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segunda-feira, 25 de novembro de 2024
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Economia

Consumo baixo pode servir como freio ao avanço recente dos preços

.O Índice Nacional de Preços ao Consumid.or Amplo (IPCA) fechou as quatro semanas do mês passado em 0,86%

Postado em 7 de novembro de 2020 por Sheyla Sousa
Consumo baixo pode servir como freio ao avanço recente dos preços
.O Índice Nacional de Preços ao Consumid.or Amplo (IPCA) fechou as quatro semanas do mês passado em 0

O
ritmo de alta dos preços, na medição feita pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), anotou leve desaceleração na última quinzena de
outubro, sinalizando a perspectiva de um comportamento mais favorável ao longo
deste mês.O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou as
quatro semanas do mês passado em 0,86%. Se essa taxa for comparada com o índice
alcançado nos 30 dias de setembro, a inflação parece ainda em elevação (mais
0,22 pontos de porcentagem, já que o IPCA de setembro havia alcançado 0,64%).
Mas essa comparação desconsidera o que houve entre o final de setembro e o
final de outubro.

Para
entender, além do IPCA “mensal”, o IBGE calcula também o chamado IPCA-15, que
captura a variação dos preços entre as duas semanas finais de um mês e as duas
primeiras do mês imediatamente seguinte. O IPCA-15 de outubro, aferido entre 16
de setembro e 15 de outubro, havia atingido 0,94%. Quer dizer, havia subido
0,30 pontos desde o final de setembro, mostrando que os preços estavam em
aceleração mais intensa nas duas primeiras semanas do mês passado. Para
comparar, o IPCA-15 de setembro, que refletiu a variação dos preços entre a
última quinzena de agosto e as duas primeiras semanas de setembro, havia
registrado 0,45%. Assim, até o final daquele mês, chegou a subir 0,19 pontos. A
aceleração, portanto, parece bem nítida, assim como a desaceleração que veio em
seguida, muito provavelmente motivada pela baixa demanda e pela elevada
ociosidade em quase todos os setores da economia.

Entre
a primeira quinzena de outubro e o fechamento do mês, o IPCA caiu ligeiramente
(-0,08 pontos de porcentagem), refletindo a perda de fôlego registrada pelos
preços de uma dezena de itens, que haviam respondido por quase 57,0% do índice
apontado pelo IBGE para o IPCA-15 de outubro. Essa contribuição foi reduzida
para 37,6% na taxa acumulada nas quatro semanas do mesmo mês. Entre os principais,
os preços do arroz, que haviam saltado 18,48% no período de 30 dias encerrado
em 15 de outubro, passaram a subir 13,36%. Na mesma comparação, o óleo de soja
saiu de uma alta de 22,34% para 17,44%. No caso do açúcar e seus derivados
(sorvetes e doces em geral), a variação saiu de 1,33% para 0,68%.

Faltou
demanda

Os
preços do leite longa vida deixaram para trás um aumento de 4,26% para
registrar baixa de 0,71% (o que sugere uma forte redução nas duas semanas
finais de outubro, possivelmente gerada pela reação negativa do consumo). O
mesmo fator pode estar por trás do comportamento dos preços na alimentação fora
do domicílio, que havia subido 0,54% entre 16 de setembro e 15 de outubro para
apresentar variação de 0,36% entre 1º e 31 de outubro (variação um terço
menor). Novamente, o setor parece experimentar um processo de acomodação dos
preços transcorridos os primeiros meses desde a retomada (parcial e gradual)
das atividades em restaurantes, lanchonetes, bares e hotéis. Os preços dos
aparelhos de televisão, som e de informática, em outro exemplo, saíram de um
aumento de 1,68% para variação de 1,07%.

Balanço

·  
Mas
persistem focos de pressão altista na área de bens duráveis (entre outros). Os
preços dos eletrodomésticos, que haviam subido 1,22% nos 30 dias encerrados em
15 de outubro, passaram a aumentar a um ritmo de 2,38%, com salto de 10,54% nos
preços dos aparelhos de ar-condicionado (provavelmente causado pela maior
procura em função da onda de calor experimentado em todo o País naquele mês).

·  
Neste
caso específico, esgotado o movimento de compra daqueles aparelhos, diante da
normalização das condições climáticas, favorecidas pelo começo da temporada das
chuvas, a velocidade de aumento naqueles preços deve ser arrefecida.

·  
Os
preços do vestuário, após quatro meses de baixas consecutivas, motivadas pelas
medidas de afastamento social, passaram a subir diante da gradual normalização
da circulação de pessoas. Entre a variação observada pelo IPCA-15 de outubro e
o IPCA “cheio” daquele mês (quer dizer, ao longo das quatro semanas do mês
passado), a alta nos preços do setor avançou de 0,84% para 1,11%.

·  
Uma
parte desse aumento pode ser relacionada ainda ao aumento nos preços do algodão
e ao impacto do dólar mais caro. Mas a influência do câmbio sobre os preços
cobrados do consumidor deve ser relativizada. Por exemplo, o custo médio dos
produtos panificados, que dependem do trigo (lembrando que o Brasil importa
mais da metade do grão utilizado pelos fabricantes da farinha de trigo), recuou
0,05% nos 30 dias de outubro, depois de subir 0,60% nas semanas anteriores.

·  
Os
produtos farmacêuticos, da mesma forma, onde há grande dependência de
importações, anotaram queda de 0,38% no mês passado. Esses preços já vinham em
baixa desde o começo do mês, acumulando recuo de 0,17% entre o final de
setembro e as duas semanas iniciais de outubro.

·  
Outra
forma de avaliar indiretamente o efeito da baixa demanda sobre o comportamento
dos preços está na comparação entre os índices de preços no atacado e ao
consumidor final. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os preços no mercado
atacadista saltaram nada menos do que 26,64% no acumulado entre janeiro e
outubro deste ano. Em igual intervalo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aferido
pela instituição variou 3,09%. Claramente, as empresas enfrentam dificuldades
para repassar aumentos de custos ao consumidor final.

·  
Com
peso de 30% na composição do Índice Geral de Preços (IGP) medido pela fundação,
o IPC recuou de 0,82% em setembro para 0,65% em outubro, reforçando os sinais
de alguma acomodação nos preços mais recentemente. Descontadas aquelas
variações que ficaram muito distantes da média, para cima e para baixo, o
chamado “núcleo” do IPC tem se mantido razoavelmente estável, chegando a recuar
ligeiramente de 0,22% para 0,17% na passagem de setembro para outubro – o que
desautoriza o alarmismo em torno da alta da inflação nas últimas semanas.

 

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