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domingo, 24 de novembro de 2024
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Coluna econômica

Exportação cai, compra de energia dispara e Goiás acumula déficit

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Terça-feira (9/3) | Foto: Reprodução

Postado em 9 de março de 2021 por Sheyla Sousa
Alta das commodities evita tombo mais severo na exportação goiana
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga

A
queda das exportações goianas, acentuada em fevereiro, e o salto nas
importações de energia levaram o Estado a acumular déficit de US$ 194,698
milhões em sua balança comercial nos primeiros dois meses deste ano, diante de
superávit de US$ 222,689 milhões em igual período do ano passado, conforme dados
do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. As vendas externas,
puxadas pelo tombo nas exportações de soja em grão, sobretudo para a China,
sofreram baixa de 8,8% entre o primeiro bimestre de 2020 e igual período deste
ano, saindo de US$ 810,679 milhões para US$ 739,548 milhões.

Mas
a redução das exportações, isoladamente, não seria suficiente para tornar
negativo o saldo comercial do Estado, especialmente quando se considera o
tamanho historicamente reduzido das compras realizadas por Goiás no exterior. A
troca de sinais na balança comercial, de positivo para negativo, neste ano,
esteve relacionada ao salto observado para as importações, que aumentaram
praticamente 59,0% naquela mesma comparação, avançando de US$ 587,991 milhões
para US$ 934,246 milhões (ou seja, US$ 346,255 milhões a mais).

Numa
avaliação menos cautelosa, o incremento vigoroso das importações poderia
sugerir uma reação mais intensa da atividade econômica no Estado. Mas o exame
mais detalhado não parece dar sustentação àquele tipo de conclusão. O
crescimento veio principalmente da disparada na compra pelo Estado de energia
importada, que aumentou nada mais, nada menos do que 13.167%. Uma parte do
salto explica-se pelo fato de a base para comparação ser muito baixa. Os
números do ministério mostram que Goiás gastou US$ 358,683 milhões com a importação
de energia na soma entre janeiro e fevereiro deste ano, o que se compara com
apenas US$ 2,704 milhões no mesmo intervalo de 2020. O acréscimo, neste caso,
foi de US$ 355,979 milhões, superando a variação observada para o total das
importações.

Sem energia

Se
excluídos os gastos com energia, as importações realizadas por todo o restante
da economia goiana sofreram recuo de 1,66% no primeiro bimestre deste ano,
saindo de US$ 585,287 milhões no ano passado para US$ 575,563 milhões. Neste
caso, o saldo na balança comercial teria se mantido em terreno positivo, pois,
excluídos os gastos com energia, o Estado teria cumulado superávit de US$
163,985 milhões nos dois meses iniciais deste ano. Como as exportações caíram
com intensidade muito maior, no entanto, não teria sido possível evitar um
tombo no saldo comercial. Comparado aos mesmos dois meses de 2020, quando o
saldo havia sido de US$ 225,392 milhões, ainda sem incluir a energia na conta
das importações, o superávit teria desabado 27,2%.

Balanço

Entre
os principais itens importados, as compras de produtos farmacêuticos sofreram
baixa de 9,3% frente aos primeiros dois meses de 2020, baixando de US$ 202,742
milhões para US$ 183,915 milhões. Parte desse recuo pode ser explicada pela
interrupção da produção e quebra temporária das cadeias globais de suprimento
de insumos para o setor. Esses fatores estiveram também por trás da retração de
2,7% acumulada pela fabricação no Estado de produtos farmoquímicos e
farmacêuticos ao longo do ano passado, com tombo de 17,6% apenas em dezembro
(comparado a igual mês de 2019).

As
importações de automóveis, tratores e outros veículos,
suas partes e acessórios, da mesma forma, despencaram 22,7%, de US$ 73,343
milhões para US$ 56,708 milhões. O desempenho parece sugerir que a produção de
veículos no Estado continuam em baixa, depois de experimentar um tombo de 33,8%
em 2020.

As
compras de caldeiras, máquinas e aparelhos mecânicos, da mesma forma, caíram
quase 29,6%, de US$ 59,404 milhões para US$ 41,816 milhões. Para compensar,
movidas pelo plantio da safra, as importações de adubos e fertilizantes subiram
31,2% no acumulado nos dois primeiros meses deste ano, frente ao mesmo bimestre
do ano passado, saltando de US$ 94,345 milhões para US$ 123,816 milhões.

O
comportamento das vendas externas em janeiro e mais especialmente em fevereiro,
quando a velocidade das quedas sofreu aceleração mais intensa, ressalta os
riscos envolvidos na grande dependência de Goiás (e de todo o País, na verdade)
em relação ao apetite por importações da economia chinesa.

Ainda
que a atividade econômica no país asiático tenha se mantido em crescimento, as
compras de produtos goianos, sobretudo de soja em grão, baixaram fortemente
neste começo de ano. No total, as exportações goianas para a China encolheram
27,3% no primeiro bimestre, encolhendo de US$ 277,094 milhões em 2020 (34,2%
das vendas externas totais do Estado) para US$ 201,453 milhões (27,2% do total
exportado).

As
importações de produtos chineses cresceram 37,1% em relação aos dois meses
iniciais de 2020, passando de US$ 68,569 milhões para US$ 94,020 milhões
(apenas 10,0% do total importado por Goiás). Esse comportamento levou a uma
redução de 48,5% no saldo comercial entre Goiás e a China, com o saldo a favor
do Estado despencando de US$ 208,525 milhões (93,6% do superávit total
acumulado no primeiro bimestre de 2020) para US$ 107,433 milhões.

As
exportações de soja em grão de Goiás para o mercado chinês sofreram baixa de
63,1%, saindo de quase US$ 131,210 milhões para US$ 48,465 milhões. Ainda assim,
a China respondeu por 92,7% das receitas cambiais totais obtidas pelo Estado
com a venda do grão. A baixa foi mais expressiva em volume, num tombo de 67,3%
(de 371,842 mil para 121,572 mil toneladas).

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