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domingo, 24 de novembro de 2024
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Isolamento

Volta às aulas presenciais traz divergência entre pais e professores em Goiás

Algumas escolas da rede privada já voltaram a ter aulas presenciais no sistema híbrido; rede estadual pretende adotar sistema em 25 de janeiro | Foto: Divulgação

Postado em 17 de janeiro de 2021 por Nielton Soares
Volta às aulas presenciais traz divergência entre pais e professores em Goiás
Algumas escolas da rede privada já voltaram a ter aulas presenciais no sistema híbrido; rede estadual pretende adotar sistema em 25 de janeiro | Foto: Divulgação

Luan
Monteiro

Com o início do registro de casos da Covid-19 em Goiás em março de 2020 muitas escolas tiveram que agir rápido para
garantir o ensino a seus alunos. A melhor escolha, na época, foi o ensino
on-line, o que causou diversos problemas tanto para pais quanto para alunos.

Com o crescimento exponencial de
infecções no Estado, parecia não haver uma luz no fim do túnel, porém, no
quarto trimestre de 2020 muitas escolas, em sua maioria privadas, adotaram o
sistema de ensino híbrido, onde 30% dos alunos frequentam presencialmente e os
outros 70% continuam a assistir aulas de forma on-line.

Na rede estadual de ensino de Goiás,
a volta do ensino presencial está prevista para o dia 25 de janeiro, de forma
híbrida. Ocorrendo rodízio de 15 em 15 dias, alternando os alunos que devem
comparecer à escola. Estas aulas serão facultativas e caberá aos pais ou
responsáveis a decisão. Caso, optem por continuar o ensino a distância, estes
deverão assinar um termo de compromisso.

A Maple Bear, instituição privada de
ensino infantil e fundamental com cinco unidades na região metropolitana de
Goiânia, adotou esse sistema ainda no ano passado. A decisão de adoção foi
tomada após a criação de uma série de medidas de prevenção para garantir a
segurança de alunos e colaboradores.

Segundo a coordenação da instituição
de ensino, medidas como a higienização de materiais e objetos utilizados em
salas de aula, utilização individual de brinquedos, checagem de temperaturas e
utilização de máscaras foram essenciais para garantir a segurança dos alunos.

“Os alunos a partir de 3 anos de
idade estão utilizando a máscara dentro da sala de aula. Toda a equipe está de
máscara e face shield e, seguindo esses protocolos rigorosamente, em mais de um
mês e meio de aula presencial em 2020 não tivemos nenhum caso de covid. E
continuaremos seguindo esses protocolos em 2021”, explicou a coordenadora de
operações da Maple Bear, Mariana Siqueira.

Para a escola, a adoção do ensino
não teve muitas barreiras, e que muitos alunos, mesmo tendo certas
dificuldades, conseguiram, com o apoio da instituição, se sobressair. Segundo a
coordenadora pedagógica, Sabrina Oliveira, a escola conseguiu manter controle
de participação dos alunos. “Durante
as aulas online são realizadas muitas atividades, muitos exercícios são feitos
durante a aula ao vivo com o professor. E ali, tanto o professor quanto os
assistentes, eles conseguem ter esse olhar para quem está participando, para
quem está contribuindo, para quem está comentando, para quem está se
colocando”, apontou Sabrina.

“Um pequeno número de alunos sentiu muita falta do
presencial, e isso impactou no resultado, na disciplina, na forma de gerenciar
e organizar os seus estudos. Porém, percebemos que foi algo mais emocional do
que uma dificuldade de realmente aprender, e sempre estivemos muito presentes
com esses alunos. Chegando a fazer algumas visitas presenciais para ter todo
esse cuidado”, complementou.

Pais

Para alguns pais, a situação é um
pouco mais complicada. Lidar com a vida profissional e cuidar dos filhos
estudando de casa muitas vezes se mostra um desafio. Porém, alguns ainda não
acreditam que seja o momento da volta ao ensino presencial.

Para Mayara Souza, mãe de dois
alunos da rede pública de ensino, o momento ideal para a volta das aulas
presenciais é após a vacinação, e que, mesmo o ensino a distância sendo
precário na rede pública, a segurança é mais importante.

“O ensino a distância é precário e
meus filhos não estão aprendendo de maneira adequada. O governo deveria
investir mais na educação a distância até que as aulas presenciais voltem. Por
mais que nos dedicamos, podemos notar que o desempenho caiu muito” aponta
Mayara.

“Para que tenhamos segurança nas
voltas às aulas presenciais, o mínimo é a aplicação do distanciamento social,
álcool em gel, máscaras, salas com menos alunos, além da carga horária
reduzida. Porque a escola e o convívio com outras crianças são fundamentais na
formação do caráter de uma pessoa, porém, o aumento no contágio não nos passa
segurança”, completou.

Já Ariane Souza, mãe de uma aluna de
escola privada, não vê problema na volta do ensino presencial, sendo apenas
indispensável a adoção de medidas de segurança.

“Acredito que já está no momento de
voltarem vi as aulas, todo comércio está funcionando normalmente, então não
vejo por que às escolas também não retornarem. Porém, é necessário o uso de
máscaras, higienização, distanciamento, o uso de objetos particulares e ter a
fiscalização desse protocolo”, aponta Ariane.

Para ela, a adaptação para o novo
modo de ensino foi muito difícil, e que parte da culpa foi na dificuldade da
escola de desenvolver a plataforma e treinar os professores para a nova forma
de ensino. “Foi muito difícil a adaptação, e o acompanhamento em tempo real das
atividades escolares, a escola demorou a desenvolver a plataforma, os
professores tiveram dificuldades, conteúdos atrasados”, completou.

Professores

A professora de geografia do ensino
fundamental, Stephany Lopes, existe um grande risco na volta de aulas
presenciais, e que “Em plena pandemia as aulas presenciais são preocupantes,
coloca praticamente todo mundo em risco, tanto os professores quanto os alunos”.

Stephany também diz que o presencial
facilita bastante para os professores, porém, o momento ideal de voltar com
esse tipo de ensino é apenas após a vacinação de grande parte da população.

“O presencial facilita para nós
professores acompanhar o aprendizado do aluno, o aluno consegue ficar mais
comprometido com conteúdo. No online, para o conteúdo chegar até o aluno, até a
sua compreensão é mais difícil, porém temos algumas facilidades do online, como
a grande atualização de recursos através da internet”, completa.

Já Fernando Cabral, professor há 20
anos, acredita que a volta das aulas presenciais é um erro, devido a falta de
testes para os alunos e colaboradores, e trazer esse sistema agora, mesmo que
híbrido, é colocar em risco tanto o professor quanto o aluno.

“A questão da volta das aulas
presenciais é muito complicada, principalmente pela falta de testes para os
alunos, os colégios não estão testando os professores, e a disseminação do
vírus é pelo ar, então não sabemos se vamos ser infectados ou não”, explica
Fernando.

Sobre as aulas remotas, Fernando
acredita que seja também um problema, e que o aluno sai perdendo sempre. “As
aulas deixam um déficit para o aluno, devido a falta de contato diário com o
professor para tirar dúvidas, por mais que nos esforcemos ao máximo para
resolver os problemas dos alunos, dificilmente chegamos a um ponto em comum.
Principalmente em momentos como esse, de vestibulares, do ENEM, o aluno sai
prejudicado. Acredito que o problema vem principalmente da pressa de implementação
desse novo sistema de educação, mas como foi o momento de trabalhar em
segurança, tentamos adaptar ao máximo”, completou. (Especial para O Hoje)

 

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