Motoristas não descartam novas paralisações no transporte
Categoria espera ser incluída no grupo prioritário | Foto: Wesley Costa
Maiara Dal Bosco
A reivindicação pela vacinação dos motoristas na ativa contra a Covid-19 motivou a paralisação da categoria na manhã de sexta-feira (09), em Goiânia. Na ação, cerca de 120 veículos do Eixo Anhanguera ficaram parados na garagem. De acordo com o Sindicato Intermunicipal de Trabalhadores no Transporte Coletivo Urbano de Goiânia (Sindicoletivo), atualmente há, aproximadamente 3500 trabalhadores na ativa, entre motoristas e equipe de apoio. Desde o início da pandemia, já foi registrada a contaminação de 300 trabalhadores, com 26 óbitos de motoristas do transporte coletivo, sendo 21 de variadas empresas e cinco são da RedeMob Consórcio.
O Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região, decidiu pela ilegalidade da greve a partir da Ação Declaratória ingressada pelo SET. A decisão é do desembargador Geraldo Rodrigues do Nascimento, que determinou ainda multa diária de R$ 50 mil, a incidir no caso de descumprimento. “Não se pode olvidar que é potencialmente grave o dano que eventual paralisação total do transporte público coletivo pode causar à coletividade, principalmente no atual momento de grave crise econômica causada pela pandemia decorrente da Covid-19”, argumentou o desembargador, na decisão.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (SET) também se manifestou contrário à paralisação. “A paralisação do serviço não é a solução, pelo contrário, trata-se de uma ação ruim para toda a população na Região Metropolitana de Goiânia. O Eixo Anhanguera parado prejudica cerca de 40 mil pessoas. É uma irresponsabilidade o que está sendo feita pelo sindicato dos trabalhadores neste momento do ponto mais crítico da pandemia”, afirmou o vice-presidente do SET, Alessandro Moura.
Segundo ele, os setores de saúde e alimentação, que correspondem a 55% de todos clientes que fizeram o cadastro no Embarque Prioritário estão sendo os mais prejudicados com essa greve, que se configura como totalmente política, uma vez que apenas a Metrobus paralisou as atividades, liderados por colegas de empresa membros do Sindicoletivo.
Espera por medidas
Segundo o presidente do Sindicoletivo, Sérgio Reis de Araújo, não há expectativa de nova paralisação. Entretanto, a categoria espera que medidas sejam tomadas. “Sobre paralisação, sempre comunicamos antes. Esta situação poderia ter sido evitada, e embora não tenhamos uma posição sobre a data de vacinação, temos a palavra do governador de que, a partir da chegada de novos lotes de vacinas, os motoristas começarão a ser imunizados”, afirmou.
Sérgio destacou ainda outro problema enfrentado pelos trabalhadores. “A questão principal é a vacina, no entanto, as máscaras que estão sendo utilizadas pelos motoristas estão sendo compradas do próprio bolso de cada trabalhador, enquanto o governo estadual tem fornecido aos usuários do transporte coletivo gratuitamente a N95. É preciso uma atitude urgente, que também inclua os trabalhadores. Estamos abertos ao diálogo, mas caso o número de óbitos e de internações comecem a aumentar, e não haja ação, não descartamos fazer novas paralisações”, pontua.
Situação no Estado
Nesta semana Goiás atingiu a marca de meio milhão de casos confirmados por Covid-19. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), são 505.671 casos confirmados da doença em território goiano, além de 420.655 casos suspeitos em investigação. A taxa de letalidade chegou a 2,5% e os óbitos já são 12.644. Outros 283 estão sendo investigados.
Com relação à vacinação, levantamento oficial realizado pela SES-GO apurou que, 592.613 pessoas já receberam a primeira dose de imunizante contra a Covid-19 em todo o Estado. Destas, 147.098 receberam a segunda dose. Até o momento, Goiás já recebeu já recebeu 1.370.130 doses de imunizantes, sendo 1.110.680 da CoronaVac e 259.450 da AstraZeneca. (Especial para O Hoje)