Venda de materiais de reparos domiciliares cresce na pandemia
Reparos e reformas domésticas trouxeram resultados positivos para o setor | Foto: Reprodução
Igor Afonso
A pandemia de Covid-19 afetou a vida dos brasileiros de
inúmeras formas, principalmente, no que diz respeito ao que acontece dentro de
casa. Com grande parte da população trabalhando em sistema home office ou de
forma híbrida, o investimento em reformas também registrou uma alta, visto que
houve uma busca maior por adaptações nas residências para torná-las mais
confortáveis e funcionais.
As tendências das reformas dentro de casa trouxeram uma
nova perspectiva de mercado. Segundo o Diretor Central de Compras da Leroy
Merlin, Adriano Galoro, os primeiros meses de pandemia foram ao mais
expressivos nas vendas de materiais de pequenos reparos. “No começo da pandemia
vimos um aumento da venda de itens como tintas e de pequenos reparos. Depois
pudemos reparar em uma maior demanda por produtos da gama ‘Faça você mesmo’, as
pessoas passaram a querer inovar e ocupar o tempo com melhorias para casa”,
pontuou.
“A pandemia reforçou bastante as atividades ligadas a
casa, pois, as pessoas que passaram a ficar mais tempo em seus lares sentiram
uma necessidade de torná-los lugares ainda mais funcionais e que pudessem ser
utilizados de diversas maneiras. Foi natural que algumas coisas, que
incomodavam as pessoas dentro de casa, passassem a ser ainda mais notadas e o
desejo de mudá-las crescesse, por isso, muita gente fez alterações em suas
residências desde março do ano passado, e vários deles arriscaram projetos de
faça você mesmo”, enfatiza o diretor.
Houve um crescimento também, na venda de materiais para
reformas. Eduardo Marra, subgerente comercial da Pinheiro Ferragens, avalia que
com as pessoas passando mais tempo em casa, houve uma demanda grande na busca
por materiais de construção pois “as pessoas viram a necessidade de aumentar o
conforto ou, até mesmo, de antecipar aquela obra que as vezes nem estava
programada no momento”. “As vendas aumentaram muito, esses materiais como o
vergalhão, a malha para piso e até mesmo os materiais de serralheria, para
reparo ou fabricação de um portão ou telhado colonial, cresceu bastante”,
ressalta.
Na empresa, foi constatado que o maior movimento foi
registrado entre setembro e outubro de 2020. De acordo com Eduardo, houve um
aumento de 40% nesses meses quando comparados aos meses anteriores do mesmo ano
e em 2021, a empresa constatou que a performance de 40% a mais nas vendas,
continua.
Em outra perspectiva, o país fechou 2020 com um dos
melhores resultados de vendas no mercado imobiliário dos últimos anos. Esse
retorno positivo foi desencadeado pelos juros baixos para financiamento junto
com a queda no rendimento de aplicações financeiras. Como resultado, houve o
disparo nas buscas por terrenos durante a pandemia, consequentemente, o número
de construções de residências também subiu.
“As moradias estão sendo mais valorizadas e isso é
muito bom. Tivemos uma ressignificação do que é ter uma casa própria. Agora,
vemos que a busca por um espaço amplo tem sido um pré-requisito bastante
procurado por uma parcela significativa da sociedade”, comenta Janine
Brito, CEO da Pinheiro Ferragens, empresa referência em Brasília para materiais
de construção.
Esse incremento imobiliário, refletiu na alta da
construção civil logo no início deste ano. De acordo com os dados apresentados
pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o segmento de materiais de construção é um dos que mais
cresce desde março de 2020, com uma variação positiva de 24,1%.
Geração de emprego
Os resultados do setor não foram positivos somente para
as empresas do ramo, mas para quem estava desempregado e em busca de uma
oportunidade. “Nosso setor visualiza um crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) de 4%. É um momento positivo e que, além de gerar moradias, também
proporciona empregos para a população”, pontua Janine.
Segundo o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou que a construção civil
contratou 157.881 mil de janeiro a novembro de 2020. O setor foi considerado o
segmento que mais gerou vagas formais de trabalho. (Especial para O Hoje)