Caiado posiciona peças e amplia espaços para reeleição em 2022
Governo entra agora em fase decisiva do mandato para confirmar o favoritismo na reeleição | Foto: Ilustração/Takeshi Gondo
Rubens Salomão
O “processo natural” apontado pelo então recém empossado governador Ronaldo Caiado (DEM), quando perguntado por este jornalista em janeiro de 2019 sobre a construção de uma base política, depois da vitória com apenas 14 prefeitos em 2018, se tornou real nas eleições municipais de 2020 e se consolida nos primeiros passos do democrata em 2021. Mas não é automático.
O governo entra agora na fase decisiva do mandato, em que, para confirmar o favoritismo na reeleição, deve, além de superar os desafios da herança deixada pelos tucanos em 2019 e a adaptação ao mundo de pandemia em 2020, mostrar resultados palpáveis nas principais regiões do estado – e Caiado sabe disso. Os resultados da administração, com investimentos em Infraestrutura, Segurança Pública e a regionalização da Saúde, serão fundamentos da base governista, ainda em construção.
Depois de tomar a frente de articulações em janeiro, com aproximação a prefeitos, partidos e grupos políticos, Caiado agora tem foco administrativo no combate à segunda onda da pandemia de covid-19 e os articuladores palacianos perceberam que o momento não é adequado para antecipar alianças ou até formação da chapa majoritária para a eleição do próximo ano. Assim, segue pausada a conversa com o PSD, de Vilmar Rocha, Vanderlan Cardoso e, agora, Henrique Meirelles.
Além disso, os sinais de que uma reconciliação com o PP poderia ocorrer ficaram restritos a emissários e não houve avanço de um centímetro sequer na relação com o ex-deputado federal e presidente do partido, Alexandre Baldy. Houve tentativas lideradas por membros da direção nacional do PP, principalmente bolsonaristas, e também pelo prefeito de Anápolis, Roberto Naves (PP), mas simplesmente não existe iniciativa para uma conversa por parte do governo, enquanto que Baldy prefere manter a distância depois da crise gerada antes da eleição para presidência da Câmara dos Deputados.
O governador chegou a afirmar, sobre a relação com o PP, que estaria disposto a conversar com todos que peçam agenda de reunião no palácio. Só que a reunião nunca foi marcada. “Está tudo daquele jeito: você não me liga e eu não te telefono”, brinca um palaciano ouvido. A distância mantém o Progressistas, que é o segundo maior partido em número de prefeitos em Goiás, fora da base e com sondagens para se aproximar de partidos da oposição, principalmente MDB e PSDB. Tudo, na prática, avançará quanto mais 2022 se aproximar.
O rompimento entre Caiado e o PP ocorreu quando Alexandre Baldy cobrouposição pública do governador em apoio ao candidato bolsonarista, Arthur Lira, na eleição à presidência da Câmara Federal. A crise deixou feridas profundas que continuam abertas. Publicamente, Caiado se manteve neutro até o fim do processo e exonerou o irmão de Alexandre, Adriano Baldy, do cargo de Secretário de Cultura.
Reforma e base
Ainda em lento processo de análise para mudanças na equipe de primeiro escalão, o governo passou a lidar com mais assédio de partidos aliados sobre o comando da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), hoje comandada por Lúcia Vânia. Sem o PP no processo, o Republicanos passou a se movimentar e demonstra interesse.
Diante da dificuldade para antecipar alianças sólidas que justifiquem indicações na equipe, a base caiadista mantém esforços para ampliar forças pelo interior, com o gradativo processo de aglutinação de prefeitos, que são seduzidos para que se filiem ao DEM.
Além da consolidação na Região Sudoeste, historicamente caiadista, o grupo busca capilaridade no entorno do Distrito Federal, onde o marconismo luta para existir, e na Região Metropolitana de Goiânia, com destaque para a Capital. O cenário define que a reorganização de forças em Goiás gira em torno do governador.