Goiás está entre os dez maiores produtores de peixe no Brasil
Investimentos e acompanhamento técnico têm sido diferenciais para garantir a produção de pescado – Foto: Wenderson Araújo/CNA
Da Redação
Goiás é um dos dez estados brasileiros que se destaca na piscicultura, revela o Anuário 2020 da Peixe BR. O documento aponta uma produção de 29,5 mil toneladas de pescado referente ao ano de 2019. O montante corresponde a 26,8% da região Centro-Oeste e coloca o Estado no nono lugar no ranking nacional. Com mais de 17 mil toneladas, o equivalente a 59,8%, é a tilápia que tem feito a diferença no ecossistema e na mesa dos goianos.
“O brasileiro do interior passou a ter o hábito de se alimentar de peixe, o que não acontecia anteriormente; hoje a piscicultura se tornou uma fonte de renda importante”, disse o governador Ronaldo Caiado, durante a visita do embaixador japonês Akira Yamada a Goiás, em maio de 2019. “É uma área que precisamos alavancar e ter, cada vez mais, tecnologia”, acrescentou, na oportunidade.
É exatamente o que tem feito a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). O destaque nacional aponta o potencial econômico do setor que tem recebido aporte específico do Governo de Goiás para fortalecer a cadeia produtiva. O Estado possui hoje extensas áreas hídricas propícias à instalação de tanques-rede, viveiros escavados e farta oferta de grãos para a alimentação animal.
A piscicultura é avaliada como um setor estratégico também pela geração de renda, empregos e oportunidades. “Um dos enfoques do governo estadual é mapear e apoiar o empreendedorismo, a melhoria da renda e oportunidades. Investimos para beneficiar os piscicultores, aproveitando a potencialidade hídrica em todo o Estado, e com o entendimento de que a piscicultura é uma atividade econômica viável e sustentável”, defendeu o titular da Seapa, Antônio Carlos de Souza Lima Neto.
Ele aponta uma série de medidas de apoio ao setor. Entre elas, o programa O Agro é Social – gerando renda e transformando vidas, que beneficiou piscicultores em situação de vulnerabilidade no município de Minaçu, na região Norte do Estado. Foram doados 32 tanques-rede e alevinos, e a disponibilização de cursos e assistência técnica também se tornou uma realidade.
Os resultados contabilizados já apontam uma elevação na produção, com acréscimo de 16 mil peixes já no primeiro ciclo de produção. A ação é fruto de atuação intersetorial do Governo de Goiás, que alinha o trabalho da Seapa, Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), Gabinete de Políticas Sociais e Secretaria da Retomada.
Outra ação, integrada justamente com a mais nova pasta, consolidou um investimento de R$ 1,8 milhão para a estruturação de frigorífico para o beneficiamento de tilápia em Minaçu. Ainda no município, em outubro do ano passado, o governo estadual lançou os programas Mais Crédito e Mais Empregos para qualificar e fomentar a produção, com foco em acesso a mercados mais exigentes.
Valorizar a produção
O presidente da Associação de Aquicultores do município, Jadir Mendonça, acredita que valorizar o potencial de produção é a saída para o setor. “O objetivo é unir forças. O governo tem nos ajudado, estruturado nossa capacidade de produção. Vamos poder ampliar a destinação do nosso produto”, ressaltou.
A oferta de produtos de qualidade tem sido vistoriada com atuação da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), que instituiu o Programa Estadual de Sanidade de Animais Aquáticos (PESAA). A iniciativa visa a padronização de procedimentos sanitários nos estabelecimentos de criação de animais aquáticos.
“O peixe é uma opção altamente saudável e o nosso pescado tem qualidade muito boa. Atuamos para que o processamento dessa matéria-prima chegue ao consumidor de maneira extremamente confiável”, avaliou o secretário.
Pequenos produtores investem em camarão no Cerrado
Com o suporte do governo estadual, uma família de pequenos produtores no município de Águas Lindas de Goiás apostou na criação de camarões, por meio de um empreendimento pioneiro, o projeto Camarão do Cerrado. A produção inédita em solo goiano exigiu pesquisa e monitoramento para alcançar uma despesca de 3 mil quilos do crustáceo por mês. “Tínhamos um grande desafio de adaptar o camarão ao Centro-Oeste. A Emater fez história com a gente, pois fizemos história no Centro-Oeste”, declarou a produtora Ana Paula de Souza.
Ela explicou que o suporte da Emater abarcou desde a orientação para levantar a documentação necessária para regularizar a atividade até a avaliação sistemática das condições dos tanques durante o início do processo produtivo. Para Ana Paula, o maior desafio foi a adaptação da espécie criada, o camarão-da-malásia, às condições climáticas de Goiás. “Ao trazer para o Cerrado goiano, tivemos que fazer um acompanhamento rigoroso do pH da água, avaliar as condições da variação climática, que é muito grande aqui durante o dia”. Atualmente, o grupo familiar presta consultoria a futuros produtores.
A atuação do governo no aparato técnico e de pesquisa, com apoio direto ao produtor via Emater, tem sido determinante, de acordo com o secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Neste caso, a Emater trabalhou diretamente para o incremento de rentabilidade”, afirmou.