Artesãos goianos se reinventam na pandemia
Ajuda do governo também é opção para quem não conseguiu dar continuidade aos negócios sozinho | Foto: Filha de Maria Biojoias
Nathan Sampaio
Que a pandemia do coronavírus impactou vários setores de maneira negativa não é novidade. Mas a volta por cima surpreendente de alguns segmentos inspira a lição de vida no meio do caos. Assim foi com a artesã Alda Assis, da ‘Filha de Maria Biojoias’, que encontrou mais uma oportunidade no meio digital, ou melhor, em leilões em grupos no WhatsApp, a saída para atender e atrair mais clientes como mais uma opção de vendas de acessórios sustentáveis para seu público.
A artesã, capacitada com o apoio do Sebrae Goiás, Alda possui destaque internacional com peças sustentáveis únicas e exclusivas, usando como matéria prima produtos descartados pelo meio ambiente, inclusive do cerrado goiano. São sementes, pedras, madeiras, chifres, ossos, escamas de peixes e outros itens oriundos da natureza. Seu trabalho chegou a ser mostrado no programa global Mais Você, apresentado pela Ana Maria Braga.
A ideia do leilão virtual se deu pelo difícil momento imposto pela pandemia, com muitos clientes em dificuldade de adquirir suas peças, o que impactou na queda das vendas. A inovação veio de uma parceria com a Angels Secret Consulting, empresa de consultoria emergente no cenário internacional que atende empreendedores para o desenvolvimento, que formatou um projeto que permitisse maior visibilidade das peças e, ao mesmo tempo, proporcionasse uma maneira divertida de integração com sua clientela.
Atualmente os leilões funcionam de segunda-feira à sábado, das 18 às 21 horas, com o total de 12 peças leiloadas ao dia, entre colares, brincos, pulseiras, braceletes e anéis. Os itens que não são arrematados podem voltar para uma possível repescagem. As vagas são limitadas, de 276 participantes em cada grupo e, caso haja uma demanda maior, é possível criar uma nova equipe operacional para dar continuidade e atendimento personalizado aos clientes. Para participar dos grupos de leilões, basta entrar em contato direto com a artesã Alda Assis para realizar o cadastro ou fila de espera.
Alda pode ser encontrada aos domingos, já que sua presença é certa na banca 33 da Feira do Cerrado. Suas produções também estão disponíveis na Casa do Turismo e na cidade de Olhos d’Água, em parceria com o artista Beto, tecelão local. É possível ainda encontrar os produtos artesanais de Alda no site www.filhasdemariabiojoias.com.br e perfis no Instagram e no Facebook. Em breve será possível também conferir suas habilidades em personagens de novelas da telinha de TV.
Outro artesão que conseguiu se reinventar, Vinícius Guará, produz macramê, técnica de tecelagem manual, e também começou a apostar no ambiente virtual. Vinicius, que é tarólogo e artesão, apesar de ser goiano, se mudou para o litoral paulista graças às possibilidades do trabalho online e focou em realizar seu trabalho.
A ideia do macramê, segundo Vinícius, veio de uma forma corriqueira.“Eu aprendi o macramê por conta própria, e estava fazendo algumas peças para usar em casa, quando tivemos a ideia de que isso poderia ser uma forma nova de negócio. Agora, este trabalho, que tem tido uma boa procura, se tornou uma fonte de renda”, conta Vinícius, acrescentando que, futuramente, prevê criar parcerias com outros artesãos, transformando o Estúdio Guará, que está no Instagram, em uma loja online.
Tutoriais online para auxiliar
Para ajudar quem teve e tem dificuldades de tocar o negócio, após a crise causada pela pandemia, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), divulgou no início do mês o canal da pasta no YouTube, dois vídeos tutoriais para auxiliar os artistas que receberam seus benefícios para executarem projetos pela Lei Aldir Blanc, que também inclui artesãos.
Um dos vídeos será específico para o edital I, destinado a projetos de “premiação de produtos culturais” e outro para os editais II e III, que contemplam vídeos e oficinas on-line. Um terceiro vídeo, sobre a prestação de contas, está programado para ser divulgado no início do mês de março.
O material dará um importante suporte, pois a própria Lei Aldir Blanc prevê que é preciso seguir o que estiver descrito em cada edital em relação às entregas e divulgação dos projetos. Os beneficiados pelo edital I, por exemplo, que precisarão entregar seus produtos culturais (obras de arte, peças de artesanato, escritos literários) para instituições, deverão fazer um termo de recebimento simples informando o nome do artista e título da obra, além de especificar que se trata de projeto aprovado pela Lei Aldir Blanc. Essa documentação deverá conter os logos do Estado de Goiás e do governo federal.