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sábado, 23 de novembro de 2024
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Coluna econômica

BC projeta recuo de 1,1% para o PIB em Goiás no ano passado

Confira a coluna Econômica, por Lauro Veiga, desta Sexta-feira (19/3) | Foto: Reprodução

Postado em 19 de março de 2021 por Sheyla Sousa
BC projeta recuo de 1
Confira a coluna Econômica

Lauro Veiga

A
reação esporádica e pontual observa nos dois trimestres finais do ano passado
não conseguiu reverter integramente as perdas causadas pela pandemia nos
trimestres imediatamente anteriores em Goiás, segundo projeções realizadas pela
autoridade monetária com base no seu Índice de Atividade Econômica do Banco
Central Regional (IBCR). Numa estimativa preliminar, o Banco Central (BC)
passou a estimar um recuo de 1,1% para a economia goiana no ano passado, depois
do avanço de 2,5% em 2019, na estimativa da instituição. O desempenho teria
sido inferior ao resultado estimado para todo o Centro-Oeste, ainda que o dado
indique mais uma estagnação do que um crescimento – a variação estimada ficou
limitada a 0,2%.

A
prevalecer o padrão considerado pelo BC para todas as regiões, o Produto
Interno Bruto (PIB) goiano deverá ter experimentado seu pior momento no segundo
trimestre de 2020, depois de algum avanço no trimestre inicial do ano passado.
Os dados trimestrais para o Estado ainda não foram abertos pelo BC. Mas, na
média do Centro-Oeste, a economia registrou leve incremento de 0,6% no primeiro
trimestre e caiu 2,8% nos três meses seguintes, desempenho comparativamente
melhor do que nas demais regiões. No Norte e Nordeste, a queda chegou a 4,9% e
a 5,6% respectivamente, com baixas de 6,8% e de 6,1% para as economias do
Sudeste e do Sul, pela ordem (sempre na comparação entre o segundo trimestre de
2020 e o trimestre imediatamente anterior).

Nos
dois trimestres seguintes, o IBCR sugere recuperação quando se considera a base
muito reduzida para comparação, tendência de resto observada igualmente para o
PIB consolidado de todo o País. Os destaques foram para o Norte e o Sul, com
saltos de 7,7% e de 6,9%, seguidas pela alta de 6,5% no Sudeste e de 4,5% no
Nordeste. Para o Centro-Oeste, que havia experimentado queda menos drástica, a
variação teria se limitado a 1,3% no terceiro trimestre. Mas, no trimestre
final de 2020, ao contrário das outras economias regionais, o IBCR da região
apresentou variação ligeiramente mais intensa, crescendo 2,1%. A tônica para as
outras regiões foi a de moderação no ritmo de crescimento. Pela ordem, as
economias do Norte, Nordeste, Sudeste e Sul teriam anotado variação de 0,7%, de
1,8%, de 2,6% e de 2,5% – bem aquém das taxas registradas no trimestre
anterior.

Grãos e carnes

Na
avaliação do BC, o desempenho da atividade econômica no Centro-Oeste
“repercutiu a combinação de sua estrutura produtiva (muito concentrada no setor
de produção de grãos, carnes e na indústria de alimentos) com a safra recorde
de grãos (especialmente no Mato Grosso, que responde por 28,0% da produção
brasileira) e as cotações das commodities, em especial soja e carnes, que
impulsionaram as vendas externas”. Sempre de acordo com o BC, a atividade
econômica na região foi favorecida ainda, além da safra recorde, pelo
crescimento observado na indústria de alimentos, que participa com mais da
metade na formação do valor da transformação industrial na região, e ainda
“pelas altas no varejo e nos serviços de transportes” (segmento também
beneficiado pela colheita histórica, o que ajudou a movimentar o mercado de
cargas agrícolas).

Balanço

A
economia como um todo no Centro-Oeste recebeu ainda o impulso das “atividades
relacionadas com o setor primário e com o beneficiamento e distribuição desses
produtos”, que “possuem pesos significativos na estrutura produtiva” local.
Consideradas essenciais, aqueles segmentos não “sofreram restrições ao
funcionamento e explicam, em parte, a retração relativamente pequena ocorrida
no segundo trimestre”.

Numa
análise mais geral, o BC sugere que os impactos gerados pela pandemia e pelas
medidas de afastamento social, no ano passado, teriam sido parcialmente
compensados pelos programas governamentais de recomposição de renda, incluindo
o pagamento do auxílio emergencial entre abril e dezembro (ainda que em valores
decrescentes a partir de setembro) e as linhas de crédito criadas para apoiar
empresas de pequeno porte e autônomos.

Aqueles
programas, considera ainda o mesmo BC, tiveram impacto principalmente sobre o
setor de bens, enquanto as atividades de serviços, sobretudo aqueles prestados
às famílias, foram mais penalizadas pela redução da demanda e pelo
distanciamento social, “com desempenho relativamente mais positivo apenas no
último trimestre do ano”. A tendência de desaquecimento foi registrada mais uma
vez em janeiro deste ano, embora o boletim regional do BC ainda não tenha feito
menção aos dados deste começo de 2021.

Os
impactos dos programas federais de transferência de renda para o setor privado,
“aliados ao aumento da mobilidade, favoreceram o forte crescimento da economia
no terceiro trimestre”, considera o BC. Se a mesma lógica for aplicada ao
começo deste ano, quando as medidas de socorro a desempregados, informais e
pequenos empresários foram suspensas, num momento em que se iniciava a curva de
piora da pandemia, pode-se antecipar retração da atividade econômica no período
e um aumento nos dados já indecorosos de miséria e pobreza no País.

As
filas de pessoas em busca de alimentos em instituições de assistência e
caridade são até aqui o retrato mais evidente dessa piora nos indicadores
sociais, inteiramente associada ao avanço descontrolado dos casos de contágio e
de morte e à alienação destruidora do desgoverno que tomou conta de Brasília.
Não fosse essa alienação, o governo e sua equipe econômica já teriam ampliado a
vigência dos programas de socorro humanitário (afinal, a pandemia jamais deu
mostras de recuar de fato).

De
volta à vaca fria, os indicadores estimados pelo Banco Central (BC) mostram
que, além do Centro-Oeste, a economia no Norte do País também não caiu – muito
embora tenha registado elevação de apenas 0,4%, puxada pelo Pará (+1,7%) em
função da produção de minérios. No Amazonas, Estado mais penalizado pela
pandemia em 2020, a previsão é de queda de 2,8%. Nordeste e Sul surgem com os
piores indicadores, ambos em queda de 2,1%. A economia do Sudeste, na versão do
BC, encolheu 1,3%.

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