Após golpe de Estado, protestos em Myanmar são contidos com balas de borracha
Tensão aumenta no 4º dia de protestos contra golpe de Estado | Foto: Reprodução
Canhões de água, balas de borracha e gás lacrimogêneo: a tensão continua a aumentar nesta terça-feira (9/1) em Myanmar, no quarto dia de grandes manifestações em todo o paÃs contra o golpe de Estado de 1º de fevereiro.
Em Naypyidaw, a capital, a polÃcia disparou balas de borracha contra manifestantes, de acordo com testemunhas.
Antes, a polÃcia tinha recorrido a canhões de água contra um pequeno grupo que se recusava a dispersar, durante um bloqueio de estrada das forças de segurança.
Em Mandalay, a polÃcia utilizou gás lacrimogêneo “contra manifestantes que agitavam bandeiras da Liga Nacional para a Democracia [LND]”, partido de Aung San Suu Kyi, a presidente eleita em novembro, disse um morador à agência de notÃcias France-Presse.
O movimento de desobediência civil em Myanmar contra a junta militar que tomou o poder prossegue hoje em todo o paÃs, apesar da lei marcial decretada na véspera, uma tentativa dos militares de evitar protestos.
Milhares de pessoas conseguiram contornar os dispositivos e estão concentradas em zonas fortemente protegidas pela polÃcia.
Na última segunda-feira (8/2), a junta militar impôs a lei marcial em várias cidades e distritos de Rangum, em resposta às manifestações, e proibiu aglomeração de mais de cinco pessoas. Decretou ainda o recolher obrigatório noturno, entre outras medidas.
O anúncio veio depois de os militares, por meio do canal de televisão estatal MRTV, terem ameaçado tomar medidas contra os manifestantes, que acusaram de prejudicar estabilidade, segurança e o Estado de Direito no paÃs.
Na última segunda-feira (8/2), no primeiro discurso à nação, Min Aung Hlaing apelou aos birmaneses para se manterem “unidos como um paÃs” e olhar “para os fatos e não para as emoções”, ao mesmo tempo que justificou o golpe militar com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro.
Dezenas de milhares de pessoas ocuparam as ruas do paÃs desde sábado (6) para protestar contra a tomada do poder pelo Exército – que já governou Myanmar com mão de ferro entre 1962 e 2011 -, e exigir a libertação dos lÃderes democráticos detidos, incluindo a Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
Pelo menos 170 pessoas foram detidas, a grande maioria polÃticos e membros da LND, partido governante, e de Suu Kyi, incluindo 18 que já foram libertados.
No governo desde 2016, a LND venceu claramente as eleições gerais de novembro, mas os militares afirmaram que esses resultados foram manipulados. (Agência Brasil)