Quem são as pessoas do centro político?
No Brasil, o “centrão” aparece quando a esquerda e direita começam a perder forças. Confira a segunda parte da reportagem especial sobre posicionamentos políticos | Foto: reprodução
Augusto Pereira
Na matéria do último domingo (28/02) discutimos sobre quando as pessoas se dividiram entre direita e esquerda. A partir da contextualização histórica, descobrimos que estes jargões políticos se originaram da divisão de cadeiras da Assembleia Constituinte Francesa, em agosto de 1789. Para sermos democráticos, vamos retomar a análise para também entender sobre as pessoas que não se situam em um desses polos políticos.
Entre o preto e o branco, existe o cinza, logo, entre a direita e à esquerda, há a política de centro. Uma pesquisa sobre identidade política, realizada pelo cientista, Pierre Brechon, pediu para que os entrevistados se classificassem politicamente em uma escala de 0 (extrema esquerda) a 10 (extrema direita). O resultado foi que “a média dos participantes se situa na posição 5”, ou seja, no meio entre os extremos.
Com isso, não poderíamos excluir essas pessoas da nossa análise. A professora e mestra em história, Mohana Ribeiro, explica que o centro político também já era percebido durante a Revolução Francesa. “Eram aqueles que não se alinhavam nem aos Girondinos (à direita) e nem aos Jacobinos (à esquerda) e eram chamados na época de “Planície”, “Pântano” e até mesmo de “sapos”, como preferia Jean-Paul Marat”, conta.
O cientista político, Guilherme Carvalho, destaca que o centro político pode ser interpretado como “estar em cima do muro”. “Entretanto, ele vai aparecer para ajustar consensos históricos ou para esfriar processos políticos muito inconciliáveis. São figuras conciliadoras e aparecem para diminuir tensões e atender ambos os lados. Ele aparece quando os extremos começam a perder forças”, afirma.
“O centro está teoricamente no meio, tendo uma postura mais moderada, podendo apoiar tanto ideias de direita quanto de esquerda, dependendo de cada situação, o centro tende a apreciar as negociações e não se engaja de forma definida a nenhuma ideologia”, ressalta Mohana. No Brasil, essas pessoas são chamadas pejorativamente de “centrão” ou “isentões” devido à polarização política.
Com isso, entendemos que as pessoas situadas à esquerda políticas possuem ideias mais progressistas ao defenderem a superação das desigualdades sociais. Aqueles à direita são mais conservadores e são normativos para as hierarquias sociais. O centro político é mais líquido, podendo fluir entre ambos ideais dependendo da situação.
Entretanto, vale ressaltar a importância de estar aberto ao diálogo. “A Revolução Francesa também trouxe os ideais de liberdade individual e de imprensa”, afirma Mohana. É direito de todas as pessoas exporem seus valores e ideias de forma segura e pública e também é dever de todos respeitar. O diálogo abre caminho para a combinação de ideias e, consequentemente, para uma sociedade mais igualitária, justa e melhor para todos os lados.
A parte 1, “Quando as pessoas se dividiram entre direita e esquerda?” pode ser lida por aqui.