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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
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2ª onda da Covid

Em Goiás, mortes chegam a quase 1 por hora e preocupam autoridades

Estado tem ocupação de mais de 71% dos leitos das UTIs e cerca de 45% das enfermarias | Foto: Wesley Costa

Postado em 27 de janeiro de 2021 por Sheyla Sousa
Em Goiás
Estado tem ocupação de mais de 71% dos leitos das UTIs e cerca de 45% das enfermarias | Foto: Wesley Costa

Eduardo Marques

De acordo com o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), na tarde desta terça-feira (26), Goiás registrou 23 novas mortes em decorrência da Covid-19 nas últimas 24 horas. Há 7.318 óbitos ao todo no Estado até o momento, e uma taxa de letalidade de 2,13%. Há 212 óbitos suspeitos que estão em investigação.

Nos últimos 16 dias Goiás registrou 355 mortes por Covid-19 em comparação com a quinzena anterior, número representa um aumento de 61% nos óbitos causados pela doença. De acordo de dados da Secretária de Estado da Saúde (SES-GO), de 26 de dezembro de 2020 a 9 de janeiro deste ano, foram 220 óbitos, 135 a menos do que de 10 a 26 de janeiro.

De acordo com a pasta, o Estado possui 342.816 casos confirmados da Covid-19. Destes, há o registro de 330.282 pessoas recuperadas. No Estado, há 294.918 casos suspeitos em investigação. Já foram descartados 217.545 casos suspeitos da doença.

O Estado tem ocupação de mais de 71% dos leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e cerca de 45% das enfermarias, conforme o Painel de Covid-19 do Estado. De 555 leitos de UTIs, 383 estão ocupados. Já de enfermaria, há 945 leitos, sendo 415 ocupados. Além disso, das grandes cidades, somente Rio Verde, Anápolis, Aparecida de Goiânia e Goiânia ainda não atingiram a capacidade máxima de lotação dos leitos específicos para pacientes com Covid-19, enquanto já faltam leitos de UTI em cidades como Caldas Novas e Jataí.

Em entrevista ao O Hoje, a médica infectologista Juliana Caetano Barreto ressaltou que é necessário aumentar o número de leitos de UTIs voltados para Covid-19, mas reconhece que não é simples. “A forma emergencial é aumentar o número de leitos, mas é complexo. Até porque tem custos. Para aumentar o número de leitos precisa ter paramentação aparelhagem e profissionais capacitados”. Para evitar o colapso geral, ela alerta para o uso de máscara, higienização correta das mãos e distanciamento social de 1,5 metros. “Fica parecendo repetitivo, mas só repetindo mil vezes para as pessoas tomarem consciência”, adverte.

Mudanças

Embora a pandemia do Coronavírus esteja afetando a economia, ela destaca que é possível manter os cuidados necessários. “Se contar a economia, realmente não é mais tolerável em nosso País, o mundo em si tem sofrido com o lockdown, com o fechamento das coisas, mas é possível manter a economia se as pessoas manterem o respeito. Tenha limite de pessoas ao entrar nos lugares, mantenha o distanciamento, use máscara. Eu entendo que ela incomoda, mas este é um momento de prevenção de vida. Mesmo incomodado, use a máscara. É para sua proteção e dos outros”.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse que é preciso mudar o comportamento social em razão da pandemia do novo Coronavírus. “O inimigo é um só. Nossa melhor chance nesta guerra passa, obrigatoriamente, por uma mudança de comportamento social, sem a qual, mesmo com vacinas, a vitória não será alcançada”, declarou.

Este aumento expressivo, que vem ocorrendo de forma ampla em todo Brasil, ainda pode ser resultado das festas de Natal e Ano Novo e, mesmo com o início da vacinação ainda é necessário se atentar para o uso de máscaras, álcool em gel 70% e evitar aglomerações.

Lei Seca

Devido ao aumento de casos de Covid-19 em Goiás, o governador Ronaldo Caiado assinou, nessa terça-feira (26), o decreto nº 9.803, que restringe o comércio e o consumo de bebidas alcoólicas em locais de uso público ou coletivo, entre 22h e 6h em todo território goiano. O documento com as novas regras foi publicado em edição suplementar do Diário Oficial do Estado. 

A divulgação ocorre após videoconferência na segunda-feira (25) e decisão conjunta com prefeitos por meio de enquete em que 95,7% dos 141 votantes se posicionaram a favor da implantação da medida. Votaram todos os participantes da reunião virtual. Entre os que se posicionaram favoráveis à edição do decreto estão os dois maiores municípios do Estado: Goiânia e Aparecida de Goiânia. 

Na reunião, a superintendente de Vigilância de Saúde de Goiás, Flúvia Amorim, apresentou um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) que mostra a chegada da segunda onda da Covid-19 ao Estado. Para a superintendente, o temor é que este momento seja pior que o primeiro, como tem sido visto em outros estados, apontando o exemplo do Amazonas, que entrou num colapso da rede pública de saúde.

Pesquisador desmistifica efeitos da vacinação 

A cada dia a realidade da vacinação contra a Covid-19 está mais próxima. Enquanto em vários países do mundo a campanha de imunização contra a doença já começou, no Brasil ainda há quem duvide da eficácia dos antídotos e questiona a respeito de seus efeitos colaterais. Apesar de uma onda negacionista em torno da segurança das vacinas, especialistas garantem que não há motivos para preocupação.

“As vacinas não alteram a sequência de DNA de um corpo humano. Ela apenas apresenta ao corpo as instruções para construir imunidade”, afirma o neurocientista e pesquisador científico Fabiano de Abreu, em entrevista à revista Casa e Jardim, da editora Globo.

“O mRNA é um mensageiro sintetizado a partir de um molde de DNA, ou seja, uma cópia de uma das fitas do DNA e não o original que contém informações que determinam quais os aminoácidos necessários para a construção de determinada proteína. No caso da vacina, o mRNA recebe informação genética sobre o vírus e engana o corpo para que produza a proteína do invasor, no caso o vírus”, detalha

Deste modo, segundo o neurocientista, a vacina “ensina” as próprias células do corpo humano a produzirem proteínas parecidas com o Sars-CoV-2, e, a partir daí, o sistema imune reconhece a ameaça e cria uma resposta que protege o organismo de uma futura infecção.

“Elas (as vacinas) agem diretamente no sistema imunológico, estimulando o organismo para a produção de anticorpos dirigida, especificamente, contra o agente infeccioso ou contra seus produtos tóxicos. Além disso, desencadeiam uma resposta imune específica mediada por linfócitos, bem como tem por objetivo formar células de memória, as quais serão responsáveis por desencadear uma resposta imune de forma rápida e intensa nos contatos futuros. A vacinação é, portanto, um meio de se adquirir imunidade ativa não contraindo uma doença infecciosa”, completa.

Juliana Barreto diz que a vacina vai evitar mortes, casos graves e internações. “Se muitas pessoas vacinarem vamos conseguir o que queremos: evitar mortes, internações e casos graves. Em relação a internação, de casos graves e evoluir para óbito, ela reduz em muito mais, chegando até 90%. Se você tem menos de 50% de chance pegar, e quase 100% a menos de falecer, você vai ter, se pegar, uma gripe leve. Isso é muito interessante. Por isso é primordial que muita gente vacine”, afirma.

A médica infectologista destaca que a vacinação coletiva é um ato de amor ao próximo. “Isso é um pensamento de saúde coletiva. É um pensamento de amor ao próximo. É um pensamento de empatia, eu acho muito importante nesse momento toda população estar junto nessa luta. Todo mundo está sofrendo com essa pandemia”. (Especial para O Hoje) 

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