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sábado, 23 de novembro de 2024
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Covid

Leitos particulares se esgotam em algumas cidades goianas

Médica infectologista alerta população para medidas de prevenção para evitar colapso | Foto: Reprodução

Postado em 20 de janeiro de 2021 por Sheyla Sousa
Leitos particulares se esgotam em algumas cidades goianas
Médica infectologista alerta população para medidas de prevenção para evitar colapso | Foto: Reprodução

Eduardo Marques

As unidades de terapia intensiva (UTIs) para Covid-19 da rede privada e pública de Saúde de Goiás atingiram a capacidade de 64,98% de ocupação. Os dados são da plataforma virtual Painel do Estado Covid-19 e foram atualizados às 15h de terça-feira (19). A rede privada, por sua vez, está em 76,19%. Em alguns municípios não há mais vagas na rede particular. Em Goiás, há 634 leitos ao todo.

Ainda conforme os dados da plataforma, a taxa de ocupação de enfermaria para Covid-19 na rede privada está em 43,80% no Estado. Nos hospitais públicos estaduais, a taxa de ocupação de enfermaria é de 49,32%. Na Capital, o índice de ocupação das enfermarias da rede privada é de 45,88%.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) informa que há 331.792 casos de doença pela Covid-19 no território goiano. Destes, há o registro de 319.448 pessoas recuperadas e 7.107 óbitos confirmados. No Estado, há 284.191 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 215.087 casos.

Ao O Hoje, a médica infectologista do Hospital Orion, em Goiânia, Juliana Caetano Barreto aponta que na unidade de saúde o sistema de leitos de UTIs voltados para Covid-19 entrou em colapso. Segundo ela, lá já está com lotação máxima. “Nesse momento estamos com uma lotação máxima no Hospital Orion, com 100% de ocupação dos leitos para Covid-19”, diz.

Para reduzir os impactos, a médica enfatiza que é necessário aumentar o número de leitos de UTIs voltados para Covid-19, mas reconhece que não é simples. “A forma emergencial é aumentar o número de leitos, mas é complexo. Até porque tem custos altos. Para aumentar o número de leitos precisa ter paramentação aparelhagem e profissionais capacitados”. Para evitar o colapso geral, ela alerta ao uso de máscara, higienização correta das mãos e distanciamento social de 1,5 metros. “Fica parecendo repetitivo, mas só repetindo mil vezes para as pessoas tomarem consciência”, adverte.

Ela destaca que os hospitais particulares estão tomando providências. “Se a pessoa tiver consciência social e empatia ao próximo, vai reduzir esse colapso o mais rápido, porque criar leitos não é simples. Tanto que os hospitais privados já estão tentando, transformando leitos de enfermaria em UTI. Essa emergência tem sido tentada a todo momento”.

Embora a pandemia do Coronavírus esteja afetando a economia, ela destaca que é possível manter os cuidados necessários. “Se contar a economia, realmente ela não tolera mais em nosso país, o mundo em si tem sofrido com o lockdown, com o fechamento do comércio, mas é possível manter a economia se as pessoas manterem o respeito. Tenha limite de pessoas ao entrar nos lugares, mantenha o distanciamento, uso máscara. Eu entendo que ela incomoda, mas nesse momento é um momento de prevenção de vida. Mesmo incomodado, use a máscara. É para sua proteção e dos outros”.

Vacinação

Apesar da vacina ter sido aprovada nesse domingo (17) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a especialista alerta para que a população se conscientize sobre a imunização. “Ela tem efeitos se um grande contingente vacinar e o pensamento, principalmente em uma pandemia, é que o coletivo que tem que preponderar sobre o individual. Se eu ajudo todo mundo eu me ajudo. Se 95% da população se vacinar, conseguiremos erradicar a doença”, adverte.

Ela diz que a vacina vai evitar mortes, casos graves e internações. “Se muitas pessoas vacinarem vamos conseguir o que queremos: evitar mortes, internações e casos graves. Em relação a internação, de casos graves e evoluir para óbito, ela reduz em muito mais, chegando até 90%. Se você tem menos de 50% de pegar, e quase 100% menos a menos de falecer, você vai ter, se pegar, uma gripe leve. Isso é muito interessante. Por isso é primordial que muita gente vacine”, afirma.

Vacinação coletiva

Ela destaca que a vacinação coletiva é um ato de amor ao próximo. “Isso, é um pensamento de saúde coletiva. É um pensamento de amor ao próximo. É um pensamento de empatia, eu acho muito importante nesse momento toda população estar junto nessa luta. Todo mundo está sofrendo com essa pandemia”.

Apesar da vacina não ter dados concretos sobre o período de imunidade, a médica prevê que haja necessidade de tomá-la com sazonalidade. “Às vezes vai vir com uma sazonalidade, pode ser que a gente tenha que vacinar igual a gripe H1N1, pois ainda não temos essa resposta, pode ser que ela seja periódica, por causa dessas mutações que o vírus tem sofrido”.

O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, disse que é preciso mudar o comportamento social em razão da pandemia do novo Coronavírus. “O inimigo é um só. A nossa chance, a nossa melhor chance nesta guerra passa, obrigatoriamente, por uma mudança de comportamento social, sem a qual, mesmo com vacinas, a vitória não será alcançada”, declarou.

Juliana salienta que o setor público tem convênio com a rede privada. “Eles contratam muito serviço da rede privada. A rede pública está superlotada. Já na privada já não tem mais vaga. Depois que a rede pública está toda lotada, ela usa esses hospitais conveniados da rede privada também. Está tudo muito cheio”.

O Hoje entrou em contato com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) para comentar sobre a ocupação de leitos de UTIs para Covid-19 na rede, mas foi informado pela assessoria de imprensa que essas informações estão sendo repassadas regularmente à SES-GO e podem ser consultadas no painel que ela disponibiliza. Segundo a nota, no momento, a entidade não está falando sobre o assunto. A reportagem também entrou em contato com o Conselho Estadual de Saúde de Goiás, por e-mail, mas não obteve retorno. 

Especialistas apontam aprendizados da pandemia 

É possível afirmar, após dez meses de convívio com o novo Coronavírus no Brasil e mais de um ano no mundo, que a sociedade está passando por transformações permanentes. O “novo normal” passa, necessariamente, pela busca por mais qualidade de vida e por mais saúde.

Os especialistas concordam que já é nítido os riscos da obesidade, do sedentarismo e do consumo de alimentos ultraprocessados, entre outros. Tudo isso fez com que a sociedade percebesse com mais clareza que as questões de saúde são essenciais para a vida. As novas perspectivas sociais são acompanhadas de cautela e de um alerta importante: a ciência e a medicina salvam vidas.

Infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio aponta que cumprimentos, como beijos e abraços, precisaram ser repensados e evitados. “Assim, provavelmente, as reuniões sociais do futuro serão marcadas por novas regras e hábitos de comportamento, reflexo do atual cenário”.

De acordo com o pneumologista intensivista Thiago Fuscaldi, as máscaras ainda vão fazer parte da rotina por mais tempo. “Até que tenhamos uma vacina disponível e grande parte da população imunizada, temos a necessidade do uso da proteção. Mesmo depois, a tendência é que o hábito seja incorporado, especialmente nos cuidados com as infecções virais”. (Especial para O Hoje)

 

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