Museu Cora Coralina reabre com novas regras
Fechado desde março, museu conseguiu ser reaberto com medidas restritivas/ Foto: Reprodução
Daniell Alves
Reaberto nesta semana, o Museu Casa de Cora Coralina, na cidade de Goiás, adotou medidas para resguardar a segurança dos visitantes. Para tanto, o espaço poderá receber até seis pessoas por grupo, num intervalo de 20 minutos. De acordo com a diretora do local, Marlene Vellasco, os turistas entrarão por uma porta e sairão por outra, para evitar aglomerações. Além disso, todas as janelas permanecerão abertas para a adequada ventilação do local.
O museu estava fechado desde o início da pandemia do Coronavírus e voltou a funcionar após repasse de auxílio financeiro do Estado no valor de R$ 120 mil. A cerimônia foi realizada pelo governador Ronaldo Caiado na sede do museu e acompanhada pelo secretário de Cultura, Adriano Baldy, a prefeita do município, Selma Bastos e a diretora da instituição. O projeto de lei de autoria do governo de Goiás foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Goiás no dia 17/09 e prevê subvenção social ao museu, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult Goiás).
O recurso financeiro chega como reforço para a instituição, que vem enfrentando dificuldades desde o início da pandemia provocada pela Covid-19, que levou ao fechamento da unidade durante sete meses. Sem fins lucrativos, a casa é mantida pela arrecadação de sua bilheteria e, de acordo com a diretora, Marlene Vellasco, o benefício irá sanar as despesas básicas como a manutenção do acervo histórico – que requer cuidados constantes –, além do pagamento de funcionários.
Também será possível adquirir os equipamentos de segurança recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela vigilância sanitária municipal e, também, e pelo Conselho Internacional de Museus/ICOMOS, para garantir a reabertura do espaço com toda segurança ao público.
Ícone cultural
O jovem Guilherme Melo, 24 anos, visita o museu todas as vezes que vai a Goiás. Segundo ele, o lugar é de extrema importância histórica para a cidade e “traz um diferencial de feminismo, com uma mulher a frente do seu tempo e herança viva”. O museu é definido como um dos principais atrativos culturais de Goiás pela estudante Gabriela Rosa, 22 anos. “É um ícone cultural e tem total importância para a cidade. Quem visita, fica encantado”, revela.
Durante a ação, no quintal de Cora, o governador relembrou a infância e a vida intensa que teve enquanto morou com seu avô, na histórica cidade de Goiás, com quem ele tinha uma forte ligação e que foi o responsável por incentivá-lo e influenciá-lo no mundo da leitura. Segundo Caiado, foi a partir daí que surgiu sua admiração pelo discurso de Cora Coralina, “quando eu vi, pela primeira vez, aquela mulher pequenininha, mas que crescia em seu pronunciamento, eu não me contive as lágrimas”, relembrou Caiado.
Pelos becos de Goiás
O Museu Cora Coralina leva o nome de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, conhecida como Cora Coralina. A Casa Velha da Ponte, na antiga Villa Boa, é o lugar em que a poetisa nasceu no dia 20 de agosto de 1889. Às margens do Rio Vermelho, a casa abriga desde 1989 o museu que conserva a memória da escritora, bem como traços dos costumes do final do século 18 e início do século 19. Cora faleceu em 1985, aos 95 anos.
O Museu Casa de Cora Coralina está aberto ao público de terça-feira a domingo, das 9h às 13h. Os agendamentos para visitação podem ser feitos pelo telefone 3371-1990 ou pelo e-mail museucoracoralina@gmail.com.
Plataforma on-line dá acesso ao patrimônio cultural
Aqueles que ainda não querem sair do conforto de casa podem conhecer o museu pela internet. O site do local possui uma aba que te leva para o museu em tempo real. Além deste, os visitantes podem ter acesso a outros patrimônios históricos, como o Museu Virtual Pietro Ubaldi, Museu Vale, Museu Histórico Cultural Victor Lucas, Museu Virtual do Inmetro, entre outros.
“Na Casa Velha da Ponte, como também é conhecida essa construção, está um acervo que irá ambientá-lo no discurso poético de Cora Coralina. São vários tempos da vida da autora representados por um arquivo geral de objetos, imagens e discursos. Há desde peças de roupas até fotos, utensílios domésticos, livros, móveis e cartas, além de um jardim nos fundos com uma bica de água potável”, descreve a apresentação da plataforma.
De acordo com o coordenador geral, Rodrigo Coelho, o objetivo da plataforma é realizar a ampla divulgação e promoção do patrimônio cultural brasileiro. A primeira iniciativa foi a criação de visitações virtuais a museus brasileiros e seus acervos. “Este projeto foi e continua sendo resultado da percepção de que nesta nova era da tecnologia das informações é essencial inovar, rever e reconstruir o modo de promover a cultura. Ao perceber o potencial das visitas virtuais em promover as instituições beneficiadas, em 2013, decidimos desenvolver o projeto também para os parques nacionais e para as cidades com sítios considerados como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO”, destaca.
Ele afirma que transpor museus, exposições e monumentos do patrimônio cultural brasileiro do mundo real para o virtual, é o exercício de equipe na busca da valorização do ser humano. Também tem como meta promover a plural identidade brasileira. “As parcerias estabelecidas pela era virtual visam tornar o projeto uma referência de material didático não-formal dentro das escolas”, diz.
Após a morte da poetisa, amigos e parentes se reuniram e criaram a Associação Casa de Cora Coralina em 27 de setembro de 1985, mantenedora do Museu Casa de Cora Coralina. Entidade de direito privado, sem fins lucrativos, regido por um Estatuto, que tem como finalidade: “projetar, executar, colaborar e incentivar atividades culturais, artísticas, educacionais, ambientais, visando, sobretudo, a valorização da identidade sociocultural do povo goiano, bem como preservar a memória e divulgar a vida e a obra de Cora Coralina. O Museu foi inaugurado no dia 20 de agosto de 1989, data comemorativa dos 100 anos de nascimento da poetisa.
O patrimônio preserva frases, pensamentos, poemas e poesias de Cora Coralina. O acervo conserva a memória da poetisa e colabora para incentivar novos talentos. Entre os objetos expostos, estão imagens e discursos preservados para lembrar Cora e promover sua imortalização. No museu há diversos tipos de materiais, todos organizados e de fácil acesso aos visitantes. Há desde peças de roupas, fotos, utensílios domésticos, livros, móveis e cartas no interior da casa; além do jardim nos fundos, e da bica de água potável. (Especial para O Hoje)