Lucas Montagnini

O virginiano chegou na hora, mas com receio de estar atrasado. Sempre muito prestativo, cumprimentava a todos, tentava saber se estava todo mundo bem, se estavam todos confortáveis, se alguém precisava de alguma coisa. Ele é desses que fala pouco e sente muito – analisa mais ainda. Não porque é controlador, mas porque preza estar seguro. 

Ele é a rocha intransigente que sustenta as pontas quando a vida está toda descosturada, ele tapa o buraco do navio quando este está prestes a afundar. E ele te cuida, sem cobrar por isso ou se desmanchar em um jogo mesquinho de ninharias sentimentais. Ele se abre aos poucos porque sabe das lamúrias de um amor raso e fantasioso.

O jeito calmo e analítico não é por acaso, a organização do espaço físico é reflexo do zelo mental e psicológico pelo qual ele tanto preza. Fica de escanteio, te observando e anotando todas as nuances do que poderia lhe deixar apaixonado. Ele tem um lado A e B – feito vinil antigo e de trato complexo, porém belo e cheio de mistérios. Em um mundo sádico e de sentimentos líquidos, o amor sereno e apaziguador do virginiano cura mais do que efêmeras promessas de amor eterno.