Comércio aposta no clima para impulsionar vendas
Enfeites, iluminação e cores vivam são as principais estratégias do comércio para atrair consumidores | Foto: Reprodução
Igor Caldas
No fim de ano, as compras têm um apelo emocional e a decoração de Natal é uma marca que chama o consumidor a presentear quem ama. Em tempos de Covid-19, a presença da clientela diminuiu na loja física. Alguns lojistas apostam na decoração de Natal como chamativo para vendas. No entanto, outras estratégias de marketing com estética natalina também devem ser usadas no meio on-line para estimular o emocional do consumidor.
Mais da metade dos consumidores (54%) devem presentear alguém no Natal este ano. Apesar da indicação positiva para o mercado, o levantamento divulgado pela CDL Goiânia revela que os consumidores devem gastar menos com presentes do que no último ano. A coordenadora de marketing e inovação da CDL Goiânia, Cleire Araújo, reforça que a pandemia pegou todos os empresários de surpresa, mas não influenciou nas apostas em decoração de Natal para alavancar as vendas.
“A decoração de Natal continua sendo chamativa porque as compras de fim de ano estão relacionadas ao emocional, com sentido de agradecimento”, defende. Cleire ainda afirma que os lojistas não deixam de investir em decoração porque os consumidores ainda vão às lojas. “Apesar da diminuição, muitos querem ver e tocar o produto antes de transformá-lo em presente”.
Para Cleire, o apelo emocional das compras de Natal ficou ainda mais forte devido à pandemia. A especialista em marketing sugere que os lojistas não foquem suas estratégias somente nas lojas físicas. “Tivemos um aumento enorme das vendas on-line e os empresários podem transferir o apelo estético e passional da época natalina em campanhas on-line”, diz.
Ela defende que o uso de estratégias como vídeos, áudios que priorizem a experiência do cliente ao fazer uma compra devem ser os fatores preponderantes em campanhas. “O empresário deve pensar no que pode oferecer de diferente de seus concorrentes para os potenciais clientes”, declara Cleire.
Proprietária de duas lojas em um dos shoppings de Goiânia, Daniela Brito, apostou na decoração de Natal para chamar os clientes para sua loja física. “Eu não aumentei o investimento em decoração, foi igual a todo fim de ano”. No entanto, a empresária afirma que houve uma queda de 6% de vendas em uma de suas lojas em relação ao mesmo período do último ano. A outra loja de Daniela teve queda de 14% das vendas. “Não sei se vamos recuperar, mas a gente sempre espera que a decoração atraia mais clientes às lojas”, diz Daniela.
Solidariedade
Um shopping em Goiânia optou por reverter à verba que seria destinada à decoração natalina quase integralmente em prol da ação solidária que arrecadou toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade. Ao todo foram aproximadamente 10 toneladas de alimentos doados pelo shopping.
Clientes puderam comprar vouchers de cestas básicas para doação à campanha. Um ponto de arrecadação foi montado em um dos pisos do shopping, com a exposição de uma grande caixa de presentes recheada com cestas de alimentos.
Décimo terceiro
Brasileiros pretendem gastar mais com presentes do que com pagamento de dívidas, aponta pesquisa divulgada pela CDL Goiânia. 30% dos entrevistados vão utilizar os recursos para economizar ou investir. 54% pretendem fazer algum “bico” para poder comprar mais presentes. Mesmo com o cenário de pandemia, retração econômica e redefinição das relações de trabalho, o 13º salário dos brasileiros terá entre os principais destinos a compra de presentes de fim de ano e gastos com as comemorações de Natal e Ano Novo.
De acordo com pesquisa divulgada pela CDL Goiânia e realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, em parceria com a Offer Wise Pesquisas, 32% dos trabalhadores pretendem utilizar o 13º salário para comprar presentes de Natal e 21% gastar nas comemorações de Natal e Ano Novo. Enquanto 30% pretendem economizar e 21% pagar contas básicas da casa.
A pesquisa também mostra que 54% dos entrevistados pretendem fazer bicos ou outras atividades para garantir um dinheiro extra neste fim de ano e, assim, garantir as compras de presentes. (Especial para O Hoje)
Cresce expectativa de venda no comércio eletrônico
As vendas do Natal 2020 devem ter uma alta de 3,4% em comparação com o de 2019, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ela aponta as vendas online como o principal impulso para chegar a esse resultado.
A previsão é uma revisão da expectativa anterior, que era de um aumento de 2,2% nas vendas em relação ao ano passado. Se confirmado, o crescimento das vendas em 2020 será o maior desde 2017.
A CNC espera que as vendas pela internet no período de Natal tenham um aumento de 64% em relação ao ano passado, acompanhando a tendência de crescimento vista ao longo de 2020. Entre o início da pandemia em março e o mês de setembro, o varejo eletrônico teve um aumento de 45% no volume de vendas, e o número de pedidos cresceu 110% na comparação com 2019.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, disse que, a despeito da conjuntura adversa, o Natal deve trazer alguma recuperação ao setor, mas prevê que 2021 terá “um cenário difícil, de lenta recuperação”.
Vagas temporárias
Enquanto as vendas devem subir impulsionadas pelo e-commerce (comércio eletrônico), a geração de vagas de trabalho temporárias deve cair 20% em relação a 2019, com 18 mil postos a menos.
A CNC aponta que a cesta composta por 214 bens e serviços mais consumidos nesta época do ano mostra que os valores medidos através do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentam avanço médio de 9,4% nos 12 meses encerrados em novembro. Se esse ritmo de reajuste for mantido, o Natal de 2020 apresentará a maior alta de preços desde 2015, com aumento 11%.
A desvalorização do Real é encarada como a principal razão para a queda de 16,5% nas importações de produtos tipicamente natalinos no trimestre encerrado em novembro, na comparação com os mesmos meses de 2019. A única categoria de produto que não teve queda de importação foi a de bebidas.
Já os alimentos estão entre os produtos natalinos mais impactados pela desvalorização cambial, que chega a 32,3% nos 12 meses finalizados em novembro, segundo a CNC.
A confederação cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para apontar que o valor desses produtos no Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação nos preços praticados pelos produtores, teve alta de 36% nos 12 meses encerrados em outubro. No mesmo período, a inflação ao consumidor final teve alta de 12% para os mesmos produtos, o que comprime as margens do varejo. (ABr)