauração no País 

Em fevereiro, 88 patrimônios estavam em processo de restauração em 17 estados brasileiros, com um investimento de mais de R$ 386 milhões por meio do Iphan. Dentre os patrimônios que estavam passando por obras se encontravam escolas, teatros, praças públicas, mercados, museus e igrejas.

De acordo o presidente interino do Iphan, Robson Antônio de Almeida, as obras estão transformando as cidades históricas brasileiras. “Não são aqueles restauros que as pessoas conhecem de igrejas ou de imagens. A gente faz obras de requalificação urbana, de praças, ruas, áreas de saneamento. Além de equipamento de toda ordem, como bibliotecas, teatro, cinema, equipamentos culturais e museus. É muito mais do que obras de restauro. São ações pensadas integradamente para transformar essas cidades”, explicou.

Iphan investe R$ 30,1 milhões em obras  

Em cerca de um ano, o Iphan investiu R$ 30,1 milhões em oito restaurações de bens históricos do Estado. Dentre as reformas que estão em andamento se encontram a Restauração da Antiga Chefatura de Polícia, na Praça Cívica, em Goiânia. De acordo com o Instituto, os recursos usados nas obras estão na ordem de R$ 5,8 milhões. A ação teve início em setembro de 2019. No entanto, em função da pandemia do Covi-19 ainda não há previsão de entrega da obra. A empresa encarregada de realizar a restauração é a Amazonas Engenharia.

Segundo o Iphan, outro monumento vinculado a segurança pública que está passando por obras é o 6º Batalhão da Polícia Militar da cidade de Goiás. “O recurso utilizado está na ordem de R$ 5,7 milhões. As obras se iniciaram em outubro de 2019, o bem deve ser entregueem 2021. A empresa vencedora da licitação é a Marsou Engenharia”, explicou.

Além das restaurações voltadas a segurança pública, outros bens históricos também foram contemplados, como o Teatro Sebastião Pompeu de Pina, em Pirenópolis. Foram investidos R$ 4,1 milhões na restauração do local, com as obras iniciadas em dezembro do ano passado. A previsão de entrega do bem está estipulada para junho de 2021. A Construtora Biapó está responsável pela restauração. Porém, o Instituto destacou que os meses de entrega das obras são previsões. “Os prazos podem ser alterados de acordo com o andamento e as especificidades da obra”, disse. 

No total, quatro obras já foram entregues pelo Iphan no Estado de Goiás em 2020, sendo a restauração de um imóvel histórico privado na cidade de Goiás, com investimentos de R$ 529 mil. Também foi restaurado a Antiga Delegacia Fiscal (Nova sede do Iphan em Goiás) com investimentos de R$ 11,56 milhões. Além destes, o Iphan também realizou obras de restauração do Coreto da Praça Cívica e Conservação da Torre do Relógio da Avenida Goiás, com investimentos de R$ 461 mil nas duas obras.

Por último, o Instituto realizou o salvamento emergencial da Igreja Matriz do Divino Pai Eterno de Trindade, com investimentos de R$ 826 mil.“Para este ano, não há previsão de início de outras obras com recursos do Iphan no Estado de Goiás”, finalizou. (Pedro Moura é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)