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sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
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Novidade

Vladimir Safatle lança nova música do álbum ‘Tempo Tátil’

A partir desta sexta-feira (19), está no ar a peça instrumental ‘Instância e explosão’, nos principais serviços de streaming | Foto: Divulgação/Vladimir Safatle

Postado em 19 de fevereiro de 2021 por Augusto Sobrinho
Vladimir Safatle lança nova música do álbum 'Tempo Tátil'
A partir desta sexta-feira (19)

Elysia Cardoso

Nesta sexta-feira (19), o público
pode conferir mais uma música do álbum ‘Tempo Tátil’, novo disco de Vladimir
Safatle, que é especializado em filosofia da música. Desta vez a instrumental
‘Instância e explosão’, com Vladimir Safatle (piano) e Igor Willcox (bateria),
já está disponível nos principais serviços de streaming e na plataforma Sesc
Digital.

Sobre “Instância e
explosão”, Vladimir Safatle comenta que “não há ruas sem saídas. Um
limite nunca é exatamente um limite. Ele é o ponto de transformação de uma
situação. É tudo uma questão de saber como abordá-los. Até porque, se for para
analisar em termos de fracasso, nada sob o sol está imune de ser visto como um
fracasso. O que mostra a falta de sentido absoluta da avaliação”.

O artista completa: “Tem uma
mágica que consiste em, de tanto bater o carro com a parede no fim da rua, você
acaba construindo uma saída. Era assim que John Cage fazia música. Schoenberg
uma vez lhe disse que ele compunha como quem batia a cabeça contra uma parede.
No que ele respondeu: ‘Então eu quero bater a cabeça até furar a parede’. Que
São Cage acompanhe os “maus” condutores até a próxima colisão”,
finaliza.

Sobre Tempo Tátil

Composto, em sua maioria, entre
2008 e 2020, essas peças marcam o abandono da exploração da forma-canção, como
vemos no primeiro trabalho de Safatle, ‘Música de
superfície’. Aqui, as peças giram em torno de um trabalho de liberação do tempo
musical de seus esquemas estruturais. Isso produz peças que se desdobram entre
o desfibramento, com um imobilismo aparente que é, na verdade, forma, de
liberar os sons ao desenvolvimento de relações laterais, e a pulsação, como se
a repetição pudesse fazer o papel de sustentação de um processo que se recusa
conscientemente a andar para frente.

Desfibramento e pulsação são também
formas de confrontar o fantasma originário brasileiro, esse mesmo que nos
ensina que aqui é uma terra sem estrutura, sem lei, sem continuidade, sempre
assombrada pelo amorfo. Uma música fiel a seu conteúdo de verdade deve então
saber não fugir de tal fantasma, produzindo a partir exatamente daquilo que nos
ensinaram como sendo improdutivo.

O primeiro single lançado foi ‘O
amor vai desterrar nossos corpos’, disponível na internet desde 22 de janeiro.
Sobre a obra composta pelo pianista em cima do poema ‘Er war Erde in Ihnem’
(Havia terra neles), de Paul Celan e traduzido pelo próprio músico e filósofo,
Safatle lembra desse comentário de Celan: “Mas ao mesmo tempo são também,
em tantos outros caminhos, caminhos nos quais a língua se torna sonora, são encontros,
encontros de uma voz com um Tu perceptível, caminhos de criaturas, esboços de
existência talvez, um antecipar-se para si mesmo, à procura de si mesmo … Uma
espécie de volta à casa” (Celan, Paul; Meridiano) .

Em ‘O amor vai desterrar nossos
corpos’, Vladimir Safatle (piano) tem a companhia da soprano Caroline De Comi,
uma das mais versáteis cantoras líricas brasileiras da nova geração com atuação
no repertório operístico como na música de câmara e contemporânea, e do
violinista Renan Vitoriano, atual spalla da GRU Sinfônica.

Na sequência, veio o segundo
movimento de ‘Três peças para gestos ao piano’ em interpretação solo de
Safatle, que comenta: “A escrita para piano sempre procurou produzir
corpos, estabelecer a velocidade dos gestos dos braços, a intensidade do toque
dos dedos, as passagens das mãos, interferir na respiração. Há um corpo
expressivo que nasce com o piano. Esse corpo precisa, hoje, não temer se
descompor, desfibrar-se, como a forma suprema de sua expressão”. Quem
acessa o Sesc Digital ou as plataformas de streaming também tem acesso ao
terceiro movimento de ‘Três peças para gestos ao piano’ . (Especial para O Hoje)

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