Especialista afirma que priorizar pessoas com HIV é ganho social
O grupo será vacinado contra a covid-19 após a etapa de imunização de idosos a partir de 60 anos | Foto: Reprodução
Augusto Sobrinho
O Ministério da Saúde inseriu, na última segunda-feira (29/3), pessoas portadoras de HIV, de 18 a 59 anos de idade, na lista de priorização da vacina contra a Covid-19. A decisão foi divulgada na nota técnica que atualiza o grupo prioritário para o Plano Nacional de Imunização. Com isso, é importante discutir os motivos que levaram a essa ampliação das prioridades da vacinação no Brasil.
As novas orientações consideram HIV/AIDS uma comorbidade e pacientes que convivem com o vírus devem ser vacinados contra o coronavírus após a etapa de imunização de idosos a partir de 60 anos. O Conecte-SUS receberá automaticamente os dados dessas pessoas. Mas, também será possível comprovar a condição apresentando relatório médico, exames, receitas de antirretrovirais e prescrição médica.
Segundo o ministério, há “novas evidências científicas” que apontam riscos de “desfechos negativos” neste grupo. A infectologista, Juliana Barreto, explica a condição dos pacientes que convivem com HIV. “Esta é uma doença crônica inflamatória e com potencial imunodepressor. Estas pessoas também devem ser protegidas para que não sejam expostas ao Covid-19 e tenham uma piora do quadro do HIV”, afirma.
João Silva [Nome fictício], que convive com o HIV, fala sobre ser incluído no grupo prioritário da vacinação contra a Covid-19. “Fiquei feliz, claro. Afinal, mesmo convivendo com o vírus a maioria de nós nos sentimos vulneráveis. No momento em que passamos no nosso país onde o medo assola grande parte da população em virtude de todo o cenário caótico na saúde, esse sentimento de vulnerabilidade é ainda maior”, disse.
Para ele é um “alívio” estar no grupo prioritário. “O HIV é uma doença inflamatória e a Covid-19 também tem um alto poder inflamatório. Ou seja, a inflamação pode ser potencializada pelo novo coronavírus e isso pode ser mais letal para o paciente”, ressaltou Juliana. Ela afirma que a comunidade científica e a população só terão a ganhar com a priorização desse grupo.
É importante informar que não há diferença nos efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19 para pessoas que convivem com HIV. A infectologista, Juliana Barreto, destaca que os sintomas são os mesmos, assim como todos devem continuar seguindo as medidas de prevenção. “Uso de máscara e os distanciamentos sociais evitam o contágio pelo coronavírus. A vacina vem em um momento muito importante”, concluiu.