Visita de Cruz a Iris não diminui suspeita sobre irregularidades em obras
Ex-secretários emedebistas fomentam notícias sobre devassa na gestão passada e levam o prefeito agir para tentar esvaziar a crise anunciada | Foto: Reprodução
José Luiz Bittencourt
A visita do prefeito de Goiânia Rogério Cruz ao seu antecessor Iris Rezende, nesta quarta, 7, não resolve a crise instalada com a auditoria e questionamentos levantados pela
atual gestão a propósito de
atos praticados pela administração anterior.
Cruz foi atrás do ex-prefeito
ao perceber que os ex-secretários do MDB,liderados pelo presidente estadual do partido Daniel Vilela desenvolviam uma
campanha de intrigas ao apontar projetos tocados pelo paço
municipal sob o comando de iris
como alvo de dúvidas sobre a
sua correção e até mesmo como
objeto de uma devassa para
comprovar corrupção.
O item principal desse cardápio de insinuações maldosas
é o milionário negócio fechado
com empreiteiras nordestinas
para o recapeamento de ruas e
avenidas em Goiânia, hoje a
obra pública de maior valor no
estado – quase R$ 800 milhões,
a partir de um empréstimo levantado junto a Caixa econômica Federal.
Alguma desconfiança sobre essa operação surgiu na
prefeitura depois que Rogério
Cruz assumiu. ele não demorou 90 dias para decretar a
suspensão do contrato, mesmo
com o risco de deixar vias públicas com o asfalto antigo arrancado e incomodar a população, como está acontecendo.
Cruz assinou um decreto
paralisando a execução do recapeamento e determinando a
passagem de um pente fino
atrás de irregularidades. Foi
mais longe e deu declarações
em alto e bom som, afirmando
que não compactua com desvios de recursos e que, doa a
quem doer, as investigações
seguirão adiante.
Os emedebistas, que não
são bobos, trataram de aproveitar a deixa para tentar arrastar iris para dividir o infortúnio que vivem, depois de
desalojados sem dó nem piedade das generosas fatias de
poder que haviam assumido
com o início do mandato de
um vice atordoado pela sua
promoção a prefeito e sem experiência e conhecimento para
avaliar o real impacto da morte do titular – habilmente explorada pelo filho e herdeiro Daniel Vilela para ocupar todos
os espaços disponíveis no alto
do Park Lozandes.
A romaria de Rogério Cruz
ao escritório do velho cacique
emedebista, para apaziguar
os ânimos e evidenciar boas
intenções, teve na verdade a
finalidade de ganhar tempo,
empurrando para uma data
futura que ninguém sabe
quando virá o momento em
que iris vai desabafar e lamentar os rumos tomados
pelo seu sucessor – assim
como fez com o petista paulo
Garcia, quando se desculpou por tê-lo escolhido como vice
e por pedir votos para ele na
campanha da reeleição.
Como não apoiou explicitamente Maguito Vilela, o ex-prefeito, obviamente,também não
referendou seu companheiro
de chapa. mas, lá atrás,iris disse que se preocupava com
quem viesse a ocupar a prefeitura, depois de considerar ter
feito um trabalho de saneamento financeiro e recuperação
administrativo que não poderia
ser jogado pelo ralo.
Imaginem só, leitoras e leitores, uma manifestação do
ex-prefeito, agora, dizendo que
os seus piores temores acabaram se concretizando. e que Rogério Cruz está traindo o
compromisso de Maguito de
dar continuidade às obras que
deixou, confirmando ainda que
ele não tem capacidade para liderar a gestão de uma metrópole de 1,5 milhão de habitantes como Goiânia.
Isso jogaria o prefeito em
um buraco fundo, do qual dificilmente conseguiria sair até o
fim do seu mandato – já que
não foi eleito para o cargo, o que
gera automaticamente incertezas e descrédito quanto ao seu
preparo e conhecimento para
chefiar o paço municipal. Foi
para evitar esse momento, ou
adiá-lo, que Cruz foi bater na
porta do decano da política estadual. mas quem conhece iris
sabe que esse dia vai chegar.
(Especial para O Hoje)