O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

domingo, 24 de novembro de 2024
PublicidadePublicidade
Desconstrução

Expressões racistas para entender e retirar do vocabulário

Perpetuação de palavras racistas no português diz muito sobre o preconceito racial no Brasil | Foto: reprodução

Postado em 16 de fevereiro de 2021 por Redação
Expressões racistas para entender e retirar do vocabulário
Perpetuação de palavras racistas no português diz muito sobre o preconceito racial no Brasil | Foto: reprodução

Igor Afonso

Por mais que existam leis que garantam a igualdade entre todos e criminalize a discriminação racial, o racismo é um processo histórico tão enraizado que modela a sociedade brasileira até hoje. O racismo estrutural permeia as relações e está presente nas instituições, nos espaços de poder e também na forma de falar e se expressar, ainda que inconscientemente. Quando expressões como ‘a coisa tá preta’ ou ‘denegrir’ se tornam naturais e são faladas até mesmo por aqueles que se garantem não racistas, é um claro indício do quanto o preconceito está incorporado na sociedade.

Para ajudar no debate e na desconstrução do racismo estrutural, a reportagem do O Hoje separou 8 expressões que possuem cunho racista e explicou suas origens, confira:

Criado Mudo

Aquele móvel baixo que normalmente fica na cabeceira da cama tem esse nome porque, na época da escravidão, os escravos ficavam nesse mesmo lugar segurando as coisas para os “senhores”, sem fazer barulho, para não atrapalhar. 

Mulata

Na língua espanhola, a palavra fazia referência ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade. 

Nhaca

Desde o português do Brasil Colônia, a palavra vem sendo usada para referir-se ao mal cheiro, forte odor, no entanto Inhaca é uma ilha de Maputo, em Moçambique, onde vivem até hoje os povos Nhacas, um povo Ban. 

Nega Maluca

A personagem nega maluca é a representação exacerbada e totalmente estereotipada da mulher negra: preta, pobre, descabelada, com sua sexualidade explorada, exposta e hipervalorizada, sorridente ao extremo, o que muitas vezes pode representar uma falta de senso crítico diante das mazelas da vida.

A coisa tá preta

A fala racista se reflete na associação entre “preto” e uma situação desconfortável, desagradável, difícil, perigosa. 

Meia Tigela

Os negros que trabalhavam à força nas minas de ouro nem sempre conseguiam alcançar suas “metas”. Quando isso acontecia, recebiam como punição apenas metade da tigela de comida e ganharam o apelido de “meia tigela”, que hoje significa algo sem valor e medíocre. 

Doméstica 

Negros eram tratados como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos”, para serem “domesticados”. 

Não sou tuas negas

A mulher negra como “qualquer uma” ou “de todo mundo” indica a forma como a sociedade a percebe: alguém com quem se pode fazer tudo. Escravas negras eram literalmente propriedade dos homens brancos e utilizadas para satisfazer desejos sexuais, em um tempo no qual assédios e estupros eram ainda mais recorrentes. Portanto, além de ser profundamente racista, o termo é carregado de machismo.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos canais de comunicação do O Hoje para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.
Veja também