Baixa cobertura, ainda o grande desafio para conectar o campo
Associação vem trabalhando ainda na construção de soluções de conexão para pequenos e médios produtores | Foto: Reprodução
Lauro Veiga
As
dificuldades para conectar o campo à rede de telefonia móvellevaram um grupo de
empresas a lançar na Agrishow de 2019 a iniciativa ConectarAGRO, transformada
em associação sem fins lucrativos no começo deste ano. A ideia é exatamente
prover soluções para a conexão do agronegócio à internet, permitindo que o
setor utilize plenamente os recursos oferecidos pela agricultura digital,
observa Alexandre Dal Forno, head de marketing corporativo e IoT(internet das
coisas) da Tim Brasil, uma das participantes da iniciativa, juntamente com AGCO,
ClimateFieldView, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftece Trimble.
Na
área de cobertura da Tim, até o momento, perto de 5,0 milhões de hectares já têm
acesso à rede 4G e a meta proposta pela ConectarAGRO elevaria essa área para
perto de 8,0 milhões de hectares até o final de 2021. A associação vem
trabalhando ainda na construção de soluções de conexão para pequenos e médios
produtores. “Estamos conversando com cooperativas para que isso aconteça”,
sustenta Dal Forno.
Apesar
do salto de quase 60%, a cobertura projetada para o próximo ano representaria em
torno de 12,0% da área de grãos a ser plantada na safra 2020/21, estimada em 66,8
milhões de hectares. Nos dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
apenas 10,72% da área rural contariam com aceso à rede 4G em todo o país,
percentual que atingiria em torno de 23% se consideradas as conexões via
satélite e rádio, segundo estudo realizado pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (Mapa) e pela Esalq/USP.
A
operadora, retoma Dal Forno, desenvolveu um modelo de negócio específico para
enfrentar o “desafio de trazer conexão para o campo e para áreas remotas”.
Neste caso, o produtor cobre parte do investimento, recolhendo uma taxa de
participação que ajudará a cobrir parcela proporcional dos custos para a
instalação de antenas 4G e do backhaul que fará a conexão com a rede principal
da Tim. “Uma torre de 80 metros consegue oferecer cobertura para 30,0 mil a
40,0 mil hectares, a um custo inferior a um quarto de saca de soja por
hectare”, assegura Dal Forno, para quem o investimento se paga em uma safra. Para
isso, no entanto, o produtor terá que elevar a produtividade de sua lavoura em pelo
menos 0,5% no mesmo ciclo.
Troca
de dados
Os
planos da Claro para expansão dos serviços de conexão no setor rural incluem
soluções mais convencionais oferecidas pela rede 4G e ainda os padrões CAT-M e
NarrowBand-IoT (NB-IoT), segundo Eduardo Polidoro, diretor de IoT da operadora.
O sistema CAT-M, dedicado a aplicações de internet das coisas e
máquina-a-máquina (M2M, na sigla em inglês), roda sobre a rede 4G e consegue
ampliar a cobertura a partir da estação de rádio base para um raio de 20
quilômetros, otimizando o uso de máquinas conectadas. O padrão NB-IoT, embora
se destaque pela sensibilidade maior, acrescenta Polidoro, conecta apenas
sensores, permitindo que troquem dados entre si.“Ambos padrões estão
disponíveis em 100% dos nossos sites 4G”, sustenta.
Balanço
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Em
São Paulo, onde a rede 4G da Claro cobre aproximadamente 30% do território, a
cobertura habilitada para a rede CAT-M representa 66,7% da área do Estado,
subindo a 85% no caso do NB-IoT. No Rio Grande do Sul, outro polo agrícola
importante, destaca Polidoro, a rede 4G atinge 7,5% do território, mas os
níveis de cobertura sobem para quase 30,0% e para perto de 52,0% nos sistemas
CAT-M e NB-IoT, respectivamente.
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Entre
2017 e 2018, ainda separadas, BP e Bunge Bioenergia iniciaramo desenvolvimento
de algoritmos que resultariam, depois da fusão entre as duas empresas,
concluída em 1º de dezembro do ano passado, na Torre de Controle SmartLog.
Instalada em São Paulo, a central permite que a BP Bunge Bioenergia,
denominação assumida após a união das duas empresas, monitore em tempo real em
torno de 2,5 mil equipamentos, entre colhedoras, transbordos, toda sua frota de
caminhões e demais implementos.
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Inicialmente,
detalha Adriano Dalbem, diretor de suprimentos, logística e originação da
empresa, o monitoramento cobria as operações de colheita, carregamento e
transporte da cana. Além de aproveitar toda a inteligência embarcada no
maquinário, o sistema ganhou o reforço de torres com câmeras de alta definição,
que transmitem as imagens da colheita online para quatro monitores instalados na
central de controlena capital paulista e ajudam ainda na prevenção e combate a
incêndios.
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O
sistema, na verdade um hub de informações logísticas que incorpora conceitos da
indústria 4.0, com tecnologias de Big Data, inteligência artificial,
machinelearning, internet das coisas e robótica, ganhou novas funcionalidades
mais recentemente e continua em aprimoramento.“Na verdade, são nove tecnologias
integradas no SmartLog, que incorporou recentemente ferramentas para o
gerenciamento da aplicação da vinhaça a campo e para a gestão do preparo do
solo e do plantio igualmente com acompanhamento em tempo real e correção de
deficiências ao longo do processo”, afirma Dalbem.
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O
total de horas trabalhadas diariamente por colhedora saiu de 9 a 10 horas por
volta de 2017 para algo em torno de 16 a 17 horas atualmente. “Nossos algoritmos
possibilitam, por exemplo, fazer o despacho automático da frota canavieira de
acordo com as distâncias e os volumes programados para a colheita em cada
frente, buscando a eficiência máxima”, diz ele.
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Considerando
as 11 usinas do grupo, são realizadas em média 2,5 mil viagens em ciclos de
três horas. Ao encurtar esse ciclo em 10 minutos, a empresa obteve economia
anual de praticamente R$ 10,0 milhões. Nas medições da companhia, o consumo de
diesel pôde ser reduzido em 8,0%.
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O
uso do SmartLog colocou a Usina Tropical, instalada em Edeia (GO), no topo do
ranking das usinas mais eficientes, conforme benchmarking do Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC). A produtividade ali atingiu perto de 1,7 mil
toneladas de cana colhida por máquina a cada dia, com o número variando ao
redor de 950 toneladas na usina de Itumbiara, no sul de Goiás.